sexta-feira, 26 de setembro de 2008

BALAS PERDIDAS ATINGEM 135 PESSOAS NO RJ EM 6 MESES

Rio teve 135 vítimas de bala perdida no primeiro semestre de 2008, diz ISP



Número de vítimas no primeiro semestre é 21% menor do que em 2007.
Capital é a região com maior número de incidência, segundo o relatório.

Cento e trinta e cinco pessoas foram vítimas de bala perdida no Rio só no primeiro semestre deste ano. O número, segundo o relatório semestral do Instituto de Segurança Pública (ISP), é 21% menor do que o registrado no mesmo período de 2007, quando 171 foram atingidas por armas de fogo no estado.

Das pessoas alvejadas neste ano, 6% morreram em decorrência dos tiros. Foram oito mortes e 127 feridos em 2008, contra 12 mortos e 150 feridos do ano passado.

Veja os locais com maiores incidências

A capital foi a região com maior incidência, com cinco vítimas fatais e 93 pessoas feridas. A região com maior número de registro foi a de Bonsucesso, no subúrbio.

Em seguida vem a Baixada Fluminense, com três mortos e 23 feridos. A região de grande Niterói e interior do estado não registraram ocorrências deste tipo no primeiro semestre de 2008, contra 6 e 5 vítimas no mesmo período de 2007.

Maiores vítimas: homens com mais de 30

Entre as vítimas fatais, o maior percentual (37,5%) registrado é de adultos com mais de 30 anos, com três mortos; já os adolescentes representam 25% (são dois no total). Entre as não-fatais, no entanto, o panorama se inverte, com os jovens com idade entre 18 a 29 anos representando com 44% do total, com 56 vítimas.

O relatório destaca o fato de os homens representarem 75% (seis casos) das vítimas fatais e 80,3% (102 pessoas) das não-fatais, quando se considera que a bala perdida constitui um evento considerado aleatório. Sobretudo, diante do fato de que a população do estado do Rio de Janeiro, segundo o IBGE, é majoritariamente feminina.

A pesquisa constatou ainda que 94 dos registros (75%) aconteceram em vias públicas e que, do total de lesões corporais ocorridas no período, 2,7% foram produzidas por arma de fogo.

Maioria não liga confronto policial à bala

De acordo com o documento, das oito mortes, em apenas uma (12,5%) foi citada ação policial próxima o local em que a a vítima foi atingidas. Entre as não-fatais, 2,4% (3 pessoas) mencionaram ter havido operação policial.

Os meses de maior incidência de vítimas fatais de balas perdidas foram janeiro e março, com três ocorrências. Do total de homicídios dolosos ocorridos de janeiro a junho deste ano, 71,0% foram produzidos com o emprego de arma de fogo.

Metodologia

Como as ocorrências criminais registradas pela autoridade de polícia não têm a categoria “bala perdida”, a pesquisa se baseou na menção à expressão contida no campo “dinâmica dos fatos”, onde o fato é detalhado, nos registros das delegacias do estado.

Assim, o relatório entendeu como vítima de bala perdida, a pessoa que não tinha nenhuma participação ou influência sobre o evento no qual houve disparo de arma de fogo, sendo, no entanto, atingida por projétil.

O documento ressalta ainda que os registros de ocorrência são afetados pela subjetividade tanto de quem relata o fato e de quem faz o registro. Portanto, podem ocorrer distorções.


Fonte G1

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O ÚLTIMO DISCURSO DE SALVADOR ALLENDE

Discurso do Presidente Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, dia do golpe de Estado que derrubou o governo da Unidade Popular e implantou a sanguinária ditadura militar comandada pelo general Pinochet:



"Seguramente, esta será a última oportunidade em que poderei dirigir-me a vocês. A Força Aérea bombardeou as antenas da Rádio Magallanes. Minhas palavras não têm amargura, mas decepção. Que sejam elas um castigo moral para quem traiu seu juramento: soldados do Chile, comandantes-em-chefe titulares, o almirante Merino, que se autodesignou comandante da Armada, e o senhor Mendoza, general rastejante que ainda ontem manifestara sua fidelidade e lealdade ao Governo, e que também se autodenominou diretor geral dos carabineros.

Diante destes fatos só me cabe dizer aos trabalhadores: Não vou renunciar! Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser ceifada definitivamente. [Eles] têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detém os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e a fazem os povos.

Trabalhadores de minha Pátria: quero agradecer-lhes a lealdade que sempre tiveram, a confiança que depositaram em um homem que foi apenas intérprete de grandes anseios de justiça, que empenhou sua palavra em que respeitaria a Constituição e a lei, e assim o fez.

Neste momento definitivo, o último em que eu poderei dirigir-me a vocês, quero que aproveitem a lição: o capital estrangeiro, o imperialismo, unidos à reação criaram o clima para que as Forças Armadas rompessem sua tradição, que lhes ensinara o general Schneider e reafirmara o comandante Araya, vítimas do mesmo setor social que hoje estará esperando com as mãos livres, reconquistar o poder para seguir defendendo seus lucros e seus privilégios.

Dirijo-me a vocês, sobretudo à mulher simples de nossa terra, à camponesa que nos acreditou, à mãe que soube de nossa preocupação com as crianças. Dirijo-me aos profissionais da Pátria, aos profissionais patriotas que continuaram trabalhando contra a sedição auspiciada pelas associações profissionais, associações classistas que também defenderam os lucros de uma sociedade capitalista. Dirijo-me à juventude, àqueles que cantaram e deram sua alegria e seu espírito de luta.

Dirijo-me ao homem do Chile, ao operário, ao camponês, ao intelectual, àqueles que serão perseguidos, porque em nosso país o fascismo está há tempos presente; nos atentados terroristas, explodindo as pontes, cortando as vias férreas, destruindo os oleodutos e os gasodutos, frente ao silêncio daqueles que tinham a obrigação de agir. Estavam comprometidos. A historia os julgará.

Seguramente a Rádio Magallanes será calada e o metal tranqüilo de minha voz não chegará mais a vocês. Não importa. Vocês continuarão a ouvi-la. Sempre estarei junto a vocês. Pelo menos minha lembrança será a de um homem digno que foi leal à Pátria. O povo deve defender-se, mas não se sacrificar. O povo não deve se deixar arrasar nem tranqüilizar, mas tampouco pode humilhar-se.

Trabalhadores de minha Pátria, tenho fé no Chile e seu destino. Superarão outros homens este momento cinzento e amargo em que a traição pretende impor-se. Saibam que, antes do que se pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

Viva o Chile! Viva o povo! Viva os trabalhadores! Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a perfídia, a covardia e a traição."

Postagens mais visitadas

Palestina e o silêncio que mata

A preocupação nunca foi com os reféns,  tampouco com o Hamass. O objetivo é o apagamento de um povo e sua cultura.  O móvel, a terra. Ao col...