Paulo da Vida Athos.
POEMAS E CONFLITOS
Sou filho de um momento terno entre a Terra e o Sol, amante da Vida e da Poesia e afilhado do Tempo. O Amor é meu companheiro de viagem, junto com a Indignação. Tenho ao meu lado, como guia a Liberdade. O mundo é um caminho regido pelo Destino e sustentado pela Eternidade, por onde ando e encontro pessoas e mestres e em cada dia que passa uma nova lição. Sou aquele a quem a Vida ama e que ama a Liberdade. Paulo da Vida Athos
sexta-feira, 31 de maio de 2024
Palestina e o silêncio que mata
sexta-feira, 8 de março de 2024
Dia Internacional da Mulher
domingo, 11 de fevereiro de 2024
Oração de um pescador
Oração de um pescador...
Que não se desliguem de mim, os sonhos.
Nem a liberdade.
De seguir em frente, de findar viagem,
Que mais que finda é início,
De novo sonho,
De infindas vias, de estradas mil.
Onde a realidade se mistura com a miragem...
Que não me deixem órfãos, os ideais.
De liberdade.
Que não se esmaeça em mim a saudade,
De abraçar o ontem, de me fazer aragem,
Que mais que brisa é vento,
De novo barco,
De novas velas, de mares meus
De mergulhos mil, de descobertas infindas,
Onde as águas se misturem com a viagem.
Que não se despeça de mim, o mar.
Nem o amar.
Nem o amor à liberdade.
Pois se isso acontecer,
Não mais serei o mar,
A brisa.,
O sonho,
Ou a Liberdade...
E em nada me tornarei...
*Oração feita em homenagem e para proteção de um pescador, navegante, guerreiro, sobrevivente, desses que navegam em qualquer mar, e meu grande amigo P.P.V.
(Paulo da Vida Athos)
quarta-feira, 16 de agosto de 2023
Oração para Omulu Obaluaê
Oração para Omulu Obaluaê
Pai, me curvo ao Seu amor, à Sua proteção. Ao longo de minha jornada, Pai, quantas vezes, não fosse esse amor imenso e profundo que me dedica, eu não estaria aqui.
E nessas vezes pude ver a beleza de seu rosto, a luz de seu olhar, a força de Seu amor por mim, ao me sentir abrigado sob o manto de palha da Costa que cobre Seu rosto amado.
Quantas vezes arrancou-me das mãos de Ikú, contrariando Olodumare, por achar que minha missão ainda não estava cumprida...
Foram muitas, e, sei, sempre por amor.
E hoje, em seu dia e dia em que Àiyé estremeceu com meu vagido, há setenta anos, quero mais uma vez agradecer toda proteção e todo o Amor que nunca me deixou faltar ao longo dessa minha também já longa caminhada nessa dimensão.
Inimigos, não tenho, graças à Sua divina proteção.
Energias negativas, físicas, mentais ou espirituais, nas poucas vezes me tocavam, num átimo de segundo você intervinha, me arrebatava, e me ocultava entre Suas sagradas palhas, para depois me devolver a Àiyé: mais forte, prudente e preparado.
Seu amor, Pai, me ensinou a amar, entender a dor e a alegria, a caminhar na luz sem temer as trevas, a dar ao outro apenas o que eu gostaria de receber.
Pai, nesse seu Dia, só posso dizer: obrigado!
Obrigado por ter me guiado até aqui, pois sem seu Amor e sua Sabedoria, há muito já estaria em Orum.
Obrigado por tanto Amor!
Atotô, Obaluaê! Atotô, meu Pai!
David de Oxóssi (P.R.A.D)
Paulo R. de A. DAVID
(Paulo da Vida Athos)
Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2020.
domingo, 30 de julho de 2023
Viagem
Viagem
Precisava disso, ver isso, ouvir isso, viver esse lugar. A vida é como esse vídeo, essa música, esse poema, essas imagens, nesse compasso mesmo de viagem em direção sempre do amanhã que nunca chega.
O amanhã que chega é uma ilusão que vivemos no hoje, também outra ilusão, que em segundos é ontem, num tempo sem chegança que se arrima apenas em nossos sonhos e delírios, ou na realidade dos loucos.
É viagem de ida, apenas de ida, em que vamos deixando pedacinhos de ser e levando de outros pedacinhos que comporão o que somos, porque em verdade, e única, é que somos pedacinhos de ser até nos desintegrarmos e nos transformarmos em algo ou alguém que nunca existiu, para continuar a viagem, numa viagem sem fim.
Paulo da Vida Athos.
Rio, 31 de julho de 2023.
sexta-feira, 26 de maio de 2023
Convocação
Convocação
Que a Vida urda seus dias e os borde com sonhos. Curta muito, viva intensamente, sorria, faz bem sorrir, mas se quiser chorar, chore, também faz bem, mas não esqueça de olhar o céu, o sol e as montanhas, as praias e a beleza das chuvas, de ouvir o canto dos pardais - hoje tão raros nas ruas de meu bairro - e o alarido das crianças quando em bando comemoram a saída das escolas, principalmente as dos jardins de infância (são as que mais próximas chegam dos pardais). Encante-se com as auroras, vibre com os por-do-sol, com o canto das cigarras e o desabrochar de qualquer flor. Liberte-se das mágoas, não se culpe pois você não é culpada ou culpado por ter nascido, vivido, e vir com o destino traçado. Lance fora tudo que não precisar em seu interior, viaje leve, jogue até a mochila fota. Viaje de verdade, se puder, mas se não puder, sonhe, sonhar sempre é possível e mais barato, além de ser muitas vezes um barato. Cavalgue o vento, conheça países desconhecidos ou imaginários, dance as danças que sempre achou impossível: seja um tango, o trepak ou na corda bomba feito o bêbado e o equilibrista do Blanc e João Bosco, mas dance!, faça como Zorba, dance mesmo sobre dores, sobre desafios ou tragédias, não importa! Afinal, como disse o tal grego: "é preciso um pouco de loucura para o homem ser feliz."
E ame! Amar é sempre a viajem mais bonita...
Paulo da Vida Athos
Rio de Janeiro, um dia qualquer de 2023.
quinta-feira, 6 de abril de 2023
Memória e verdade,inegociáveis
Memória e Verdade, inegociáveis.
Uma a uma vão se apagando as lembranças,
como se habitasse a vida o esquecimento,
e da terra evaporasse o sangue,
e do éter os gritos dos nossos mortos.
Porque esse silêncio?
Porquê esse descaso?
Por onde andará minha criança?
Eu quero saber!
Preciso saber para viver,
pois não saber é viver a morte.
Não aceitarei o desatino dessa incerteza,
pelo menos, não calado!
Se o destino é parado,
que espere, estou chegando.
Que se calem as gentes,
o Estado e os quartéis;
que parem as rotativas,
ou que continuem triturando
a verdade e a história,
semeando mentiras.
Que se cale a consciência
dos carrascos,
que continue calada a legião dos omissos;
que se fartem,
com o silenciar dos ais
que habitam os porões;
que esqueçam o balé
de meninos com dragões;
que se satisfaçam
com o silêncio dos canhões!
Mas, não eu! Não calarei!
Não darei aos algozes
o prazer da rendição,
que mais que isso
é conivência,
é silêncio de covarde,
e, como ele,
deve ficar insepulto,
vísceras expostas
sob a luz da verdade!
Não terão silêncios!
De mim não terão silêncios!
Não tenho silêncios!
Meus silêncios são habitados
por gritos de dor e clamor de vingança.
Não quero justiça!
Nunca teremos justiça.
Quero vingança!
Vingança é a justiça dos que tombam em combate.
O resto é missa e não creio em deus,
nem em padres, pastores ou diabos.
Creio na liberdade
e por ela tombei
e vi tombarem,
por ela matei
e vi torturarem.
Creio no chão em que piso,
na terra que produz,
e na exploração humana.
Creio no que vi, vejo e sinto,
e sinto que não posso parar,
que preciso gritar.
Por cada um que perdeu a voz,
por cada um que perdeu a vida,
por cada ser torturado,
por cada pessoa desaparecida,
e por cada mulher e cada homem,
que ficaram órfãos de seus filhos.
Não calarei e cavalgarei
meu grito de morte,
meu canto de guerra,
e, com meu santo guerreiro,
buscarei...
no fundo do mar,
debaixo das pedras,
nos buracos das selvas,
sob o véu da omissão,
nos fornos das fábricas,
debaixo das pontes,
no fundo dos lagos,
nos leitos dos rios,
nas lembranças perdidas,
nos arquivos dos quartéis:
até encontrar o último desaparecido,
dos campos ou das cidades.
Enquanto não for encontrado,
não haverá justiça com o passado.
Muito menos, memória e verdade!
Por Paulo da Vida Athos
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