A inteligência da Direita
Volta e meia recebo de algum
amigo meu, de direita, um texto que rescende ressentimento e inconformismo
contra a reeleição de Dilma ou contra o PT. São palavras geralmente agressivas em textos
de péssima qualidade, alardeando a corrupção petista, acusando a militância de
petralha, quase sempre com pelo menos uma palavra obscena, fazendo analogia a
golpe de estado ou aos golpistas de 64, ou pedindo de volta “o regime militar.”
Essas coisas me fazem lembrar
alguns textos que leio que, com relação às conclusões, tenho minhas reservas,
de que pessoas de esquerda são mais inteligentes do que pessoas de direita.
Sinceramente não vejo base
científica nisso, ademais há que se descontar, por óbvio, o agregamento do
autor aos ideais progressistas da esquerda.
No entanto, quando paro para
dissecar a verborreia não tenho como impedir um certo acomodamento intelectual
para a assentir com as conclusões apaixonadas, mas para mim sem validação
científica, mas até certo ponto
aceitáveis, de que pelo menos não são dotados de lógica ou usam de má-fé.
Como alguém pode afirmar é contra
o PT porque pensam no povo trabalhador, que são contra a corrupção, que o PT é
corrupto e Dilma e Lula comandam uma quadrilha, e pérolas tão próprias desse
naipe de gente, quando, por exemplo, são traídos por quem votaram e que votaram
favoravelmente à terceirização do mercado de trabalho? E que, mesmo sabendo disso, vão para as ruas
aplaudir seus representantes que, em seu ponto de vista cego, deveriam estar
governando a República. Inteligência?
Pensam no povo? O PT é
corrupto? Dilma e Lula comandam uma
quadrilha? Pó pará!
Deitar a verborreia numa folha de
papel, ou na internet, deixando prova e rastro da verborragia, é coisa de gente
burra mesmo, burra e que não tem vergonha de demonstrar isso.
Escrevem sem pensar. Isso me lembra o maravilhoso texto “A arte de
escrever para idiotas”, produzido pela filósofa Marcia Tiburi e por Rubens
Casara, intelectual e magistrado no Rio de Janeiro, que define bem as relações
entre os criadores desse tipo de texto e seus leitores. Não leu ainda? Está na rede.
Recomendo, disseca bem o tema.
A burrice é tanta que não
perceberam que estão fazendo o jogo da elite, são marionetes da elite.
A elite está vendendo seus postos
de trabalho, e eles vão lá, para as ruas, em cada vez menor número (por sorte
alguns tiram os antolhos), vociferar contra um governo eleito legitimamente
para pedir seu impedimento.
Isso não vai acontecer. Mais fácil é algum deles ganhar o Nobel da
paz.
A gente olha para a massa de
manobra da elite e ouve seu discurso, e percebe que eles se sentem elite, se acham
mesmo elite, se acham milionários como os Marinho, empresários como Abílio
Dinis ou os Setúbal (esses são realmente inteligentes), se consideram deles igualha, e não atinam de que são
apenas classe média, no máximo classe média alta, e que estão ali a serviço do
capital mais selvagem, tangidos pelos lacaios daqueles, tipo Jabor, Diogo
Mainard, Rodrigo Constantino, Reinaldo Azevedo, Rachel Sheherazade , William
Bonner, Miriam Leitão, todos pagos regiamente, para fazer a cabeça de idiotas e,
cá para nós, quem tem como mentor gente assim não pode ser classificado de
inteligente, é pessoa de poucas luzes no mínimo, hão de concordar.
Essa gente que está nas ruas não
pensa por conta própria. Embora de
classe média e média alta a maioria, estudou – alguns até sem muita dedicação,
creio - tem razoável cultura, mas não tem lógica, não liga uma coisa na outra.
Estão legitimando uma maioria no
congresso que está lá votando contra seus próprios interesses, bastaria isso
para demover alguém com mediana capacidade de raciocínio.
Então a gente junta isso ao que
de fato tem incomodado essa turma nos últimos 12 anos. É insuportável para eles a realidade de que
seus espaços privativos, onde faziam biquinhos na hora de ser fotografado, foi
invadida por trabalhadores de verdade.
Logo, passaram a dizer que seus
aeroportos foram tomados por “pobres”.
Pobre para eles é o assalariado e, via de consequência, como todo
trabalhador é assalariado todo trabalhador é pobre e os incomoda.
O que eles não conseguem ver: é
que também são assalariados, e que, através das medidas que estão sendo
aprovadas contra os trabalhadores, mais dia menos dia serão atingidos. Pouca gente sabe, por exemplo, que grande
número de bancários, e isso enquanto a terceirização nem foi aprovada ainda, já
é terceirizado.
E o terceirizado, além de
trabalhar mais ganha menos e tem menor número de direitos e garantias
trabalhistas, vez que a terceirização, como essência primária, tem por objetivo
minimizar o alcance das normas garantidoras da relação de trabalho contidas na
CLT e dos direitos do trabalhador.
Quando aprovada a terceirização:
hospitais, bancos, grandes empresas, escolas, universidades, redes de lojas e
de supermercados, empresas de transportes, pequenos e grandes comércios, poderão
ter relações com as terceirizadoras que venderão um produto antigo e lucrativo:
o homem e sua mão de obra, para não terem grandes riscos na hora da demissão.
Ou seja: essa é a forma atual de exploração
da mão de obra; e nela se inclui do auxiliar de limpeza ao médico.
Como considerar essa turma que
foi para as ruas, inteligente?
Odeiam pobres, odeiam
trabalhadores, mas esquecem de que são trabalhadores e que a tunda vai comer no
couro deles também.
Odeiam saber que as empregadas
domésticas agora tem direitos trabalhistas e que podem comprar o mesmo perfume
que a patroa usa.
Já nem falo naqueles que pedem “o
regime militar de volta”, porque isso é tão imbecilizado que atribuo aos
doentes ou aos de má-fé. Impossível que
nos dias de hoje exista alguém que não saiba do que aconteceu naqueles dias.
É gente que não pensa; nem sei se
é gente burra. Mas cretina é, cretina e
idiotizada.
É gente preguiçosa que prefere
que outros pensem por elas e vão repetindo que bolsa-família é “dar pão podre e
estragado”, é iludir os realmente pobres, e coisas estapafúrdias como
essas. Não sabem que, como dizia
Betinho, quem tem fome tem pressa.
Esse tipo de gente não tem esse
problema de fome. Na pior das hipóteses, é só abaixar porque eles que tem o
pescoço curto como sua inteligência, capim tem de sobra.
Mas não são burros!
Paulo da Vida Athos.
Rio de Janeiro, 13 de abril de
2015.