(1) Paulo David - Reação da classe dominante contra a esquerda no...
Reação da classe dominante contra a esquerda no Brasil
Querida amiga, boa noite. Perdoe todos os erros ortográficos e outros absurdos, pois desisti de brigar com o corretor automático. Respondo assim de forma aberta, porque inbox me sentiria numa solitária falando nesse tema. Esse não é um jogo para bispos. É jogo de cardeais. Não faz parte dele o que comumente chamamos de elite, que engloba dos que ganham 15000 a 100000 reais por mês, embora esses valores estejam a uma distância abissal do baixo clero, do assalariado, da turma que ganha até 4 salários mínimos. No Brasil, 66% ganha menos de 2500 reais e se subirmos pouco mais, 3500 reais, atingimos 86% da população. Faço esse breve apanhado para introduzir um termo muito usado: elite. Isso que chamamos de elite, que engloba genericamente quem mora na zona sul (Leblon, Ipanema, São Conrado, etc.), essa turma que bate panela nas varandas de alguns prédios de luxo e outros nem tão luxuosos assim, essa turma é massa de manobra, não apita nada, não forma opinião, alias nem tem opinião. Fazem o jogo da classe que de fato está provocando, finalmente, depois de 2 décadas de derrota para as esquerdas, um cisma político. Ela é a que chamo de classe dominante. Gente como Jorge Paulo Lemann e seus sócios, que pode desembolsar 100 bilhões - não errei, falei bilhões - para comprar a a SABMiller. Pouco mais de uma centena dessa gente detém 15% do PIB. Lemann foi definido certa feita por uma revista como um “artista que ama comprar grandes negócios e odeia custos desnecessários em empresas, incluindo pessoas”. Ele encabeça nossos bilionários que fazem parte de nossa classe dominante, que tem nomes e sobrenomes conhecidos como Marinho, Salles, Sicupira, Diniz, e é essa gente que perdeu nas 2 últimas décadas aqui pelas bandas do sul das Américas. A classe dominante é transnacional. Um seletíssimo grupo. Esse grupo de empresários manda nos governos, tanto aqui quanto nos EUA, na Grã Bretanha, na Alemanha, no Nafta, na comunidade europeia, e a gente sabe que esses interesses econômicos dos blocos colidem com os interesses de blocos progressistas. Mercosul? Que audácia é essa??? Pronto. Chegaram ao ponto de ebulição. É a coisa é tão forte que não se importaram de sacrificar alguns de seus "sócios eventuais", de menor cacife, como os odebrecht da vida, para criar um clímax político que favorecesse um golpe fatal nas esquerdas. Corrupção, (falam como se fosse o ovo de Colombo), julgamentos forjados, tribunais vendidos, mídia martelando, criada então a tal crise econômica que na verdade é crise política, crise política provocada, que levará políticos para a cadeia, como já levou alguns, que nada mais são para a classe dominante que os elege, que funcionários descartáveis "e desnecessários", usando as palavras de Lemann. Tudo muito estudado, muito articulado, atingindo os 3 países mais importantes para a esquerda na América Latina nesse momento: Argentina, Brasil e Venezuela. Argentina vem sofrendo há mais tempo que nos, a Venezuela idem. Lembra do episódio em que Hugo Chaves foi sequestrado e retirado do solo venezuelano mas tiveram que voltar quando o povo lá foi para a rua? Lembra da luta de Cristina contra o Clarin? Não era contra o Clarin. Era e é contra essa classe dominante. E ela sempre quis derrubar o PT. Lula, um carcará difícil, saiu foi como herói. Merecidamente tem a admiração do povo. A crise mundial que começou com a tal "bolha imobiliária" teve start nos EUA. Atingiu a Europa. Quem perdeu? Os Estados nacionais e o povão de cada um. Quando alguém perde, alguém ganha. Ganhou os de sempre. Ganharam os grandes banqueiros da classe dominante, uma classe sem fronteiras e sem piedade. De uma classe que lucra com guerras que chacinam crianças podemos esperar o que mais? Então, minha amiga, então estamos perdidos? Não sei. Depende daquela gente sobre a qual a classe dominante tem menos ascendência: a classe mais pobre, os deserdados de sempre, aqueles cujos pratos são mais facilmente esvaziados pelas decisões da classe dominante. Daí o ódio contra as políticas sociais que a mídia chamava de bolsa-esmola e os joguetes usando a chamada elite, se achando também classe dominante, levada a fazer o papel ridiculo e insípido de bater panelas em suas varandas. Então, respondendo suas questões, não sei onde vai parar essa história; não se tem como calar a boca de quem tem controle sobre a mídia e fala todas as noites mentiras a mais de 90 milhões de pessoas, como fazem os jornais da rede Globo (exceto usarmos a www de forma intensa e inteligente, compartilhando mais do que curtindo, pois curtir apenas é uma grande bobagem que só perde para a bobagem de não compartilhar no seu prprio perfil para desmentir os reacionários, marionetes da classe dominante que não sabem pensar), pois compartilhar é a arma que temos contra a mídia tradicional; você diz que não viu nada igual, mas na verdade 64 foi mais ou menos essa mesma história, guardadas algumas peculiaridades de cada tempo; essas pessoas "com tantos processos em cima" deverão ser julgadas um dia, ou não, mas provavelmente não haverá como hoje um tribunal nem um julgamento político, espero; tudo isso é parte de um jogo pesado para retomarem a America Latina da influência progressista. Você fala em desânimo, e é isso que o jogo deles pretende que aconteça com o povo. Que o desânimo tome conta. Que faça cair no esquecimento as conquistas sociais. Que a populaçāo que ascendeu à classes econômicas superiores esqueçam que foi nesse governo progressista; que creia na mentira repetida até que se torne verdade; que grite contra o PT, contra Dilma, contra Lula e "essa turma de comunistas que deveria ter sido morta em 64". Nem podem mandar ir para Cuba, pois o papa já foi, Obama irá, etc. e tal. Mas o povo não pode desanimar. A última vez que isso aconteceu o Brasil mergulhou 20 anos na escuridão... O passo numero um é o povo unido e esclarecido; o passo número dois é a esquerda unida. Força, minha amiga. Creio em você. Creio no povo brasileiro. Creio na vitória da esquerda. Um beijo meu e de Luce, e todo o nosso carinho e apoio. (Paulo da Vida Athos)