Milicianos expulsam Igreja
Indiciado pela CPI das Milícias, presidente da Associação de Moradores de Rio das Pedras despeja pastoral de prédio em que eram realizados trabalhos comunitários e serviços gratuitos na comunidade
Rio, 30/03/2009 - Se a fé move montanhas, a milícia remove a igreja. Há duas semanas, a Associação de Moradores de Rio das Pedras, em Jacarepaguá, deu ultimato à Igreja Católica: mandou desocupar o prédio do centro pastoral. O prazo para a entrega das chaves é de 60 dias e expira em 5 de maio. A área, com pouco mais de 150 metros quadrados, foi cedida há nove anos por comodato à Paróquia de Nossa Senhora do Loreto. Lá acontecem missas, catequeses e serviços sociais mantidos pelos religiosos.
A intimação foi entregue na pastoral pelo presidente da associação de moradores, Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba, acompanhado de dois homens armados que seriam seus guarda-costas. Eleito líder comunitário em dezembro, ele foi indiciado pela CPI das Milícias por ligação com paramilitares que exploram serviços na comunidade e cobram taxas de moradores.
A ordem de despejo do Centro Pastoral, segundo religiosos, seria uma retaliação dos líderes da milícia à Igreja Católica por não permitir o controle dos donativos e do trabalho social feito na comunidade. Oficialmente, a associação não deu satisfação à Paróquia de Nossa Senhora do Loreto. Apenas avisou que precisava do prédio para “fazer serviços comunitários”.
“Não sei os motivos para o despejo. Mas é verdade que a Igreja não faz acordos com grupos quando percebe que o trabalho pode ser usado politicamente”, explica o padre Luís Antônio, da Arquidiocese do Rio. A luta da Igreja Católica agora é para concluir rapidamente as obras de construção da capela de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência e São João Batista, que está sendo erguida na comunidade. O fim dos trabalhos estava previsto dezembro de 2010.
Se não terminar a obra da igreja em dois meses, a paróquia não sabe o destino dos serviços sociais, dos encontros de jovens e casais e as reuniões de preparação para casamentos e batizados que são oferecidos no centro pastoral.
João Antônio Barros
Fonte: O Dia
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