PAISAGENS
por Paulo da Vida Athos.
A noite
a grande noite dos miseráveis
corre lá fora.
É como numa viagem de trem
e a fome, pingente,
acompanhando pendurada à porta.
Da janela
um vislumbre de paisagem morta.
Cada homem representa um arbusto,
uma pedra calcinada e só,
surgindo no quadrado da janela
e, velozmente, sumindo.
Não há parada.
Não há desvio.
Não há luzes brilhando
nas chagas,
na estrada da grande multidão
sem nome.
O que existe é o descaso,
a inoperância dos sinais,
as paralelas
não respeitadas.
O que existe é a ausência
da lua dos direitos,
rotos roteiros dos sem rumo.
Vejo árvores na passagem,
de velhas, múltiplas rugas
no tronco, nas faces.
Olhos descrentes, inquisidores.
Galhos secos,
dedos em riste
apontando o céu,
acusando!
Incriminando a vastidão de terras,
...e a falta de mãos a cultivá-las!
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