domingo, 29 de abril de 2012

De cantos, gaiolas e amor









Não quero para mim o canto
de ave que vive em gaiola,
que da vida vive d’esmola,
órfã de toda esperança.

Não quero possuir esse canto,
despossuído de rima,
de aves aprisionadas
que dependem de dono,
pra trocar a água e a comida
e o papel sujo do chão.

Quero o canto da ave livre
nas matas,
nos céus das cidades,
no chão das ruas de pedras,
que ciscam nas calçadas dos bares,
nas varandas dos palácios,
como quem canta um canto intangível
que atravessa espaços e gentes,
como um hino à liberdade!

Quero esse canto que tenho
ouvido e cantado junto
com a vida, em minha vida,
que de amor é conjunto.

Prefiro o trinado dos pardais
que cruzam o espaço dos céus,
que alçam seu voo mirando o horizonte,
que fazem seus ninhos nas árvores,
nas eiras e beiras do cais,
àquele gorjeio tristonho
do canário belga, ou da terra,
que jamais conheceram a serra,
nem o canto do Uirapuru.

Quem tem tudo em hora certa,
mas trina de sua gaiola,
quase sempre pendurada
na parede de um corredor
ou na marquise de um bar,
para agradar o seu dono
cantando um canto de dor,
de despedida de sonho,

Que canta um canto de morte
de quem nunca teve vida,
jamais conheceu o amor
e foi impedido de amar,
nesse canto que atravessa,
que mais do que canto é  pranto,
que é hino ao desencanto
de quem nunca pode amar,
e que assim que sai da gaiola
logo morre no ar,
nem deveria nascer,
nem deveria cantar!

Um canto assim desatino,
gravado, chorado,
menino,
de sal e de só solidão,
esse não quero pra mim,
pois amor não é prisão.

Não quero ser aquele
que carrega a gaiola
para a exibir seu troféu,
que canta pra deleite,
não da Vida, nem do céu,
mas pro ego de seu dono,
e pra gente que tem dono,
menino,
jamais retiro o chapéu.

Muito menos quero ser
a ave que perdeu
ou nunca teve liberdade,
expondo seu desencanto
em canto de dor e de morte,
de um ser sem vida e sem sorte,
como uma ferida sem corte,
despossuído de si,
do sonho ou da esperança,
que canta a sua não-vida,
e sim esse choro mais forte,
sem memória e sem lembrança.

Não quero o amor sincopado,
como amor exibição,
que mais parece o cantar
de uma ave na prisão!

Prefiro esse amor alado
onde nosso canto se encontra,
e juntos ecoam em trovas,
que apenas nós dois escutamos,
onde apenas nós dois flutuamos,
num bailar de sonho e luz.

Menino, preste atenção,
gaiola é fonte de dor.

Ser livre é a vida do pássaro,
liberdade é a vida do amor.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

São Oxossi




Oi possui planos mais econômicos, diz consultoria






Déborah Oliveira, da Computerworld


Levantamento realizado pela Teleco e Pricez identificou ainda que Claro e TIM contam com alguns planos que oferecem vantagem para clientes pré-pagos



Embora a Vivo tenha a maior participação no mercado de telefonia móvel, não é a operadora que tem as melhores ofertas e planos para os clientes. É o que diz uma pesquisa realizada pela consultoria Teleco e pela Pricez, portal que compara preços praticados pelas teles no Brasil. O levantamento, batizado de Melhor Oferta, identificou que a Oi é a que conta com ofertas mais competitivas, tanto no modelo pré-pago como pós-pago.

Para chegar a esse resultado, as instituições levaram em conta ofertas e promoções existentes no País de telefonia celular utilizando um conceito de busca pelo menor preço por meio de uma plataforma online desenvolvida pela Pricez.

“Existem mais de 40 mil combinações de planos e promoções por DDD. Fica inviável para o cliente mapear a melhor oferta. Assim, buscamos facilitar essa tarefa”, afirma Diego Oliveira, presidente da Pricez. “Identificamos que 87% dos clientes de telefonia móvel não têm a melhor combinação de plano + promoção, fazendo com que eles percam, por ano, cerca de 980 reais”, completa.

De acordo com ele, no pré-pago, para usuários de baixo consumo, que não usam web, pouco utilizam SMS e realizam ligações com duração de 2 minutos para celulares da mesma operadora, ainda vale a pena adotar um plano pré-pago e para esse perfil de consumidor o melhor é o Fala+Brasil com Bônus, da Claro, que conta com a melhor tarifa de ligação para números da mesma operadora. “O gasto estimado mensal nesse plano é de 42 reais, tarifa 40% mais barata em comparação com a Vivo, que é de 55 reais”, detalha. Ele aponta que a Claro tem a liderança em 61 DDDs com esse plano.

O executivo explica que a pesquisa identificou ainda que para usuários que têm um perfil de consumo médio, em que 30% das chamadas efetuadas são de longa distância, o consumo local é alto e a utilização da web é de cerca de 150MB, o Oi à Vontade 110 é a melhor escolha. “A Oi chega a ser 50% mais barata do que a Vivo, por exemplo, que aplica um preço de 200 reais em média por mês”, afirma.
Novamente, aponta o estudo, a Oi é a opção adequada para usuários de alto consumo, definido pelo consumo de 300MB de internet, envio de 240 SMS mensais e 40% de ligações para outras operadoras. “O Oi à Vontade 600 tem gasto mensal estimado de 308 reais. Na Vivo é de 441 reais, na Claro 398 reais e na TIM 439 reais. O que faz dos preços da Oi 30% mais competitivos”, observa Oliveira.

Pré-pago

No modelo pré-pago, a Oi foi identificada como a melhor oferta para recargas nos valores de 20 reais e 30 reais, com o plano Oi Cartão Ilimitado nos dois casos. “Em média, os bônus das operadoras somam mil minutos com recarga de 20 minutos, a Oi oferece até 10 mil minutos”, sintetiza. Já para recargas de dez reais, a TIM obteve destaque. “Nessa oferta, a operadora oferece 80 minutos de bônus, dez vezes a mais do que as outras”, justifica.

Para Eduardo Tude, presidente da Teleco, a Oi está posicionando-se de forma mais agressiva no mercado, acelerando a disputa do setor. “Sua estratégia é crescer no mercado pós-pago para aumentar a receita. Em 2015, a meta da tele é obter 25% do market share nacional.” Tude considera ainda que a entrada da Nextel no setor de 3G ao final de 2012 vai acirrar a briga.

Sobre o fato de a Vivo não ter aparecido no ranking, Tude aponta que embora a operadora não tenha sido considerada a companhia que oferece melhores ofertas, destaca-se por outros motivos, como cobertura 3G em mais de 2,7 mil municípios e por ter mais base de clientes tem maior apelo nas chamadas entre números da mesma operadora.

Oliveira destaca que, ao longo do estudo, alguns pontos de atenção foram identificados. “O consumidor precisa ficar atento às ofertas de SMS ilimitado, que geralmente cobrem as mesmas operadoras; às tarifas de chamadas de longa distância para diferentes operadoras; e pacotes roaming”, lista. Segundo ele, Claro e Oi têm altas tarifas em roaming e TIM a maior de longa distância [1,91].

Cenário geral

De acordo com o estudo, o Brasil somou em março 251 milhões de celulares ativos, sendo que 81,8% eram pré-pagos e 78,8% telefones 2G, os aparelhos 3G correspondem a uma parcela de 17,3%. O quadro aponta para um recorde de adições líquidas e brutas em 2011, totalizando 131,4 milhões de adições brutas.

Embora o número de aparelhos ativos no País tenha crescido, afirma o presidente da Teleco, o número de cancelamentos também registrou salto, foram 92,2 milhões trocaram de operadora no período, atraídos pelo preço dos planos. Esse cenário tem levado, segundo ele, à queda do preço por minuto que, em dois anos, caiu 50%, de 40 centavos para 20 centavos, ainda uma das mais onerosas do mundo. “Temos uma estrutura muito competitiva em que o preço da chamada de rede da operadora é mais barato do que o praticado para efetuar ligações para outras. As teles apostam em modelo de comunidade. Ainda assim, o valor deverá cair”, afirma o presidente da Teleco.

A disputa por participação no mercado está cada vez mais acirrada, observa. De acordo com ele, a Vivo é que tem mais presença nas regiões, mas Claro, por exemplo, lidera alguns DDDs como 69, 63, 67, 61 e 53. A Vivo, prossegue, é a operadora preferida no Nordeste, em alguns estados especialmente porque entrou recentemente na região e lançou ofertas agressivas.
O estudo foi realizado com base nas ofertas e promoções existentes no País de telefonia celular utilizando um conceito de busca pelo menor preço por meio da plataforma online da Pricez que permite o monitoramento do mercado.

Os dados, de acordo com Teleco e Pricez, serão revisados quatro vezes ao ano, coincidindo com as datas mais relevantes para as operadoras: Dia das Mães [dados apresentados no estudo divulgado], Dia dos Pais, Dia das Crianças e Natal. Além disso, no próprio site da Pricezo usuário de telefonia móvel pode inserir os dados do plano que possui e identificar se ele está em linha com suas necessidades.

Fonte INDIGNOW

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Fernando Fragoso é reeleito presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros








Fernando Fragoso* foi reeleito e tomou posse hoje da presidência do IAB - Instituto dos Advogados Brasileiros, a histórica casa do Direito.









Sessão Solene de Posse da Nova Diretoria do IAB - Biênio 2012/2014

Dia 25/04/2012, às 18h - Local: Plenário do IAB

 

O Instituto dos Advogados Brasileiros tem a honra de convidar V.Exa. e Exma. família para a sessão solene de posse da nova Diretoria, biênio 2012/2014, que será realizada no próximo dia 25 de abril, quarta-feira, às 18h, em sua sede, na Av. Marechal Câmara, 210 - 5º andar.
A Diretoria

Presidente - Fernando Fragoso
1ª. Vice-Presidente - Teresa Cristina Pantoja
2º. Vice-Presidente - Victor Farjalla
3º. Vice-Presidente - Duval Vianna
Secretário Geral - Ubyratan Guimarães Cavalcanti
1º. Secretário - Diogo Tebet da Cruz.
2º. Secretária - Leilah Borges da Costa.
3º. Secretário- Carlos Roberto Schlesinger
4º. Secretário- Augusto Haddock Lobo
Dir. Financeiro - Joao Carlos de Camargo Éboli
Dir. Biblioteca - Fernando Drummond
Orador Oficial - Carlos Eduardo Bosisio
Dir. Cultural - Pedro Marcos Nunes Barbosa
Dir. Adj - Dora Martins de Carvalho
Dir. Adj - Sydney Limeira Sanches
Dir. Adj - Ester Kosovski
Dir. Adj - Tecio Lins e Silva



*Professor Titular da cadeira de Direito Penal da Faculdade de Direito da Universidade Candido Mendes, Professor de Direito Penal Econômico do curso de Pós-graduação em Direito da Economia e da Empresa (MBA), da Fundação Getúlio Vargas (Rio e S. Paulo) e possui mestrado em Direito Público, pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Foi membro da Comissão Revisora da Lei de Execução Penal.

Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros, cuja comissão permanente de Direito Penal presidiu entre 2008 e 2010. Membro do Conselho da International Criminal Bar e advogado admitido para atuar perante o Tribunal Penal Internacional (International Criminal Court - Haia).

Tem sido indicado como membro de bancas de vários concursos públicos para ingresso na magistratura e na defensoria pública, bem como para o magistério na Universidade Candido Mendes.

Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros, do Conselho Científico do ILANUD - Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e o Tratamento do Delinquente, do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, da Association Internationale de Droit Pénal (Paris), da Société Internationale de Défense Sociale e da Inter-American Bar Association, na qual é Vice-Presidente do Comitê de Direito Penal e integra o Conselho.

Ex-membro do Conselho Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro.

Ex-Vice Presidente da Ordem dos Advogados, Seção do Estado do Rio de Janeiro, onde atuou como Secretário Geral e Conselheiro em vários biênios.

Autor de vários trabalhos jurídicos, é advogado criminal há mais de 35 anos, formado em 1973, pela Universidade do Estado da Guanabara (hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

terça-feira, 24 de abril de 2012

Justiça criminal acéfala








Quando se percebe que, por exemplo, a prestação jurisdicional criminal travestiu-se em extensão da política de segurança pública e o Juiz, despudoradamente, pendura a toga para enfileirar-se com o ministério público e órgãos da segurança pública (como se dela fizesse parte, ativamente participando das “operações furacões e vendavais”, na maioria das vezes atropelando princípios constitucionais e infraconstitucionais de garantia individual e coletiva), vendo o réu não como um jurisdicionado, não um cidadão a ser julgado, mas um inimigo que vai ser “julcondenado”, em nocivo atentado ao devido processo legal e ao estado democrático de direito pretendido, em aberrante aplicação sinuosa de princípios oriundos do Direito Penal do Inimigo (até aqui é assim que são tratados pelo poder público, em suas três esferas, os indivíduos de nossos guetos chamados favelas, ou, usando um termo politicamente correto, “periferias”), a gente acaba concluindo que, fora do plano ideal, histórica e estruturalmente, Democracia e Capitalismo no Brasil são e serão sempre excludentes.

domingo, 22 de abril de 2012

Oração a São Jorge


Oração a São Jorge


Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge, para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.

Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.

Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua Santa e Divina Graça.

Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições; e Deus, com a sua Divina Misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos.

Glorioso São Jorge, em nome de Deus estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete, meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós.

Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.

São Jorge: rogai por nós.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O 'Schindler' italiano que salvou centenas de vidas na Argentina



  










Enrico Calamai, o 'Schindler' italiano que salvou centenas de vidas na Argentina



O diplomata italiano Enrico Calamai foi um herói silencioso que atuou no Consulado em Buenos Aires durante a ditadura, quando arriscou sua vida e sua carreira para facilitar a fuga de centenas de dissidentes políticos e partidários que pegaram em armas contra o experimento neonazista dos generais argentinos. Em conversa com a Carta Maior, em Roma, Calamai fala sobre a Operação Condor, sobre o envolvimento de diplomatas e da ditadura brasileira em assassinatos e sobre a cumplicidade do Vaticano com a ditadura argentina.

Darío Pignotti - Especial para a Carta Maior


Roma - Se a Itália fosse uma Meca do cinema político como o era nos anos 60 e 70, seguramente os estúdios romanos de Cinecittá teriam filmado algo parecido à Lista de Schindler, aquela produção de Hollywood sobre um magnata alemão que resgatou cerca de mil judeus condenados a morrer em Auschwitz. O protagonista do filme que nunca se realizou seria o diplomata italiano Enrico Calamai, um herói silencioso que atuou no Consulado em Buenos Aires durante a ditadura, quando arriscou sua vida e sua carreira para facilitar a fuga de centenas de dissidentes políticos e partidários que pegaram em armas contra o experimento neonazista dos generais argentinos.

"Nunca me detive a contar as pessoas que passaram pelo Consulado. Em um programa da RAI (TV italiana) disseram que foram mais de 400, sinceramente não sei se esse número é correto, não sei quantos receberam nossa ajuda para poder sair com vida da Argentina".

A biografia de Calamai é a de um diplomata incomum no outono portenho de 1976 quando a chegada ao poder do general Videla era bem acolhida pela maioria das embaixadas ocidentais e comemorada secretamente pela do Brasil, como consta na intensa comunicação gerada pelo então embaixador João Batista Pinheiro.

DESAFIANDO A OPERAÇÃO CONDOR

"Nós sabíamos que a Operação Condor estava atuando, ainda não a conhecíamos por esse nome, mas tínhamos notícias de que os militares brasileiros e argentinos estavam articulados para deter quem fugia da matança em Buenos Aires, por isso decidi viajar com dois ítalo-argentinos, Piero Carmelutti e Santiago Camarda, até o Rio de Janeiro. Era arriscado que fossem sozinhos. Foi no carnaval de 1977".

“Estes rapazes estiveram um tempo ocultos no Consulado, um deles tinha uma destreza artesanal para falsificar documentos e confeccionou uns que de autênticos tinham apenas as fotos”.

“Fez isso com meu auxílio, utilizando alguns carimbos que lhe facilitei, era um método não formal de fazer documentação para sair do país, não tínhamos apoio institucional, fizemos tudo às costas da Embaixada, que não me apoiava nisto”.

“Também não obtive apoio de um funcionário da Alitalia a quem propus que fizesse vista grossa e nos desse passagens diretas até Roma, o que ele recusou, escandalizando-se. Finalmente conseguimos as passagens diretas, graças ao representante da Varig na Argentina, um ítalo-brasileiro robusto e cordial".

"Nossa premissa era evitar que fossem interrogados no Rio, porque ali possivelmente havia gente do aparato de inteligência militar, e minha função era estar junto a eles para fazer valer minha condição de diplomata denunciando um eventual sequestro, como ocorreria em 1980 com o ítalo-argentino Domingo Campiglia, capturado precisamente no Rio de Janeiro" conta Calamai, com o rigor próprio de um historiador.

"Eles não podiam permanecer em Buenos Aires, mas por sua vez tinham que atravessar o cerco da Operação Condor no Rio, a única forma para que chegassem com vida à Itália".

A resistência à ditadura havia sido fraturada militarmente em 1977, ano de intenso intercâmbio entre os serviços de inteligência dos ditadores Ernesto Geisel e Jorge Videla.

Documentos a que Carta Maior teve acesso, datados daquele ano, confirmam a prioridade dada por Brasília à localização e detenção de "elementos Montoneros e do ERP (Exército Revolucionário do Povo)", para serem entregues à Buenos Aires.

Os aparelhos repressivos trabalhavam em notável sintonia. Tanto que as agências de inteligência brasileiras recebiam informações sobre as atividades da resistência argentina na Itália.

Dentro da documentação até agora secreta, obtida por Carta Maior, consta um dossiê do Estado Maior do Exército brasileiro, originado na Itália em junho de 1978, intitulado como “Movimento Peronista Montonero no exterior, Acionar, Contatos, Conexões com Grupos Terroristas, Antecedentes”.

CONSPIRAÇÃO DIPLOMATICA

As centenas de argentinos que escaparam do genocídio graças ao trabalho de Calamai não lhe valeram muito para obter uma promoção em sua carreira diplomática, dado que após haver trabalhado cinco anos na Argentina, um destino considerado de relativa importância, foi enviado a outro considerado irrelevante: o Nepal.

Diferente foi a sorte do embaixador brasileiro João Batista Pinheiro que, após seus bons ofícios diante da Junta Militar portenha, foi promovido a chefe da missão diplomática em Washington.

Pouco depois da derrubada do governo civil argentino, Pinheiro trabalhou para que Geisel enviasse, em abril de 1977, um representante a Buenos Aires, um gesto crucial para Videla, que temia sofrer o isolamento diplomático do qual padecia seu colega chileno Augusto Pinochet.

"Até agora não se estudou a fundo como atuaram os serviços diplomáticos em geral frente à ditadura", afirma Calamai durante a conversa com a Carta Maior em Roma.

E amplia: "não digo só pela Itália, me refiro à maioria dos países ocidentais, que foram completamente omissos ante as violações dos direitos humanos na Argentina".

Como nos pactos mafiosos, o grosso dos diplomáticos instalados em Buenos Aires, salvo os da embaixada do México, onde o ex-presidente democrático Héctor Cámpora recebeu refúgio durante anos, optou por omitir-se.

"Direta ou indiretamente, as principais embaixadas, inclusive aqui as da Itália, e acho lógico que também a do Brasil, embora não tenho informação concreta, foram informadas de que viria o golpe de Estado".

"Estes avisos sobre a eminente derrubada do governo civil eram também uma forma de advertir que não aceitariam que as embaixadas recebessem refugiados, como havia feito nossa embaixada e outras depois do golpe do Chile. E quase todos os países que receberam o aviso dos militares argentinos, pelo visto, entenderam o recado e o aceitaram".

"Agora, com o passar do tempo, compreendo que em torno da Operação Condor havia uma colaboração estreita das embaixadas e dos militares argentinos, e das embaixadas e seus próprios agregados militares. A diplomacia é algo muito próximo ao poder, e o foi durante as ditaduras, os diplomatas sabem que se se opuserem ao poder serão ou marginalizados, ou eliminados. Nessa época isto era um risco real".

SANTA CUMPLICIDADE

Antes da entrevista, Calamai nos mostra o Antico Café do Brasile, a poucos metros de sua casa: "antes de ser papa, João Paulo II, quando era seminarista, vinha habitualmente a este café, é um lugar simples, como podem ver".

As exéquias de João Paulo I, antecessor do papa polaco que frequentava o bairro de Calamai, foram um pretexto para estreitar as relações entre o Vaticano e Videla, que foi um dos chefes de Estado convidados. As gestões para a viagem de Videla e seu encontro com o então primeiro ministro italiano, foram realizadas pela loja maçônica Propaganda Due (P2), segundo consta em um livro lançado este ano na Universidade Roma Três.

"A loja P2 se movia como um poder oculto e gozava de uma notável influência no serviço exterior italiano e no Vaticano, e um de seus principais homens, Licio Gelli, mantinha boas relações na Igreja".

"O Vaticano esteve muito próximo do regime argentino, não só porque coincidia com seu anticomunismo, mas porque contribuía na decisão de Roma de terminar com a teologia da liberação na América Latina. Dizia-se que o núncio apostólico jogava tênis com o almirante (Emilio) Massera", um dos membros da Junta, a quem correspondia o controle do Ministério do Exterior argentino.

"Mas também é preciso lembrar que os motivos ideológicos que levaram o Vaticano a apoiar os militares eram tão importantes como os interesses econômicos de empresas ligadas à Igreja que estavam radicadas na Argentina".

Estas razões contribuem para explicar, segundo Calamai, porque o Estado do Vaticano omitiu-se durante anos em denunciar o genocídio argentino e negou ajuda aos familiares dos desaparecidos e prisioneiros.

"Existem muitas coisas que escaparam da minha memória, mas o que lembro é que, quando falava com diplomatas de outros países sobre as violações dos direitos humanos, praticamente todo mundo dizia que ninguém ia à Nunciatura porque não os recebiam".

Tradução: Libório Junior

Fonte: Carta Maior

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Referendo aprova plantio da maconha






Plantio de maconha em grande escala passa em referendo na Espanha






Roma, 11/04/2012 - A mídia televisiva, ontem, esteve em peso na Catalunha (Espanha). Mais especificamente em Rasquera, a primeira cidade espanhola a se declarar irremediavelmente quebrada financeiramente.

Além de jornalistas de países da União Europeia em dificuldades econômico-financeiras, e com as bolsas de valores em queda (a Bolsa de Milão ontem foi a que mais caiu e a mídia italiana se agitou), estavam presentes em Rasquera, para surpresa geral, enviados da  Coreia do Sul e do mundo árabe —  a erva canábica é muito difundida no Líbano. Vale lembrar que o Marrocos (não o Afeganistão como procuram sustentar por interesse geopolítico os 007 da CIA) é o maior produtor mundial. Para se ter ideia, o Produto Interno Bruto do Marrocos (PIB) é dependente da maconha, do haxixe e do óleo canábico. Levantamentos mostram que 96 mil famílias marroquinas dedicam-se e dependem economicamente do cultivo da erva. No Vale do Rif, principal região de produção, são cultivados 120.500 hectares de maconha. Para a Europa, o Marrocos envia 2.700 toneladas de maconha e derivados.

Com a cidade de Rasquera quebrada, os moradores pressionaram os seus representantes e saiu, ontem, um referendo vinculante sobre se admitir o plantio, em grande escala. Isso para venda destinada ao consumo lúdico-recreativo.

Na madrugada de hoje, já se comemorava  o resultado: 56% de aprovação. O referendo não foi realizado com base em sonhos e fantasias. Uma área certa, empregada até agora no plantio de oliva, será destinada ao cultivo canábico.

Mais ainda, já existe cliente certo para a aquisição da produção da maconha. O comprador será a Associón Barcelonesa Canábica de Autoconsumo (ABCDA). Uma associação com mais de 5 mil sócios registrados (maconheiros de carteirinha) que pagam a mensalidade pontualmente.

A ABCDA já havia assinado contrato que estava apenas condicionado ao resultado do referendo. Nele existe cláusula expressa de que, nos primeiros dois anos, serão pagos 1,3 milhões de euros. De pronto, serão criados 40 postos de trabalho diretos.

O prefeito da cidade catalã de Rasquera, Bernat Pelissa, trabalhou contra a aprovação do referendo. Ele chegou a afirmar que renunciaria ao mandato caso fosse aprovado o referendo com um mínimo de 75% de votos. Ontem, com o resultado proclamado, Pelissa fez discurso que não renunciaria e a lei referendada por consulta popular seria sancionada.

Pano rápido. A primeira vez em que se pensou e projetou usar a maconha para sair da crise foi na quebrada Califórnia. Os traficantes  já devem estar preocupados.

Wálter Fanganiello Maierovitch

Fonte: Terramagazine

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Saudade









É, meu irmão...

saudade é a presença da ausência, daquela ausência imensa que invade nossa vida, nosso espaço e nossa alma. 

Ela é fruto de momentos vividos, de pessoas amadas, que ficam vívidos em mossas lembranças, em nossa memória, recontando uma história a pedido de nosso amor e de nosso desejo de visitar o ontem... ou trazê-lo de volta. 

Nem sempre isso é possível. Pelo menos, não imediatamente. 

Então nos sobra a saudade e as lembranças para cirandarem com o nosso amor no amplo salão da memória. 

Pelo menos, ainda temos isso. 

Um abraço, meu irmão. 

Força e muita paz em seu coração.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

- "Como faz barulho o silêncio da omissão!"


 
Depois do Ato contra a comemoração ao golpe de 64, olhei pelo retrovisor o passado e, ainda pensativo, dei uma espiada no presente que, segundos após, se tornaria passado.

E pensei com meus botões: - "Como faz barulho o silêncio da omissão!"

segunda-feira, 2 de abril de 2012

País que tem advogados como o presidente da OAB-Federal, nem precisa de Ministério Público.






País que tem advogados como o presidente da OAB-Federal, nem precisa de Ministério Público.






Não gosto do político nem da pessoa chamada Demóstenes Torres.  Mas não posso pactuar com as palavras do presidente da OAB,  Ophir Cavalcante, quando ele afirma que arenúncia é a “única saída” para o senador, já que, segundo sua avaliação ele “perdeu a condição de falar em nome de seus eleitores, do povo de Goiás.”

Isso, partindo do presidente nacional da Ordem dos advogados do Brasil é minimamente estranho e tem contornos fascistas.  Quem tem um advogado desses, nem precisa a participação do Ministério Público: o sujeito está condenado.

Onde está a ampla defesa, dr. Ophir?

Ao atropelar a necessidade do devido processo legal, e, pela mesma via, o princípio da inocência presumida, jogou na lixeira o que todo advogado tem o dever de defender: ninguém poderá ser considerado culpado sem que se esgotem todos os recursos, sem o trânsito em julgado da sentença penal.  Esse é um princípio basilar para um Estado Democrático de Direito.

Não quero minha pátria com uma justiça fascista!

Creio que, partindo do princípio norteador da justiça para sua excelência, ele também deveria renunciar à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil.

Talvez sua excelência devesse se desculpar.  E, juntamente com Demóstenes, sair da cena pública.

Paulo da Vida Athos

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