domingo, 27 de maio de 2007

LULA, ONTEM E (AINDA) HOJE

















LULA, ONTEM E (AINDA) HOJE


Caro mestre e amigo Odemar Leotti,


Não vou responder agora quanto à minha indignação. Estou analisando para não me precipitar, querendo olhar o prisma em seu todo.

O funcionalismo federal, em alguns setores mais e outros menos, está há décadas com o salário corroído. Pior ainda a grande massa, aquela que tem como base o salário mínimo (veja que estou excetuando os que nem isso tem): nesse aspecto a coisa é inominável.

Verdade que o salário mínimo teve aumento real, não apenas nominal, mas é real que sua qualidade de aviltamento continua igual. Mas isso também é um trem que não se resolve por decreto.

Não acho justo o aumento de Lula, dos congressistas e de ninguém que ganhe mais que 10 salários mínimos enquanto nossa realidade for essa que aí está. Realidade indigente. Inumana.

Dou razão a você quando afirma sobre o posicionamento de Lula "SE OS OUTROS FUNCIONÁRIOS NAO VÃO TER EU TAMBÉM NAO QUERO TER. ISSO SERIA HONRADO. SE FOSSE EU LÁ FARIA ISSO".

A grande questão que eu enfrentaria seria mais contundente até, e tanto que não sei qual seria o desfecho final em relação ao povo brasileiro. Em meu radicalismo não pagaria mais os juros da dívida interna. Aliás, nem a dívida real (caso ainda exista de fato). Mas e as conseqüências? Não sei. Mas Brizola pregava isso em um mundo que, então, não era tão globalizado como hoje. Sabemos que não basta querer não pagar. Assim como não basta querer colocar o salário mínimo em R$3.800,00. A banca não bancaria.

Não é de fácil solução (se é que existe alguma sem passar por graves depressões ou convulsões e se é que tal levaria a algum lugar melhor).

Poderia afirmar a você, que tem meu respeito e admiração, que descarto Lula de pronto, nesse momento. Não. Ainda não, para mim. Claro que tenho clara a visão de seus erros como governante e, dentre eles, o mais grave é o que agora desfralda: a Lei de Greve.

Greve é greve. Greve se opõe. Contra tudo, todos e, principalmente, não se adequa a normas. A norma da greve é seu fim. Os meios não são importantes e regras são feitas para que ela, a greve, as descarte.

Esse erro em Lula é imperdoável.

Porém, caro amigo e mestre, Lula, Collor, Jango, Getúlio, etc. não têm muita importância para mim: e sim o povo. O que está sendo por ele, o povo, conquistado. E, por enquanto (e não me refiro a amanhã de manhã), ainda não vejo alguém que possa fazer melhor que ele em seu lugar. Talvez Heloísa Helena. Talvez.

Não sou filiado a nenhum partido político, hoje. Não creio ser preciso. Prefiro me engajar nas lutas que, independente de sua origem ideológica, vá atender aos anseios do povo. Essa é minha bandeira. E principalmente pelos mais miseráveis entre os miseráveis.

Creio na política e nos resultados dela. Não creio na maioria dos políticos, o que é bem diferente.

Sintetizando, discordo de Lula quanto a aceitar o aumento de seu salário, creio que a atitude que você tomaria em seu lugar é a única digna e que se amoldaria à história dele como político.

E, mesmo assim, ele deveria lutar contra a tal Lei de Greve, ou declarar seu distanciamento de sua trajetória enquanto líder classista e sindical, devotando-se de vez ao neoliberalismo que, como sabemos, jamais compatibilizará crescimento econômico sustentável com uma justa distribuição de renda, como alardeiam.

Como vê, estou em compasso de observação.

Tenho muitas críticas a Lula. Mas ainda são mais relevantes as críticas positivas que tenho com relação a ele.

Ou seja, ainda não perdi a esperança em que o povo tenha um ganho real, nem creio que qualquer lei contra greve tenha aplicabilidade fora dos limites que já hoje temos.

Com minha admiração e respeito,

Paulo.



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