segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O golpe em evolução

O golpe em evolução 


Segundo informações colhidas na mídia, Antônio Palloci, ex-ministro da fazenda e da casa civil de governos petistas, foi preso porque “um ex-diretor da Petrobrás disse que Alberto Youssef teria pedido R$2 milhões em propinas para campanha política e que o pedido teria sido feito por encomenda de Palloci.”  Se for isso mesmo, o que estamos vivendo é algo monstruoso que deixará sequelas indeléveis na história do poder judiciário nacional. Usando apenas o comando legal, “a prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal”, a arbitrariedade salta aos olhos.   No caso, nenhum dos pré-requisitos legais está presente.  Não há que se falar em garantir a ordem pública vez que o Brasil está em paz, não há convulsão social, e Palloci não representa um risco a essa mesma ordem; muito menos se pode cogitar que a liberdade de Palloci possa de qualquer forma abalar a ordem econômica, já que nem mesmo faz parte do atual governo; conveniência da instrução criminal existe quando um acusado ou réu possa estar de alguma forma influindo nas testemunhas ou prejudicando colheita de provas, e isso não pode ser presumido, tem que ser fato provado; e, por fim assegurar a aplicação da lei penal é quando se tem provas de que o sujeito, em caso de condenação, possa fugir.  Isso também não pode ficar na seara da presunção.  A jurisprudência e a doutrina são pacíficas nesse aspecto.  Portanto, o que se vê é o uso intimidativo desse instrumento, como ocorreu em quase a totalidade das prisões decretadas na lava jato, e que se agrava quando um juiz aceita, no limiar de eleição nacional que elegerá vereadores e prefeitos de todos os municípios brasileiros, uma pedido claramente político que partiu da polícia federal.  O objetivo é claro: influi no pleito.  É político.  Isso é mais grave que o vazamento da conversa entre Dilma e Lula. Setores do ministério público, da polícia federal e do poder judiciário, de forma criminosa, atentam contra a soberania popular e contra as normas de direito eleitoral com clara finalidade de fraudar as eleições municipais.  O mercado criou, repetindo o que ocorreu em todas as vezes que se sentiu ameaçado, o fantoche chamado corrupção do estado.  Corrupção que sempre existiu, aqui e em todos os países.  Esse vetusto modus operandi tem como objeto enfraquecer os alicerces da democracia criminalizando a política e o estado.  A lava jato é a atual indústria de fantoches.  E o mercado, usando a mesma receita que derrubou Getúlio, Goulart e Dilma, quer tornar Lula inelegível.  Os ingredientes estão na mesa.  São os mesmos:  insatisfação de que detém o poder econômico e político e sua ânsia de impedir chegar ao poder governante que olhe para os mais pobres;  judiciário contaminado; setores da república comprometidos com a conspiração; e, finalmente, o martelar contínuo da mídia que pertence  a essa mesma classe, apontando a “degradação da política” e o “mar de lama que é o Estado”, em clara manobra para abrir caminho para o poder do mercado e o retorno do neoliberalismo. O que vemos é uma farsa midiática, jurídica e política.  Um atentado à soberania popular.  Uma violação à democracia.  O que vemos é o golpe em evolução.

Paulo da Vida Athos 

sábado, 10 de setembro de 2016

O golpe é colocar o PSDB no poder

O golpe é colocar o PSDB no poder.

Temer e o PMDB no poder é apenas um mal necessário e momentâneo para a classe dominante.  

Não havia outro caminho para colocar fim ao período único na história política brasileira em que um governo progressista esteve no poder, embora, em nome da governabilidade, um poder dividido com forças que cedo ou tarde trairiam o projeto social que levou o PT ao planalto e, juntamente com ele, o povo brasileiro e a democracia.

Foram 14 anos de conquistas antes da traição.

Durante essa quase década e meia as conquistas sociais e de soberania são inquestionáveis.  

Apenas a absoluta falta de cultura ou absolutismo reacionário impede o reconhecimento desses novos patamares, que foram oficialmente reconhecidos pela ONU, pela economia internacional, e pelo povo brasileiro na ascensão de uma nova classe C, e a ausência do Brasil da lista dos países em  que a fome ainda mata pessoas.

Sair da lista de devedores do FMI foi muito bom para nosso orgulho e nacionalismo, mas acabar com a pobreza extrema e com a fome foi muito melhor para nosso estômago e nossa cidadania.  

Erradicamos a fome. Fome zero, um marco.  Fim de uma vergonha que pode ser vista em vídeos que rolam na internet, feitos no fim do governo do PSDB de Fernando Henrique Cardoso.

Para tanto a população teve que ter acesso à alimentação e à renda através de políticas como o Bolsa Família.  

Em economia podemos comparar renda a um bolo.  Se você tira um pedaço e o bolo fica menor alguém vai comer menos.  

Esse pedaço foi retirado daqueles que sempre tiveram a mesa farta, daqueles que historicamente sempre exploraram o Brasil.

É isso é imperdoável e a partir da reeleição de Dilma também tornou-se insuportável.

Mesmo usando a mídia, que a eles pertence, para tirar o PT do planalto, não conseguiram convencer a maioria e Dilma foi reeleita com 54 milhões de votos.

Mais 4 anos de um governo progressista poderia tornar irreversível sua deposição.  Afinal, mesmo com a crise econômica internacional, que Lula chamou de marolinha, os programas sociais e o Brasil caminhavam.  

Era preciso mais.

Então eles arquitetaram  o golpe através da crise política que, sabiam, atingiria a economia brasileira, que já atravessava o período de instabilidade internacional, ampliando aqui suas potencialidades negativas.

O processo do mensalão, que não impediu o PT de permanecer no poder, cedeu lugar a lavajato.

Setores do ministério público e do judiciário foram atrelados à mídia conservadora, que também passaram a centrar fogo apenas em pessoas ligados ao PT.

Políticos de outros partidos foram poupados.  

Temer, Juca, Agripino, Aécio, ministros do atual governo, são todos envolvidos e já denunciados por testemunhas.  Contra eles a inércia do MPF e/ou parcialismo do judiciário são vergonhosos.

Eduardo Cunha, com denúncias já formalizadas no STF, com provas inclusive enviadas por governo estrangeiro, orquestrou o impedimento de Dilma,  e continua aí.

Lula não pode ser ministro e Jucá pode, que justiça é essa?

A inércia do MPF, associada ao partidarismo que tomou conta do judiciário, incluindo ministros do STF,  continua.

Mesmo depois de consumado o golpe, a inércia continua.

Agora, certamente esses setores fascistas vão também centrar fogos no PMDB.  

A mídia já está ajudando a mostrar que quem está no governo são golpistas.

Porque?

A Globo então mudou?  A mídia conservadora reconheceu o erro?  Não.

Todos foram usados pela classe dominante, inclusive o PMDB e Temer o traidor.  

Usados para retirar o PT.

A lavajato vai continuar mais um ano, pois precisam fazer duas coisas: tornar Lula inelegível e retirar o PMDB do governo.

Lula por razões óbvias: pode ser reeleito pelo povo.  

O PMDB, porque já cumpriu seu papel na traição.

Eles querem o PSDB de volta ao planalto.  

É esse o objetivo é o móvel do golpe: ressuscitar o neoliberalismo.

Por isso a mídia já está atirando contra Temer e seu governo golpista.

Querem retirar Haddad para retomarem a prefeitura de São Paulo, é arriscado deixar o PT ali.

Enquanto isso os golpistas do congresso nacional alinhavam a lei que irá anistiar seus partidos e a si próprios dos crimes que cometeram.

Após a aprovação da autoanistia dos políticos e partidos envolvidos, a lavajato perderá o sentido.

Dela, apenas restará um efeito: a retirada do PT do poder.

E a ascensão do PSDB.

Exatamente como a classe dominante planejou.



Paulo da Vida Athos

Rio de Janeiro, 10 de setembro de 2016.

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