Luce,
Mariluce
de
todas as luzes
e
dona
de
minhas auroras.
Você entrou em minha vida, em 29/10/1976. Menina ainda, ainda em flor, magnificamente bela, e seus olhos castanhos eram como dois lagos intocados e transparentes à minha alma. Poeta incurável e crônico, de pronto percebi que todos os meus amores haviam na verdade me preparado para aquele momento fantástico e indescritível: sim! Chegara o amor que eu esperara por uma vida inteira. Eu contava 25 anos (iria fazer 26 em agosto) e você contava com 17...
O mundo em que nos conhecemos era inóspito e selvagem. Você não percebera pela pureza de sua alma, de sua vida. Eu o ignorei solenemente por saber sonhar.
Sim, poetas sonham tridimensionalmente e desconstroem o mundo para reconstruí-lo de acordo com suas querências.
Naquele momento mágico minha alma encontrara sua parte perdida em algum ponto qualquer do universo e do passado e se reencontravam ali, no mundo da Música que é prima-irmã da Poesia. Fácil para um poeta perceber e se perder...
E me perdi me encontrando em seu olhar, em suas digas, em seu encantamento.
Pronto! Meu amor realizava sua plenitude e me tornava pleno e descobri que existia o orgasmo poético e até hoje seu sêmem jorra de meu interior em digas que dizem iras, em falas que falam de amor.
Mas ao entrar em minha vida trouxe muito mais. Eu, fruto de um momento de amor esquecido, tornei-me filho da Vida e afilhado da Liberdade tendo como Tempo o pai e minha casa eram todas as ruas de todas as cidades. E embora o amor e a capacidade de amar existissem em mim desde muito menino, e de força e intensidade indizíveis, poucas foram as vezes em que permiti sua manifestação, especialmente no período entre a minha primeira infância até meus treze anos. Depois o prendi e esqueci onde guardei a chave, até que você chegou naquela primavera com ela nas mãos e nos olhos.
Mas não foi só essa a chave que você me trouxe. Com ela trouxe aquilo que é a referência da Vida, a família. Trouxe um pai, uma mãe, uma irmã e até (veja como você é completa!), até um avô!!!
Papai Waldemar, mamãe Alba, Marialba, o nono...
Esse amor, ou essa forma de amar e de ser amado, aprendi sua plenitude através desse encontro, naquela primavera você acendeu todas as flores do jardim de minha vida. Aliás, quase todas...
Depois nos casamos. Na manhã de 17 de julho de 1982. Tinha que ser de manhã para que você com sua luz não acanhasse as luzes que seriam acesas nem a da lua e das estrelas que nas noites de inverno são sempre mais brilhantes.
Então sim, chegaram a Juliana e o Pedro, frutos de uma árvore enxertada por raízes vindas da luz, de Luce com seu dom de amar, já que Amar e Luce tem tudo em comum...
E, para completar a perfeição, Paula e Gustavo.
Nunca fui perfeito, vez que poetas não são perfeitos para esse mundo. Se fossem não tentariam mudá-lo com suas palavras e com sua inaceitação.
Mas como a Vida sempre me amou, colocou a perfeição para caminhar comigo ao longo dessa jornada e a cada dia que passa você é mais perfeita e a beleza que emana mais bonita.
Queria escrever isso mais adiante, mas o faço hoje para entregar para você ler mais tarde. Mas as digas do poeta são como filhos e logo as queremos ofertar à viva, ao mundo, ou a quem as inspirou.
Não! Não vou esperar nem mais um minuto e as coloco diante de seus olhos. Esse é o banquete que a Poesia me ensinou, o pão cuja massa aprendi a misturar com minhas lágrimas e sorrisos, alegrias e dores, nos momentos de fome ou de fartura, temperados com as qualidades do amor que você me ensinou a amar.
Bem que poderia esperar mais cinco dias (se tudo correr bem faremos Bodas De Prata e aguardaremos mais 25 anos para as de Ouro).
Mas o que são cinco dias diante do que tem a qualidade de eterno?
No mais, não esqueça que assim como seu amor nasceu para me amar... nasci para amar você.
Como na despedida de minha primeira carta escrita para você há 31 anos atrás, repito aquela frase...
- Beijo seus olhos!
Rio de Janeiro, 12 de julho de 2007, 5 dias antes do dia 17 de julho, mas quase 31 anos depois em que em você descobri que somos um...
Paulo
Um comentário:
LINDO POEMA. E QUE LINDO AMOR!!
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