Torcida organizada ou organização criminosa?
Paulo da Vida Athos
“Cerca de 30 integrantes de uma facção organizada do Fluminense invadiram o treino da equipe na tarde desta terça-feira, nas Laranjeiras. A atividade mal havia começado quando os “torcedores” entraram no gramado e partiram para cima dos jogadores. Na confusão, Diguinho levou um soco no estômago.”
Com essa abertura, a maioria dos jornais online noticiaram a ação que envolveu “torcedores”, jogadores e funcionários do centenário clube carioca.
Os ditos “torcedores” se investiram da toga do arbítrio e resolveram julgar, condenar e executar a sentença contra os jogadores que, na visão deles, não serviam para o Fluminense, e resolveram partir em direção aos que lá estavam exercitando o mais nobre dos direitos, o seu ofício, e contra os mesmos perpetraram brutal e covarde agressão que apenas não chegou a vias de fato vez que o clube, prevenido em razão das notícias que vazaram das comunidades de relacionamento na internet reforçaram a segurança que, assim, conseguiu conter os ânimos da única forma que bandido entende: à bala.
Muitas lições podem ser tiradas desse lamentável episódio.
Primeiramente fica de forma solar exposta que de torcedores eles não têm nada, são criminosos e como tal devem ser tratados. Imaginem que vire moda e, amanhã, com o caos instalado, tais práticas sejam estendidas a outros ofícios como a política, a Justiça, religiosos, segurança pública, saúde e educação, onde a insatisfação popular as vezes ganham contornos dramáticos.
Estamos a um passo disso.
Outra chaga que fica exposta é a incapacidade crônica de nossas autoridades de se anteciparem a fatos e tragédias que ficam mais que anunciados à luz da lógica e da observação do que ocorre nos desvãos da sociedade.
É obvio que já de há muito as câmeras do Maracanã deveriam estar filmando as caras das figurinhas carimbadas das torcidas organizadas. Estão lá em quase todos os jogos e em todas as torcidas dos quatro grandes clubes do Rio. Sabidamente se vende de ingressos a entorpecentes no maior estádio do mundo, para nossa vergonha maior, e, com toda aquela tecnologia, não se faz um trabalho científico em cima dos caras, filmando em todos os jogos, quebrando o sigilo telefônico de suas sedes e sub-sedes e também de seus membros e daqueles que mais se telefonam.
Eles falam, e muito, por celulares, telefones e rádios, além dos telefones fixos, além dos programas MSN, Messenger, Hotmail, Yahoo e outros, e, certamente, vão dar mole nos papos (isso é coisa de quem se acha malandro e todos eles se acham), e, no final das contas, ficará provada a estabilidade e permanência que são os elementos constitutivos do crime de associação criminosa, art. 288 do Código Penal, que tem pena de até seis anos quando o bando é armado (e quanto a isso não há duvida, basta ver o número de baleados em brigas dessas verdadeiras associações para cometimento de crimes). E a prisão é em flagrante, mesmo com o sujeito dormindo, depois de reunida a prova técnica, vez que esse é um crime em Direito, classificado como permanente, da mesma forma que o sequestro.
Depois, condenados, eu quero ver como ficarão os fanfarrões que foram lá para juntar Diguinho na covardia.
Eles e aqueles que saem do Maracanã fazendo arrastões ou disparando em via pública, sem se importar se vão matar, se vão atingir seus inimigos ou um inocente qualquer que esteja passando no lugar errado e na hora errada nessa cidade de guerra sem fim.
Mas tem que ter um fim. Porém, para tal, tem que haver um início. As caras dos agressores de Diguinho está nos jornais e na internet. Esse é o ponto inicial. Identificar é fácil, são figurinhas já carimbadas e o GEPE ou a DRACO, ou ambos em trabalho conjunto, podem dar nomes aos bois. Aí quero ver aquele cara que disse a um diretor idiota do Fluminense, que ainda deu ouvidos àquele bando de criminosos,indagando se queriam falar com o Parreira (coitado do nosso técnico Carlos Alberto), que queria sim, que era para ter um papo de homem.
Para com isso...
Homem que só é macho com uma quadrilha em volta é tudo, menos homem. Aliás, tem muito homem assim servindo de tindá nas cadeias da vida...
O cara é apenas um covarde e como tal deve ser tratado, mas com o devido processo legal. E a cara dele e de outros mais estão em todas as fotos e filmagens que vi. Querendo, senhores: é só agir...
Acho que já passou da hora do Estado dar uma resposta efetiva àqueles que, sob o título de torcedor, associa-se em facção criminosa para se sentir mais corajoso para perpetrar suas covardias e seus crimes.
Basta!
Foto: G1
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