quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A memória histórica como campo da luta de classes (1.ª Parte)











A memória histórica como campo da luta de classes (1.ª Parte)

Se perguntássemos para qualquer pessoa comum o que é história, ela rapidamente nos diria: É algo que trata de fatos e personagens que existiram num passado mais ou menos distante. Estes três elementos (fatos, personagens e passado), sem dúvida, entrariam em duas de cada três definições do que seria História. E, ao referir-se ao passado, pensavam-na como uma coisa morta, que nada poderia nos dizer e, muito menos, nos ensinar sobre o presente. O artigo é de Augusto Buonicore.

Por Augusto Buonicore

Publicado originalmente no site da Fundação Maurício Grabois

Não é sem razão que no interior das salas de aula a história muitas vezes foi tida como uma disciplina chata. Isto se deu especialmente devido a pouca relação estabelecida entre o que era ministrado e os problemas concretos vividos pelos alunos. Não existia qualquer convicção de que o aprendizado da história pudesse ajudá-los desvendar e, principalmente, transformar o mundo em que viviam.

O problema é que o passado do historiador não deveria ser – e não é - algo morto, como o fóssil de um dinossauro encravado numa rocha ou exposto num museu. Os fatos, como uma espécie de matéria-prima da história, não são coisas mortas que apenas devem ser coletados e colocados numa seqüência rigorosamente cronológica.

Repito, não é possível estudar uma comunidade humana e seu desenvolvimento histórico como se fosse uma colméia ou um conglomerado de rochas. Estranhamente, este passado continua vivendo e produzindo seus efeitos sobre nós e é, justamente, por isso que deve ser estudado e melhor compreendido.

No caso das ciências humanas – ao contrário das ciências naturais e exatas – não há uma muralha da China separando o objeto a ser estudado (as sociedades) e o sujeito que o estuda (o historiador, o sociólogo etc.), mesmo tratando-se do estudo de agrupamentos que viveram há milhares de anos.

Para os antigos historiadores, de tendência positivista, os fatos eram como coisas brutas. Eles estavam permanentemente atrás dos fatos puros, duros e irretorquíveis.

Contra os fatos não há argumentos, gostavam de dizer. Contudo, os fatos não falam por si mesmos, como afirma o senso comum positivista. Segundo o historiador inglês Edward Carr, “os fatos falam apenas quando o historiador os aborda: é ele quem decide quais os fatos que vem à cena e em que ordem e em que contexto”. E conclui: “A convicção num núcleo sólido de fatos históricos que existem objetiva e independentemente da interpretação do historiador é uma falácia absurda, mas que é muito difícil de ser erradicada”.

No entanto, o historiador que se propõe fazer perguntas ao passado não é um ser desencarnado, separado do mundo. Ele é membro de uma determinada sociedade, de uma determinada época, de uma determinada classe social. Ele se encaixa no interior de determinadas ideologias e perspectivas teórico-metodológicas, que, na maioria das vezes, têm um forte sentido classista. Portanto, o historiador não é neutro diante dos conflitos e dos problemas que aparecem à sua frente durante a pesquisa que realiza.

É sua situação no mundo que determina as perguntas e as escolhas cotidianas que faz. Isto, é claro, vai direcionar as respostas que ele procura encontrar. Um historiador liberal-burguês, por exemplo, jamais colocaria a questão: De onde vem a exploração do trabalho? Para ele, o conceito exploração nada teria de científico, não passaria de uma excrescência ideológica - invenção de alguns socialistas inconformados.

A história não é a simples catalogação neutra de fatos ocorridos no passado. A missão dos historiadores é relacioná-los numa totalidade concreta (processo histórico) e, principalmente, interpretá-los. E a interpretação sempre tem por base determinada teoria ou ideologia. A partir dos mesmos fatos podemos construir várias e contraditórias interpretações.

O historiador marxista tem como objetivo fornecer uma explicação coerente das origens e desenvolvimento das sociedades humanas em suas diversas dimensões. Compreender as inúmeras transformações por que elas passaram. As mudanças sociais devem ser, em última instância, os verdadeiros objetos da história.

As sociedades humanas – como tudo no universo - estão num constante movimento. Elas nascem, desenvolvem-se - conhecem várias fases – e depois fenecessem. Estas transformações podem se dar lentamente – quase imperceptíveis - ou de maneira abrupta, como ocorre nas guerras e nas explosões revolucionárias.

Mas, qual é o motor dessas permanentes mudanças? São as contradições existentes no seio de cada sociedade, que se traduzem naquilo que os marxistas chamaram de lutas de classes.

Por que os trabalhadores devem conhecer a história?

Em todas as comunidades humanas existe um combate surdo pela memória. Este combate faz parte de uma luta ainda maior que é a travada pela conquista da hegemonia. Em outras palavras, a história é um espaço no qual grupos sociais se enfrentam para decidir qual deles dirigirá os rumos da nação e mesmo do planeta.

Por isso, as classes dominantes sempre procuraram reconstruir o passado para, no presente, justificar sua própria dominação. Os líderes das nações imperialistas também buscaram se utilizar da chamada história universal para justificar a dominação e a exploração que exerciam sobre outros povos, considerados inferiores.

Vejamos alguns exemplos extremos destas tentativas: os faraós do Egito foram transformados em filhos diletos do Deus Rá, alguns governantes gregos e romanos também foram transformados em descendentes de deuses e heróis olímpicos. Para justificar a escravidão africana, os negros foram considerados descendentes de Cam, o filho amaldiçoado de Noé. Deveriam pagar, através da servidão, pelos pecados de seus antepassados. Estes são apenas exemplos mais descarados da reconstrução mítica da história feita pelos membros das classes proprietárias no poder e seus escribas. Existem outros exemplos mais sutis, menos perceptíveis, mas, nem por isso, menos perversos.

Os deserdados da terra, os povos explorados, escravizados - ou mesmo eliminados - deixaram poucos rastros na história. Os escravos do Egito, Roma e Grécia não nos deixaram nenhuma obra escrita, apresentando seu ponto de vista sobre a situação na qual viviam. Quem escreveu a história dessas sociedades antigas foram homens livres e, na sua quase totalidade, proprietários de terras e de escravos. Alguns imperadores, também, aventuraram-se no oficio de escrever história. É claro que para enaltecer os seus próprios feitos e dos seus antepassados.

No Brasil, as coisas não podiam ser diferentes. Aqui, também, não foram os índios e negros escravizados que escreveram a história do país. Afinal, a quase totalidade deles não sabia ler e escrever – era lhes proibido freqüentar escolas. O que sabemos deles, num primeiro momento, nos foram contados por viajantes estrangeiros e jesuítas. Relatos que muitas vezes descreviam o martírio desses povos, mas, em geral, vinham carregados de inúmeros preconceitos e graves incompreensões.

Somente na segunda metade do século XIX, ao começar ser questionada a escravidão, surgiu pela pena dos abolicionistas uma outra história, mais crítica ao passado escravista. Mesmo assim, apesar de sua boa vontade, os abolicionistas não poderiam expressar adequadamente as opiniões dos explorados. E aqui não vai nenhum demérito a eles. Pois, foi através dos óculos desses escritores que começamos conhecer um pouco mais da evolução e vicissitudes de nossa sociedade.

Não quero dizer com isto que se os índios e os negros escravizados soubessem ler e escrever produziriam uma interpretação exata da sociedade na qual viviam. Eles ainda não tinham o instrumental teórico necessários para isso. Mas, com certeza, seus depoimentos nos permitiram ver a realidade por outros ângulos e acabar de montar o quebra-cabeça do que foi a nossa sociedade colonial e escravista. O olhar da senzala jamais será o mesmo da Casa Grande, mesmo que por ela pudesse ser fortemente influenciado. Este, inclusive, o erro daqueles que pretendem generalizar as conclusões de Gilberto Freyre na sua obra magna.

Podemos dizer que somente com o advento do capitalismo e a formação de uma classe operária moderna, que sabia ler e escrever – podendo, assim, produzir seus próprios intelectuais orgânicos -, é que foi possível construir uma história mais coerente das classes exploradas. Apesar disso, por um bom tempo, esta nova história (socialista) tendeu a ser marginal, fora dos grandes circuitos, como as academias e o mercado editorial. Afinal, as idéias dominantes são sempre – ou quase sempre – as idéias das classes dominantes.

Somente tendo a consciência que a história é um espaço de luta de classes, os trabalhadores poderão se dedicar com mais afinco ao seu estudo e elaboração. O domínio da história e da dinâmica das sociedades em que vivem – como das experiências de resistência desenvolvidas por seus antepassados - os ajudará travar, de maneira mais conseqüente, as lutas do presente, avançando rumo ao socialismo.

Saber que as sociedades se transformam – que nada é imutável -, e que o principal instrumento dessas mudanças é a ação consciente dos homens, tem um efeito decisivo no processo de constituição da classe dos trabalhadores, como agente ativo de sua própria história.

Bibliografia

BORGES, Vavy Pacheco, O que é história, Ed. Brasiliense, SP, 1980

CARR, E. H., Que é História, Ed. Paz e Terra, RJ, 1978

CHESNEAUX, Jean, Hacemos tabla rasa del pasado? Ed. Siglo Veintiuno, México, 1991

HOBSBAWM, Eric, Sobre História, Ed. Companhia das Letras, SP, 1998

MICELI, Paulo, O Mito do Herói Nacional, Ed. Contexto, SP, 1988

PINSKY, Jaime (org), O Ensino de História e a Criação do Fato, Ed. Contexto, SP, 1988

PLEKHANOV, A Concepção Materialista da História, Ed. Paz e Terra, RJ, 1980

RODRIGUES, José Honório, Filosofia e História, Ed. Nova Fronteira, RJ, 1981

SCHAFF, Adam, História e Verdade, Martins Fontes, SP, 1983

(*) Esta é a primeira parte do texto que foi apresentado na mesa "A importância da história na formação do ser social" que compôs a programação do XX Encontro Nacional de Educadores, promovido pela Secretaria Municipal de Educação de Paulínia (SP)entre 26 e 28 de julho de 2010.

domingo, 14 de novembro de 2010

Primeiro computador pessoal da Apple vai a leilão.
















Primeiro computador pessoal da Apple vai a leilão.

Máquina deve ser vendida por cerca de meio milhão de reais.

EFE

O primeiro computador pessoal Apple-1, que Steve Jobs e Steve Wozniak construíram em uma garagem em 1976, será leiloado no próximo dia 23 de novembro pela Christie's, em Londres.

A casa de leilões informou que espera conseguir entre R$ 443 mil e R$ 665 mil (entre US$ 258 mil e US$ 387 mil dólares) com a venda.

O lote que vai a leilão inclui um manual de instruções, em cuja capa há o logotipo original da "Apple Computer Co.", um desenho no qual Isaac Newton lê embaixo de uma árvore com uma maçã pendurada.

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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A mulher, o consumidor e o Ponto Frio.com



A mulher, o consumidor e o Ponto Frio.com


Ao Ponto Frio.com


Prezados Senhores, bom dia.


Acabou de me ligar a senhora Raquel para meu telefone (21) XXXX-XXXX, hoje, dia 10/11/2010, em razão do e-mail que enviei na data de ontem no qual informei sobre a possibilidade de atraso na entrega de minha mercadoria, que deveria chegar na data de ontem (09/11), referente ao Pedido 4509502. Um notebook para trabalho e que eu viajaria na madrugada do dia 10/10 e estava preocupado com relação à entrega do mesmo na data aprazada.

Essa preocupação não era desmotivada, já que por três vezes, anteriormente, o Ponto Frio atrasara no prazo da entrega de pedidos meus.

Raquel, muito educadamente, e com linda voz por sinal, me informou então que meu pedido somente chegaria dia 12/11.

Disse á mesma que não poderia aguardar vez que viajaria mesmo, pois não poderia mais protelar minha viagem, e que não haveria ninguém para receber a mercadoria razão pela qual CANCELEI o pedido com dona Raquel, passando à mesma meus dados bancários: Banco Bradesco, Agência XXXX, conta corrente XXXXXXXX-X, vez que paguei em dinheiro via boleto bancário.

Informei ademais que não poderia estar aqui para receber a mercadoria, reitero, para depois cancelar. E que cancelava naquele momento com ela mesma vez que preposto do Ponto Frio.

O e-mail anterior, que enviei via SAC, reproduzo mais abaixo.

Mas o que realmente me leva a escrever esse e-mail tem outra motivação: ajudar o Ponto Frio.

Sou carioca, moro no Rio e desde que me lembro, da época de meus pais, o Ponto Frio era a loja que tinha a cara do Rio: simpática, atendimento cortês e muita responsabilidade no trato com as pessoas. Essa é a cara do Rio, essa era a regra no Ponto Frio.


Ao partir para a internet, um mundo aparentemente virtual, o Ponto Frio deveria continuar com aquela política da “boa malandragem” carioca, pois malandragem boa é aquela que cativa, envolve e não deixa o outro na mão.

O que está acontecendo é que outras lojas virtuais estão “bombando” exatamente em razão de ter a preocupação do pós venda, de não atropelar a expectativa do consumidor que, em última análise, é justamente quem dá razão para a existência de uma marca e para com quem todo o respeito deve ser a regra áurea de qualquer comércio: mesmo o de um singelo camelô.

O Natal está chegando, assim como outras datas comerciais já passaram. Vocês se perguntaram porque não decolam de vez se têm tudo para fazê-lo, pelo menos no Rio de Janeiro? Não, não o fizeram mas como sou “bom malandro” e tenho uma longa história com o Ponto Frio, vou contar.

Não adianta só vender. Vender é fácil. Mais fácil que conquistar uma mulher. O difícil, em ambos os casos, é manter a conquista. Para isso é preciso muita atenção e carinho, muito charme e dedicação integral 24 horas por dia... e um minuto a mais.

Nunca prometa o que não vai cumprir: mulher não tolera mentiras vindas de quem ama e consumidor também odeia isso. Se não vai chegar a tempo para leva-la “àquela sessão de cinema que rodará aquele filme de amor que ela tanto sonha ver”, cara: não prometa!

É o mesmo que prometer a um consumidor que entregará uma mercadoria no prazo e não o faz, para ambos promessa não cumprida por desatenção, é “I – N – T – O – L – E - R – À – V – E – L”, e bota intolerável nisso. Gera frustração, mágoa, e muitas vezes rancor, desses que nunca mais acaba.

Eis a dica com precisão cirúrgica que, se aplicada nos próximos 12 meses, o Ponto Frio terá um aumento de vendas na ordem de mais de 35% no Natal de 2011: troquem de logística de entrega. Parece que os concorrentes estão pagando um pouco mais para atrasarem as entregas do Ponto Frio do que o Ponto Frio tem pago para que a entrega sejam feitas. Já pensaram nisso?

Pelas razões acima, sejam mais sensíveis e tratem mulher com respeito, verdade, atenção e carinho, sem frustrar suas expectativas.

Ela pode não perdoar...

O consumidor, também.

Com afeto e cheio de boas intenções,


Paulo da Vida Athos.


Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2010.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

De norte a sul, de leste a oeste, do Rio de Janeiro ao bravo nordeste, Dilma lavou a égua!


Mesmo sem Norte e Nordeste, Dilma fica à frente de Serra

A sensação de que a petista Dilma Rousseff foi eleita apenas em razão da vantagem aplicada nas regiões Norte e Nordeste é falsa. Levantamento com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela que ela ganharia a eleição mesmo se fossem computados apenas os votos do Sudeste, do Sul e do Centro-Oeste.

Nesta segunda-feira (1º), o termo "#orgulhodesernordestino" ficou entre os mais citados no microblog Twitter. Foi uma reação a comentários considerados preconceituosos de eleitores do Sul e do Sudeste, contrários à candidata petista, que creditaram a vitória de Dilma aos votos do Nordeste. (Veja post sobre isso no blog "Bombou na Web".)

Dilma teve mais de 55 milhões de votos no país; Serra teve pouco mais de 43 milhões. No Nordeste, a vantagem de Dilma foi elástica: 18,4 milhões de votos, contra 7,7 milhões do tucano. No Norte, ela venceu por 4 milhões contra quase 3 milhões de Serra.

Se todos os eleitores das regiões Norte e Nordeste forem excluídos da conta, no entanto, a petista ainda aparece na frente. Na soma de Sul, Sudeste e Centro-Oeste, ela tem 33,2 milhões de votos, contra 32,9 milhões – uma margem pequena, de 275 mil votos, mas suficiente para elegê-la.

Boa parte desse resultado se deu graças a Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país. Serra não conseguiu capitalizar a força do ex-governador e senador eleito pelo PSDB Aécio Neves e Dilma conseguiu vencê-lo por 1,7 milhão de votos de diferença no estado.

No Rio de Janeiro, ela também abriu 1,7 milhão de votos de vantagem, fazendo o revés de São Paulo não pesar na conta.

Além disso, Serra venceu no Centro-Oeste, mas não com uma margem expressiva.

Fonte G1.

Obs: Do Blog Poemas e Conflitos: o Rio de Janeiro deu mais de 60% dos votos a Dilma, e é sudeste!

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