segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Pauta golpista: 'Folha' pede que se dê "paradeiro" no lulismo



Pauta golpista: 'Folha' pede que se dê "paradeiro" no lulismo


Por Celso Lungaretti

Quando surgiam as mais escabrosas revelações sobre o esquema de corrupção montado por PC Farias, meus colegas de trabalho no Palácio dos Bandeirantes, alguns com décadas de atuação na imprensa governamental, eram unânimes em afirmar que o tesoureiro de Fernando Collor apenas fizera , de forma mais amadoresca, o que todos faziam: "Onde já se viu passar cheques a torto e a direito? Deveria pagar tudo em dinheiro vivo, como o daqui..."

Por conhecer a História deste país e saber muito bem como aquilo que todos fazem foi trunfo importante para os conspiradores que causaram a morte de Getúlio Vargas e derrubaram o governo legítimo de João Goulart, eu reintroduzi no debate político uma velha máxima do Paulo Francis: combate à corrupção é bandeira da direita.

Agora, talvez, a ficha caia para os companheiros que não concordaram comigo quando a bola da vez era Daniel Dantas -- o qual, como PC Farias, apenas dera bandeira ao fazer o que fazem todos os banqueiros (parasitas supremos do capitalismo), pois o maior roubo de todos é a própria fundação do banco, como falou e disse Bertold Brecht.

Agora, foi só ser exposto um dos infinitos esquemas de corrupção existentes no Brasil e a mídia golpista já começou a espalhar sugestões veladas de golpe de estado, como faz a Folha de S. Paulo em seu editorial desta 6ª feira (17):

"Nesta hora em que as pesquisas de intenção de voto apontam para uma vitória acachapante da candidata oficial, mais do que nunca é preciso estabelecer limites e encontrar um paradeiro à ação de um grupo político que se mostra disposto a afrontar garantias democráticas e princípios republicanos de forma recorrente".

Estando a candidata oficial prestes a ser eleita de forma acachapante, qual o paradeiro que se poderá dar à ação do grupo político que o editorialista da Folha qualifica de delinquente contumaz?

Ora, se a afronta à democracia e à república vem sendo recorrente, depreende-se que o Legislativo e o Judiciário não estejam conseguindo encontrar tal paradeiro.

Então, quem será o verdadeiro destinatário da conclamação do jornal da ditabranda? Os fardados, que não têm a missão constitucional de serem instrumento de paradeiro nenhum, mas a direita sempre tenta convencer a agirem como tal?

Os precedentes levam a crer que sim...

De resto, espero que os companheiros de esquerda façam uma rigorosa autocrítica por terem, como eu sempre adverti, levado água para o moinho da direita, ao estimularem as Operações Satiagrahas e Leis da Ficha Limpa da vida, como se fossem meros pequeno-burgueses moralistas.

A posição de revolucionários deve ser sempre inequívoca, incisiva e didática: a corrupção é inerente ao capitalismo, que coloca a ganância e a busca do privilégio acima de todos os outros valores da vida social, então só será extinta quando o próprio capitalismo for extinto.

Estimular ilusões reformistas pode render votos e proporcionar pequenos ganhos políticos, mas implica cumplicidade com o anestesiamento da consciência das massas, ao incutir-lhes a esperança de que meros retoques na fachada salvarão um edifício cujos alicerces estão podres.

"Que suas palavras sejam sempre sim, sim, ou não, não, pois tudo o mais será sugerido pelo demônio", disse um santo medieval.

Fonte Blog do Celso Lungaretti


Comentário de Odemar Leotti

Transcrevo manifestação inflamada e erudita, além de certeira, como sempre, de Odemar Leotti, ao comentar a conjuntura que vivemos, pautado na leitura do texto de Lungaretti, mas não em cítica a ele, ao texto, mas ao que se desenha ideologicamente no pais no embate que vivemos nessa quadra do tempo. O texto-comentário ainda será revisto por Leotti, mas não pude resistir em levar a todos:

"Olha Paulo, a questão do capitalismo se dá á leitura em seu âmbito cultural do que da forma de política a partir do classismo como vejo uma esquerda assanhada e que acaba fazendo coro com a direita. Veja vc o comportamento da esquerda no horário eleitoral: na sanha produzida por teorias fossilizadas e que já custaram caro aos movimentos sociais e políticos fazem coro com a direita e no afã de colocar todos no mesmo saco se acham como fora dele. Ao invés de mostrarem em seus horários eleitorais da necessidade da democracia como forma de luta pela vida, mesmo sabendo de sua forma liberal, se utilizam desse canal para pregar o radicalismo e principalmente para atacar a ala que entendem concorrer com eles. Tudo isso inspirado nas experiências já obsoletas de implantação socialista. Acho que o PT está correto na sua luta por colocar o povo como determinador, mesmo que isso custe mais tempo. Pois sei que o povo pensa e sabe conduzir como está sabendo. É essa sabedoria que causa temor na direita e ela nasce, como disse Tocqueville, quando visitou os E.U.A no século XIX, que o patriotismo lá se dava pelo fato do povo sentir que a pátria se traduzia em seu bem estar. E é por esse povo sentir na pele, ou seja, em algo palpável, que essa pátria começa a ser sua mâe gentil. O povo é prático e isso é uma sabedoria: sem algo palpável não acredita: o clientelismo se utiliza disso e o LULA rompeu com esses dois angulos: da prática nefasta do populismo e das ofertas abstratas que colocam o povo como alienado feito pelos teóricos de esquerda, como bem ilustra o comportamento arrogante do candidato do PCO.

Completando: o que menos os liberais suportam é o liberalismo: portanto o PT está apenas fazendo a regra deles funcionar e é isso que eles tem horror. O governo está apenas fazendo o que eles deveriam fazer e não fizeram: fazer o capitalismo responder aos anseios que criou quando falou que o progresso econômico traria em seu bojo o progresso social e com ele o progresso humano em seu tom emancipatório. Portanto o que o governo encabeçado pelo PT fez foi o mais democrático possível: creditou novo conceito de poder. Não um poder preso à consciência de classe, mas um poder que não se localiza mas se traduz nas formas dos indivíduos se manifestarem politicamente. No que concerne ao momento eleitoral, votam da alhos a bugalhos, ou seja, votam em candidatos da direita à esquerda. É com esse poder daí produzido que se comporão as forças parlamentares e delas a demora das aprovações de leis em favor do próprio povo que os colocaram lá. Portanto LULA tem que conviver com essa multiplicidade de poder e o faz com dignidade e respeito. Veja você que ele compõe seu campo aliado não porque está pelegando como quer a esquerda presa ao modelo ideológico marxista que coloca o conceito unicamente de classes sociais. Respeita a regra do jogo, faz funcionar o que eles nunca conseguiram, nem esquerda sectária nem direita obtusa, ou ambos obtusos e arrogantes. Depois vou ver se transformo isso em um artigo. Não sei farão publicar onde né, mas a gente solta na net pelo menos. Fé no povo que eles sabem muito bem diluir os universais. Abraços do ODEMAR. ”


Um comentário:

Anônimo disse...

Valeu grande companheiro e amigo Paulo David. Obrigado pelo entusiasmo que causa em meu ser com sua sensibilidade poética e suas palavras amigas e confortadoras. Um dia nos veremos e bebemoraremos. Até a vitória contra os parasitas da elite podre.

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