Volver à esquerda.
Dificilmente a mídia será
regulada no Brasil. Os mais progressistas sabem da importância que isso
tem. Temos uma mídia que cumpre o papel
de preservar o status quo que coloca de um lado aqueles 10 por cento mais ricos
da população brasileira detêm mais de 75 por cento da riqueza do país, e de
outro os 90 por cento que vivem com apenas 25 por cento que sobra dessa conta.
Não é de se estranhar que
qualquer movimento político que vise diminuir esse abismo sofra imediatamente
um linchamento midiático. É uma ideologia.
A ideologia de dividir para enfraquecer.
O povo foi e é o alvo
primário, e, se fragilizado pela ausência de liderança firme e coesa, vira
mesmo massa de manobra. Como uma boiada
em estouro. Dividiram sim, e facilmente.
E essa estratégia, antes,
minara o próprio PT a começar pela CNB que foi atropelada por não perceber que
o princípio estava em andamento.
O PT começou a ruir, por
dentro. Não resistiu por
esfacelamento. A coesão deveria se
formar tão logo os ataques criaram o que passaram a chamar de “mensalão” e
continuou, e continua, com o que chamam de “petrolão", e não houve, como
não há, como não houve, contenção para enfrentamento dialético capaz de
demonstrar cabalmente que o discurso da corrupção era vazio em razão do próprio
combate que a colocou visível.
A mídia da elite venceu ou foi
a desunião de todos os partidos progressistas que forjou a derrota?
Os mais fundamentalistas, tal
como os que sofrem de ligeireza de espírito, dirão: -“Mas, que derrota se
vencemos as eleições?!!!
Sabe de nada, inocente...
É ingenuidade, portanto,
imaginar que voluntariamente a mídia vá cumprir o papel que deveria, de
informar. Para isso as concessões
públicas são – ou deveriam ser – direcionadas.
Da mesma forma é ingenuidade
pensar que o Congresso Nacional vá votar, para regular a mídia.
Quando se fala em
financiamento público de campanha substituindo o atual sistema de financiamento
que é público-privado, é para impedir que aqueles dez por cento continue
elegendo, através do financiamento privado, os políticos que irão votar
justamente em questões que envolve diretamente os interesses dessa minoria
bilionária.
Compram o Congresso Nacional,
elegendo com o financiamento privado os deputados federais e senadores que
votarão contra a regulação da mídia, e contra a reforma política que poderia
mudar isso implantando o financiamento apenas público, e contra a taxação das
grandes fortunas que impediria o saque aos direitos dos trabalhadores como
ocorreu agora com as alterações feitas na CLT e no sistema previdenciário.
Espero pelo menos que o
governo do PT cumpra as promessas de investimento maciço na educação, a
democratização da internete – única forma de fornecer à população informação
efetiva – sem descontinuar os demais programas sociais e de investimento que
vinham tocando.
Por outro lado, os partidos
efetivamente de esquerda, os sindicatos dos trabalhadores e movimentos sociais,
precisam participar de forma mais eficaz e coesa na oposição aos atos de
governo que firam ou diminuam direitos do povo e dos trabalhadores, e apoiar de
forma também efetiva os projetos que visem justamente à área social como um
todo.
Sem trazer para o campo das
decisões o Partido da Causa Operária (PCO), a Unidade Vermelha, algumas
correntes do PSOL, como a Insurgência, ou do PT como os Movimentos Populares, a
Articulação de Esquerda e a Militância Socialista, o Partido Comunista Revolucionário
(PCR), o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), a Corrente
Socialista dos Trabalhadores (CST), o Movimento Esquerda Socialista (MES) e a
Liberdade, Socialismo e Revolução (LSR), que ficaram alijados nesses 12 anos,
que guardam muito do que o PT foi em suas raízes, vai ser difícil não entregar
para a direita o poder em 2018. Mesmo
com Lula.
Tem que gastar sola e alma.
Esse exercício não se faz em
gabinetes, mas em reuniões, em grupos de discussões, em seminários, em
comícios, nas ruas e faculdades, nas praças e no chão das fábricas, nos trens e
nas estações, nas escolas e universidades, nos guetos e nas esquinas, nas
rádios comunitárias e nas redes, esclarecendo e motivando a grande massa
popular das periferias e das comunidades, porque o povo está é nas ruas, não
nos salões e galerias.
Foi isso que, governando e
governado, o PT esqueceu de fazer.
Paulo da Vida Athos
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