“Viver não é preciso...”
Na verdade, a ausência é apenas de mim, não de meus sonhos ou de seus sonhos que são onipresentes em nós e tem a imortalidade que transcende o tempo que usamos da eternidade. Com um detalhe, quando realizados, os sonhos deixam de ser sonhos e tem sua morte decretada apenas por ela, pela realização, e passam a freqüentar a vida.
Ao passarem a esse estágio, não mais nos pertencem nem a eles pertencemos. Eles pertencem a todos que sonharam juntos sua realização. Nós passamos a abrigar novos sonhos que se aninham em nosso espírito e nos arregimentam para novas auroras que se desfraldam como bandeiras no amanhã.
Sim, minha amiga, temos os pés no presente mas nosso coração e nossa mente estão no futuro. Assim que o cansaço nos alcançar, passaremos o bastão que nos entregaram no ontem e eles continuarão, sempre num tempo futuro, a pavimentar uma estrada que conduz a um amanhã onde não haverá fome nem guerra, nem prisões nem desigualdades, em que o paraíso prometido será aqui mesmo, onde haverá harmonia entre a humanidade consigo mesma e a natureza: a comunhão entre o homem e o divino no homem, e assim vivermos o que bem traduziu suas palavras, não um pais, mas um mundo “mais fraterno, mais lúcido, mais solidário, mais consciente”.
Para tanto é necessário que continuemos “persistentes sonhadores” exercendo “o direito lícito e legal de acreditarmos que a harmonia seja possível”, como você disse.
E, como disse Pessoa: “- Viver não é preciso...”
Beijos.
Paulo da Vida Athos
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