SINAIS DE EXECUÇÃO NO COMPLEXO DO ALEMÃO
Uma análise feita pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República nos laudos periciais dos 19 mortos durante uma megaoperação policial no Complexo do Alemão , em 27 de junho, concluiu que várias pessoas foram executadas sumária e arbitrariamente (sem chance de defesa). O relatório, de 15 páginas, divulgado nesta quinta-feira, foi contestado pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e por três peritas estaduais. O documento foi elaborado por um órgão do governo federal, embora ministros e até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenham elogiado as ações policiais no Rio.
Os três peritos contratados pelo governo federal atestam no item 11: "pelo menos nos laudos (...) das vítimas José da Silva Farias Júnior e Emerson Goulart, respectivamente, foram encontradas evidências de morte por execução sumária e arbitrária. Em ambos os casos, o primeiro disparo foi letal, no crânio (...). Em ambos os casos com o corpo em decúbito dorsal". Na nota de contestação, três peritas-legistas do IML comentam, referindo-se às mortes de José e Emerson: "(...) não é possível determinar a posição da vítima no momento em que foi atingida".
No relatório, os peritos concluem que os laudos não seguiram os procedimentos previstos nos Princípios Para a Prevenção e a Investigação Eficaz de Execuções Extralegais, Arbitrárias e Sumárias, das Nações Unidas.
Beltrame, por e-mail, criticou o documento: "É preciso que fique claro que nenhum dos autores do relatório alternativo esteve no Rio de Janeiro para realizar qualquer diligência. Trabalharam única e exclusivamente interpretando o laudo realizado pela Polícia Técnica do Rio de Janeiro, o que o desqualifica sob a ótica da ciência da perícia técnica."
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