Pobreza
arrasta-te feito correntes reverberando tuas
lamentações
que vão batendo de porta em porta
pela ruas da cidade,
a suplicar piedade,
a expor vergonhosamente tuas chagas
regadas por lágrimas que quase não mais tens.
Tornaste-te um farrapo, dizes,
em nome do amor,
um amor inexprimível, fantástico,
jamais sentido ou devotado,
quase humanamente impossível,
não fosse, tu mesmo,
o decreto que afirma essa humanidade:
tolo, arrogante, presunçoso.
Não! Nunca destes o sentimento mais bonito!
Nunca destes, nada!
Não tens o amor.
O amor nunca se dá.
Ele não é possuído
e se nega possuir.
O amor, é.
Não és o amor.
Muito menos é o amor a pessoa amada.
O amor está,
ou pelo menos deveria estar,
em ti.
Mas, como estaria se nem por ti sentes amor?
Andas assim aos pedaços,
a vender uma alegoria em cada porta,
a envergonhar o amor nas esquinas
de teu mundo interior,
em prática de estelionato.
Não amas!
Não podes dar amor.
Não tens amor por ti
e ninguém pode dar o que não tem...
(Paulo da Vida Athos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário