quarta-feira, 22 de julho de 2009

O HOLOCAUSTO DE NOSSOS JOVENS


Rio mata três vezes mais que São Paulo.



BRASÍLIA, 22 de julho de 2002 - Enquanto o município do Rio tem o 21º mais alto Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) e o maior número absoluto de vítimas em todo o país, São Paulo ocupa apenas a 151ª posição, entre 267 cidades com mais de cem mil habitantes. O índice do Rio é 4,92. Corresponde a mais do que o dobro da média do IHA nos 267 municípios pesquisados (2,03). Na capital paulista, o índice é de 1,42, abaixo da média nacional.


A comparação dos números absolutos também revela o contraste da violência no Rio e em São Paulo. A maior cidade do país tinha 1.404.014 adolescentes de 12 a 18 anos em 2006, contra 696.242 no Rio. Mesmo tendo mais do que o dobro da população jovem, São Paulo registrou quase metade das vítimas. O levantamento projeta que 3.423 jovens cariocas serão assassinados até 2012, ante 1.992 paulistanos, caso as taxas de 2006 não sofram alteração.


- São Paulo tem valores relativamente baixos. É fruto da queda geral de homicídios que vem ocorrendo desde 2001 - disse o coordenador técnico do estudo, Ignácio Cano. - Esperava que o Rio se saísse até pior. Na cidade, o que mais contribui é a forma como o tráfico de drogas opera e a violência policial.


Segundo ele, o levantamento mostra que a redução dos homicídios atinge todos os grandes e médios municípios paulistas, onde o IHA é inferior a 3 na maior parte das cidades. No Rio, ao contrário, há três outros municípios em situação ainda pior do que a capital: Caxias, Itaboraí e Cabo Frio. Resende aparece com o maior risco de homicídio à mão armada contra jovens no estado, acima de 10, enquanto na média estadual é de 6,2.


É preocupante o Rio concentrar 10% dos assassinatos - disse a subsecretária de Promoção de Direitos da Crianças e do Adolescente, Carmen Oliveira.


Segundo Cano, o maior envolvimento das prefeituras com a segurança, a polícia mais eficiente e o monopólio do crime organizado nas mãos de uma única facção específica explicam a situação de SP. No Rio, a guerra entre facções alimenta conflitos.


Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo Laboratório de Análise da Violência da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), em parceria com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Observatório de Favelas e Secretaria Especial de Direitos Humanos.



País terá mais de 33 mil assassinatos de adolescentes até 2012


O estudo, com base em projeções feitas a partir de 2006, indica que 33.404 jovens de 12 a 18 anos serão mortos até o fim de 2012 nas 267 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes.


Os homicídios foram responsáveis por 46% das mortes entre adolescentes (12 a 18) registradas em 2006. As armas de fogo são o principal instrumento para matar e os autores do estudo reforçam a necessidade de controle deste tipo de armamento.


- A restrição a armas de fogo é um imperativo, sobretudo no Sudeste - diz Cano.


Para Carmen Oliveira, é preciso sensibilizar a opinião pública para o problema.


- Antes de ser um fora da lei esse adolescente foi abandonado pela lei - afirma.


Ela afirmou ainda que a estimativa de 33 mil assassinatos entre jovens de 2006 a 2012 causou "surpresa".


- Isso significa que teremos 13 mortes diárias por assassinatos de adolescentes. Considerando a preocupação brasileira com a gripe suína, em que cada morte é contabilizada dia a dia, é importante que a sociedade tenha a mesma indignação e preocupação com essas vidas perdidas na adolescência - disse.



Lula reconhece que faltam políticas públicas contra violência


Ao comentar os dados da pesquisa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu a falta de políticas públicas no país para enfrentar a violência.


- Eu acho que ainda faltam muitas políticas públicas para que a gente comece a enfrentar o problema da violência. Mas há vários programas para se enfrentar o problema da violência. O Ministério da Justiça lançou o Pronasci, que cuida da segurança como um todo, forma profissionais, mas, ao mesmo tempo, a gente tem uma preocupação com a juventude. No PAC, temos um investimento importante na urbanização de lugares degradados nas favelas, pesando também na juventude brasileira. Acho que estamos no caminho certo - disse Lula.



Fonte O Globo.

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