Caro amigo,
Li o que você escreveu. Creio que estão fazendo tempestade em um copo d’água. Mesmo assim delinearei o que, creio, deve ser o tom dado no tratamento desse assunto entre vocês.
Se parar para analisar, vocês passaram a viver uma guerra, um litígio, em razão de uma situação que deve ter se desenvolvido a partir de contextos anteriores, já que não reputo como importantes, a esse ponto de ebulição, os argumentos expendidos por cada um até aqui. O que ganham os dois com isso? Nada. Apenas aborrecimento, que não leva a coisa alguma que não seja a ele mesmo.
Olha meu irmão, a Vida me ensinou que existem várias formas de lidarmos com uma mesma situação. E a melhor delas, pelo menos para mim, é olhar o outro como alguém de bem, que pode ou não ter cometido um erro, mas que não foi de forma dolosa, não foi com o ‘conhecimento e a vontade de causar um mal’.
Gosto de julgar os outros como gostaria de ser julgado. E sempre prefiro ser julgado, quando erro, como alguém que errou, mas que pode e quer acertar. E isso de tentar conduzir o outro ao que consideramos o ‘certo’ (e, às vezes, até podemos estar errados), deve trilhar o caminho sábio do entendimento, do saber ouvir e falar no momento certo, com a pessoa certa, na hora exata.
Aliás, se desde o início vocês dois – e apenas os dois – tivessem se sentado à mesa, cada um ouvindo e deixando o outro argumentar, veriam na verdade que cada um tem seu quinhão de razão, pois a certeza absoluta tem sempre algo de divino ou de arrogante, de tal modo que, por sermos humanos, a parte que toca a divindade raramente está ao nosso lado quando defendemos nossa ‘verdade’.
Há uma verdade: a Vida. E uma certeza: a Morte.
O caminho que trilhamos entre essas duas damas no salão do Tempo é que vai definir a música predominante na trilha sonora de nossa existência: pode ser um hino marcial ou um tango fantástico, como o que o personagem de Al Pacino dançou no filme ‘Perfume de Mulher’. O que é melhor para você?
Estamos num ponto do salão que mencionei acima, em que não nos é permitido perder tempo com bobagens, enquanto a música toca.
Devemos pegar a dama atual e bailar com ela cada segundo como se fosse o último, e fazer isso com alegria e despudor de ser feliz, de amar o vento, de sentir o perfume da brisa, de se encantar com o por do sol ou com a musicalidade de uma poesia. Aliás, sem ter medo de dizer que ama poesia...
Sim! Devemos pegar essa dama, e aproveitar seu calor e perfume, e o carinho que nos deu e nos dá, ao longo de toda a música, de preferência um tango.
Para que então, sorrindo, sejamos entregues, por ela, para dançar nossa última valsa com nosso derradeiro par...
Entre um momento e outro, não percamosr tempo com bobagens.
Grande abraço!
Paulo da Vida Athos
Ps. Abaixo a cena que referi de Al Pacino em Perfume de Mulher. Clique e veja. Vale a pena.