PM é o principal suspeito para seqüestro de líder comunitário que denunciou milícias
RIO - A Polícia já tem pelo menos um suspeito para o seqüestro do presidente da Associação de Moradores da Favela Kelson's , na Penha, Jorge da Silva Siqueira Neto, de 35 anos, que denunciou a órgãos da Secretaria de Segurança que vinha sofrendo ameaças de morte de grupos de milícias. O delegado-titular da 40ª DP (Rocha Miranda), Altair Queiroz, disse que um dos principais suspeitos do crime é o soldado Alexandre Barbosa Batista, do 14º BPM, que fora alvo de denúncia feita pelo próprio Jorge, no dia 9 de abril. Jorge registrou na delegacia queixa de ameaça feita pelo policial que teria dito ao líder comuntário: "Se você não sair daqui, vai sofrer um acidente". O PM prestou depoimento e negou tudo. Mas o delegado vai pedir a quebra de sigilo telefônico da vítima e dos policiais.
" E agora, o que vou fazer? Como podem libertar esses policiais? Não tenho como me sentir seguro "
Neste sábado, um parente do líder comunitário disse que testemunhas flagraram um carro da Polícia Militar dando cobertura a cinco homens que atiraram em Jorge e o seqüestraram, em Rocha Miranda, na tarde de sexta-feira. Testemunhas contaram à família dele que os bandidos fizeram vários disparos contra Jorge, que acabou atingido. Os criminosos levaram o carro do líder comunitário, um Focus prata LNP-1128. Jorge foi expulso da favela por milicianos há cerca de nove meses. O caso do presidente da associação de moradores foi contado na série do jornal O Globo "Os brasileiros que ainda vivem na ditadura".
O parente, que seguia para o Instituto Médico-Legal (IML) na tentativa de encontrar o corpo da vítima, no início da manhã, disse ainda que o celular do líder comunitário também está desaparecido. Outros familiares também foram até o bairro de Cordovil para tentar reconhecer um corpo encontrado no local, na manhã deste sábado. No entanto, o corpo não era do líder comunitário. Segundo policiais da 40ª DP, equipes da delegacia também estão na rua investigando o possível paradeiro do corpo do líder comunitário. Na sexta-feira, a mulher de Jorge disse temer por sua vida:
- Mataram meu marido e agora estou com medo, porque eles sabem onde moro.
O corregedor-geral da PM, coronel Paulo Ricardo Paul, determinou que cinco policiais fossem localizados e levados para prestar depoimento na 40ª DP, na noite de sexta-feira. Quatro deles foram ouvidos. O chefe de Polícia Civil, Gilberto Ribeiro, foi à noite para a delegacia acompanhar as investigações. A mulher de Jorge também esteve na 40º DP e disse ter cópia do dossiê que seu marido fez sobre a milícia. A polícia está à procura de duas testemunhas que teriam visto o seqüestro.
Na segunda-feira, ao saber que os policiais que acusara estavam em liberdade, Jorge revelou que se sentia inseguro.
- E agora, o que vou fazer? Como podem libertar esses policiais? Não tenho como me sentir seguro - disse Jorge em entrevista ao Globo.
Sérgio Ramalho, Fábio Vasconcellos e Ana Cláudia Costa - O Globo e O Globo Online
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