Lei do silêncio em Rio das Pedras.
Juiz considera ‘ditadura’ do crime a situação de medo imposta aos moradores da comunidade.
Adriana Cruz
Rio - Garantir a vida de testemunhas que viveriam sob uma “ditadura” do crime. Essa foi a principal preocupação do juiz do 4º Tribunal do Júri, Sidney Rosa da Silva, ao determinar a prisão do vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho de Rio das Pedras (DEM), e de outros dois acusados da morte do inspetor Félix dos Santos Tostes. Um deles, o policial civil Raphael Moreira Dias, lotado no gabinete do deputado estadual Natalino José Guimarães (DEM), continua foragido da Justiça.
“Verifica-se nos depoimentos de testemunhas até aqui ouvidas que nenhuma delas relatará o que realmente sabe do delito face a ‘ditadura’ que impera na região, trazendo medo a moradores que somente falam em denúncias anônimas”, escreveu o magistrado, em sua fundamentação.
CRÍTICA À INVESTIGAÇÃO
O juiz relatou achar “estranho” o fato de o relatório policial não ter indiciado Raphael pelo crime. Nadinho e o policial civil André Luiz da Silva Malvar, denunciados pelo assassinato, prestarão depoimento no próximo dia 7 no 4º Tribunal do Júri.
A Delegacia de Repressão a Ações Criminosas e Inquéritos Especiais (Draco/IE) continuará a investigação sobre o envolvimento de outros criminosos com a morte de Félix, suspeito de chefiar a milícia de Rio das Pedras. Não está descartada a intimação de Nadinho para prestar novo depoimento.
O vereador, que está em cela especial na Polinter de Neves, em São Gonçalo, recebeu ontem a visita do advogado Édson Fontes e de funcionários da Câmara de Vereadores. A Casa criou ontem uma Comissão Multipartidária, com nove integrantes, para acompanhar o processo do vereador.
Nadinho chegou a Neves, unidade com 400 presos, segunda-feira. Comeu bife rolê e purê de batata. Ontem, o café-da-manhã foi pão e café com leite. O cardápio teve ainda sopa de legumes.