terça-feira, 25 de outubro de 2011

Kadhafi e filho assassinados juntos no fim da "ajuda humanitária" feita pela OTAN à Líbia



Veja vídeos da morte de Kadhafi que geraram contradições sobre o fato. Imagens da captura e de supostos matadores de Kadhafi foram divulgadas. Pelo menos três combatentes assumiram a autoria da morte em gravações.





Após o anúncio da captura seguida da morte do ex-ditador líbio Muammar Kadhafi na última quinta-feira (20), diversos vídeos feitos por combatentes da transição trouxeram detalhes sobre a maneira como ele e o filho, Muatassim, foram tratados pelos adversários.

As gravações, no entanto, não esclarecem as circunstâncias exatas da morte do ex-ditador e trazem informações contraditórias às versões que têm surgido.


Capturado


Um dos primeiros vídeos que surgiu na internet e foi reproduzido pela TV Al Jazeera mostra o ex-ditador da Líbia ainda vivo pouco antes de sua morte, em imagens aparentemente feitas com um telefone celular.

Em outro vídeo, de uma TV local, também publicado no blog da Al Jazeera, o coronel aparece ferido, enfraquecido e sendo barbarizado e empurrado pelos combatentes leais ao novo governo da Líbia, próximo à cidade de Sirte, da qual ele tentava fugir em um comboio.

Horas depois, mais um vídeo do momento em que Muammar Kadhafi foi capturado pelas tropas do Conselho Nacional de Transição (CNT) veio à tona. As imagens violentas aumentaram as suspeitas de que Kadhafi teria sido executado pelos inimigos.

Na gravação, o ex-ditador pede misericórdia enquanto recebe tapas e chutes e tem uma arma apontada contra sua cabeça. Ele balbucia – em árabe – que aquele tipo de tratamento é proibido. É possível ouvir claramente o barulho de tiros durante a cena.

No domingo (23), o grupo de mídia líbio Freedom Group postou um novo vídeo que também mostra o momento da captura do ex-ditador da Líbia, com resolução melhor que os anteriores.

Assista ao vídeo no YouTube (atenção: as imagens são fortes).


Muatassim Kadhafi é visto fumando em vídeo publicado na internet (Foto: Reprodução/Youtube)Muatassim Kadhafi é visto fumando em vídeo publicado na internet (Foto: Reprodução/Youtube)

Filho de Kadhafi


Um vídeo divulgado na internet na sexta-feira (21), dia seguinte às mortes, mostra Muatassim Kadhafi, filho do ex-ditador líbio, fumando um cigarro e tomando água antes de morrer com seu pai, na véspera. A camisa dele tem manchas de sangue. Veja a gravação no Youtube.


Pós-morte


A mídia internacional mostrou ainda quinta (20) um vídeo do que seria o cadáver do ex-ditador da Líbia, pouco depois de ele ter sido morto por combatentes leais ao CNT perto de Sirte.


'Matadores'


Pelo menos três vídeos mostraram diferentes combatentes líbios que se disseram responsáveis pelos tiros que mataram Muammar Kadhafi, o que bate de frente com afirmações do CNT de que não teria sido uma execução.

Nas imagens ao lado, um jovem de apenas 18 anos empunha uma arma dourada que seria do ex-ditador, e é aclamado por companheiros.

Em um vídeo postado na internet na sexta-feira (21), um jovem mostra o que seriam o casaco e a aliança de Kadhafi, e diz ter sido o responsável por dois tiros que tiraram a vida do ex-ditador.

Já uma gravação obtida pela BBC mostra um grupo de combatentes celebrando a morte do ex-líder da Líbia com outro combatente, que, segundo eles, teria executado Khadafi.


Jovem líbio afirma ter matado Muammar Kadhafi com dois tiros (Foto: AFP/Youtube)
Jovem líbio afirma ter matado Muammar Kadhafi com dois tiros (Foto: AFP/Youtube)

Fonte G1

IAB - Movimento anticorrupção



Fernando Fragoso
O IAB observa com entusiasmo os movimentos da sociedade civil a reclamar providências em face dos altos índices de corrupção que presenciamos no país. A manifestação pacífica, organizada através de convocações pela internet, demonstra o poder de mobilização, fruto da indignação do povo contra atos dos gestores da coisa pública.

Ainda que a prática de desvios de dinheiros públicos e de oferta e percepção de vantagens indevidas não seja um problema apenas do Brasil, é relevante sublinhar a estimativa da FIESP: cerca de 65 bilhões de reais ao ano são drenados para os corruptos. Segundo o Banco Mundial, 1,6% do PIB planetário se perde nos ralos da corrupção.

A prática é de difícil comprovação. Pois tanto o corruptor como o corrompido atuam de forma encoberta, já que ambos praticam delito. A Justiça não opera com conjecturas e indícios, exigindo, para condenar, prova obtida sob contraditório, acima de dúvida razoável.

Se, de um lado, as passeatas e as manifestações dos vários segmentos constituem um brado de justa rebeldia e inconformismo da sociedade contra estas constantes ocorrências; de outro, é indisputável que não se muda o caráter das pessoas de um dia para outro. Uma pessoa de bom caráter é resultante de sólida formação moral. Formação moral que vem da família e da escola.

Distingue-se, pois, um movimento popular que conduz ao impeachment de um governante daquele que protesta contra a corrupção. O Brasil assiste a acusações de corrupção há décadas, pouco importando qual dos partidos se encontra no poder. Em todos os períodos da vida republicana, com maior ou menor intensidade, mais evidente ou menos visível, todos os governos foram protagonistas de denúncias graves de corrupção. Quem era oposição no passado, denunciava atos de improbidade do governo de sua época, se torna situação e protagoniza exatamente o mesmo cenário, como se chegara sua vez de aproveitar-se da viúva.

É certo que o voto popular é único instrumento de seleção dos políticos. Por outro lado, verifica-se que os amigos dos eleitos são trazidos para a administração pública, em todos os níveis, demonstrando que, se foram barrados pelo eleitor, são restaurados pelo esquema de poder. Aí estão ministros, assessores de todo gênero e escalão, a comprovar a afirmação.

Os advogados aliam-se ao movimento que precisa e deve ter desdobramentos. O episódio da deputada Roriz revela indignidade para o exercício de qualquer função pública, independentemente de deter ou não mandato na ocasião da percepção da vantagem econômica. A Câmara dos Deputados perdeu excelente oportunidade de demonstrar sua repulsa a atos espúrios confessadamente realizados por um de seus membros. O resultado é a paulatina perda dos derradeiros sentimentos de confiança da população no Poder Legislativo, o que bem se constatou durante a passeata de Brasília deste 7 de setembro, quando políticos foram convidados a dela se afastar.

Fonte: IAB

Fernando Fragoso, presidente do IAB: “O CPP que está vindo aí é tão ruim quanto o antigo”









Durante a XI Conferência dos Advogados do Rio de Janeiro, realizada nos dias 20 e 21 outubro de 2011 o presidente do IAB – Instituto dos Advogados Brasileiros – o Professor Fernando Fragoso, advogado, doutor e mestre em Direito Penal deixou claro que a atual reforma do Código de Processo Penal irá torna-lo tão ruim quanto o anterior e suas emendas, afirmando: “O CPP que está vindo aí é tão ruim quanto o antigo, que sofreu já modificações em sua espinha dorsal em 2008”

Essa Conferência é preparatória para a Conferência Nacional, que será entre 20 e 24 de novembro, em Curitiba.

Recursos e habeas corpus são destaques em debate sobre reforma do CPP

A discussão sobre a reforma do Código de Processo Penal (CPP) reuniu, em mesa mediada pelo advogado criminalista Luís Guilherme Vieira, o ex-secretário de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, Pierpaolo Cruz Bottini, o presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Fernando Fragoso, e o professor de Processo Penal Paulo Freitas Ribeiro.

Bottini considerou interessante, “na tentativa de aproximar o nosso sistema processual penal de um sistema acusatório”, a ideia de que o juiz não possa determinar a produção de provas, de ofício, durante a fase de investigação”. No texto aprovado, a colheita de provas fica entre o Ministério Público e a Polícia, a não ser que haja alguma providência que necessite de autorização judicial. O jurista elogiou, também, a busca de agilização processual por meio da supressão de fontes de nulidade. “Parece-me que o legislador foi feliz nessa questão, pois quando se fala em dar agilidade, pensa-se logo em supressão de recursos, o que não funciona nem no processo civil nem no processo penal”.

Sobre a polêmica inclusão da figura do juiz de garantias no CPP, Bottini explicou que a intenção foi garantir, na primeira fase de persecução penal, a legalidade da investigação criminal com equidistância e a imparcialidade, com respeito aos direitos e garantias fundamentais do suspeito ou indiciado. Na fase posterior, outro juiz atuaria na causa. O jurista manifestou dúvidas quanto à possibilidade de o Judiciário conseguir se estruturar para atender à disposição: “Existem comarcas que não têm dois juízes. Como vão fazer?” – questionou.

Depois de analisar diversos aspectos do novo CPC, Bottini alertou para a possível votação, em breve, na Câmara dos Deputados, de projeto que trata de lavagem de dinheiro, e manifestou “muita preocupação” com um dispositivo que impõe ao advogado que presta consultoria a notificação das autoridades se tomar conhecimento de crime. “Esse advogado, mesmo recusando a prestação da consultoria, terá que comunicar o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, vinculado ao Ministério da Fazenda). Isso não só o transforma em colaborador como implica quebra de confiança com o cliente, que é a base do nosso exercício profissional”, afirmou.

O presidente do IAB não se mostrou entusiasta do novo código. “O CPP que está vindo aí é tão ruim quanto o antigo, que sofreu já modificações em sua espinha dorsal em 2008”, afirmou. Fragoso criticou o fato de a comissão que elaborou o texto “não ter tido a ousadia” para enfrentar a questão de permitir, ou não, poder investigatório ao Ministério Público – deixando a decisão para o Supremo Tribunal Federal. Ele também se mostrou crítico em relação a falhas no processo judicial eletrônico que, em contradição ao Estatuto da Advocacia, dificulta o acesso aos autos de advogado sem procuração.

O habeas corpus foi o foco da apresentação do advogado Paulo Freitas Ribeiro. Apesar de o novo CPP não ter alterado o instituto, ministros do Judiciário têm se manifestado favoravelmente à sua restrição nas instâncias superiores, lembrou. Freitas foi incisivo ao considerar que o habeas corpus serve para atacar qualquer ilegalidade no processo em andamento. “O problema do Judiciário não é excesso de recursos, é falta de estrutura do sistema”, disse.

Fonte: OAB-RJ

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Fidel Castro: O papel genocida da Otan






Fidel Castro: O papel genocida da Otan




Neste domingo (23), o líder da Revolução cubana Fidel Castro iniciou uma nova série de Reflexões sobre a Otan, organização agressiva e genocida a serviço do imperialismo norte-americano e as potências da União Europeia. Leia a tradução inédita em português.

Essa brutal aliança militar se converteu no mais pérfido instrumento de repressão que a a história da humanidade já conheceu.

A Otan assumiu esse papel repressivo global tão logo a URSS, que tinha servido aos Estados Unidos de pretexto para criá-la, deixou de existir. Seu propósito criminoso se tornou patente na Sérvia, um país de origem eslava, cujo povo lutou tão heroicamente contra as tropas nazistas na 2ª Guerra Mundial.

Quando em março de 1999 os países dessa nefasta organização, em seus esforços por desintegrar a Iugoslávia depois da morte de Josip Broz Tito, enviaram suas tropas em apoio aos secessionistas kosovares, encontraram uma forte resistência daquela nação cujas experimentadas forças estavam intactas.

A administração ianque, aconselhada pelo governo direitista espanhol de José Maria Aznar, atacou as emissoras de televisão da Sérvia, as pontes sobre o rio Danúbio e Belgrado, a capital desse país. A embaixada da República Popular da China foi destruída pelas bombas ianques, vários funcionários morreram, e não podia haver erro possível como alegaram os autores. Numerosos patriotas sérvios perderam a vida. O presidente Slobodan Milosevic, premido pelo poder dos agressores e o desaparecimento da URSS, cedeu às exigências da Otan e admitiu a presença das tropas dessa aliança dentro de Kosovo sob o mandato da ONU, o que finalmente conduziu à sua derrota política e seu posterior julgamento pelos tribunais nada imparciais de Haia. Morreu estranhamente na prisão. Se resistisse uns dias mais o líder sérvio, a Otan teria entrado em uma grave crise que esteve a ponto de eclodir. O império dispôs assim de muito mais tempo para impor sua hegemonia entre os cada vez mais subordinados membros dessa organização.

Entre 21 de fevereiro e 27 de abril do presente ano, publiquei no sítio CubaDebate nove Reflexões sobre o tema, nas quais abordei com amplitude o papel da Otan na Líbia e o que a meu juízo ia ocorrer.

Vejo-me por isso obrigado a uma síntese das ideias essenciais que expus, e dos fatos que foram ocorrendo tal como foram previstos, agora que um personagem central de tal história, Muamar Kadafi, foi ferido gravemente pelos mais modernos caças-bombardeiros da Otan que interceptaram e inutilizaram seu veículo, capturado ainda vivo e assassinado pelos homens que essa organização militar armou.

Seu cadáver foi sequestrado e exibido como troféu de guerra, uma conduta que viola os mais elementares princípios das normas muçulmanas e outras crenças religiosas prevalecentes no mundo. Anuncia-se que muito breve a Líbia será declarada "Estado democrático e defensor dos direitos humanos".

Vejo-me obrigado a dedicar várias Reflexões a estes importantes e significativos fatos.

Fidel Castro Ruz

23 de outubro de 2011

18h10

Tradução da Redação do Vermelho

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Manifesto ao mundo do Partido Comunista da Síria


Partido Comunista Sírio (Unificado)

Uma carta ao Mundo Comunista e aos Partidos Operários

Saudações camaradas

Gostaríamos de apresentar-lhes uma breve análise dos sucessivos acontecimentos recentes em nosso país, Síria, e, para tanto, devemos elucidar alguns fatos e desvendar algumas mentiras fabricadas e publicadas pela propaganda imperialista contra a Síria.

Desde o início dos eventos, em Março, estações de TV na América, Reino Unido e França, algumas estações no mundo Árabe e centenas de sites da internet têm se mobilizado para falsificar, da melhor maneira que puderem, a realidade e, na medida em que a opinião pública se volta para essa causa, programas especiais são transmitidos para servirem a esse propósito dia e noite.

O presidente norte-americano divulga, diariamente, notas que expressam seu tratamento contra a Síria, assim como uma intervenção flagrante nas relações internas do povo Sírio. Oficiais de alta patente da União Européia têm imitado o presidente Americano.

Tais tratamentos e intervenções chegaram ao auge quando o presidente norte-americano apontou a irrelevância e ilegitimidade do regime Sírio. Ásperas e injustas sanções econômicas foram impostas contra o povo Sírio. Ainda mais perigosos são os planos endossados pela OTAN de compartilhar ondas de ataques aéreos, por algumas semanas, contra 30 áreas estratégicas na Síria, exatamente igual ao que aconteceu na Iugoslávia.

Alguns oficiais europeus jamais hesitarão em comparar a situação na Síria, como se fosse a cópia exata da crise Líbia, onde milhares de civis foram massacrados, dezenas de áreas econômicas foram destruídas pelos ataques aéreos.

Estados membros da aliança imperialista têm tentado, de todas as maneiras possíveis, aprovar uma resolução do Conselho de Segurança da ONU condenando a Síria para, em seguida, adotar sucessivas resoluções a respeito, para tornar “legal” uma agressiva campanha contra nosso país. Agradecemos a oposição a esses planos por parte da Rússia e da China, acompanhadas, até agora, pela África do Sul, Índia, Brasil e Líbano. As tentativas imperialistas no Conselho de Segurança da ONU foram, até agora, infrutíferas.

Todas essas movimentações acontecem sob dois pretextos:

1. Manifestantes na Síria estão sendo mortos, procedimentos de segurança estão sendo empreendidos para lidar com os manifestantes;

2. Manipulações das deficiências do regime Sírio, assim como a falta de democracia e o monopólio do poder por parte do partido no poder, com o intuito de pressionar o regime para adotar algumas mudanças internas, embora qualquer mudança interna deva ser considerada como parte da soberania nacional do país.

Na realidade, diversas manifestações de protesto começaram em março pedindo reformas social, econômica e democrática. A maioria dessas demandas foi apoiada pelo nosso partido como uma forma de lidar com os efeitos nocivos da implementação de um programa liberal na economia (de acordo com o Fundo Monetário Internacional) e a transformação da Síria em um mercado econômico. Os efeitos foram nocivos para o nível de vida das camadas pobre e média. Essas manifestações eram pacíficas, mas cedo foram manipulados por fundamentalistas religiosos e grupos radicais, cuja ideologia data de antes da idade média.

As manifestações se transformaram de pacíficas para armadas, buscando alcançar propósitos que não têm nenhuma ligação com as reformas políticas e sociais. Ao tratar com essas manifestações, as forças de segurança oficial cometeram diversos erros injustificáveis; conseqüentemente, essas ações foram seguidas de reações. Dezenas de civis e soldados foram mortos. Gangues armadas foram formadas atacando propriedades públicas e privadas, criando barreiras dentro de algumas cidades, contando com ajuda externa. Durante os últimos meses, essas gangues estabeleceram áreas armadas nas regiões fronteiriças da Síria, do nosso lado, e da Turquia, do Líbano, da Jordânia e Iraque, para garantir continuidade no suprimento de suas armas e na ligação entre essas áreas.

De qualquer maneira, as gangues não obtiveram sucesso no estabelecimento de uma base fronteiriça estável. Isso custa centenas de civis e soldados, ou seja, mais de 2000 vítimas. No meio tempo, diversos eventos foram exagerados. Fatos foram falsificados. Os mais modernos equipamentos eletrônicos e de mídia foram empregados com o intuito de mostrar que o exército Sírio é completamente responsável por esses atos e que as gangues armadas não são responsáveis, e assim por diante.

Devido à pressão, o governo adotou diversas reformas sociais e democráticas que incluem: anulação das leis e Tribunais de exceção e respeito às manifestações pacíficas legais. Recentemente, uma nova lei eleitoral e uma lei permitindo o estabelecimento de partidos políticos foram adotadas. Preparações para uma nova ou modificada constituição estão a caminho. Novas leis a respeito da mídia e da administração pública também foram adotadas.

Os objetivos dessas leis e procedimentos são: quebrar o monopólio de poder do partido Ba’th, estabelecer uma sociedade plural e democrática, assegurar liberdades privadas e públicas, garantir a liberdade de expressão e reconhecer o direito de oposição para atividade política pacífica.

Apesar das nossas reservas no que diz respeito a alguns artigos, essas leis são muito importantes. Por mais de quarenta anos nosso partido tem lutado para ter tais leis adotadas. Essas leis devem ser implementadas e podem ser consideradas como um importante passo em direção à transição da Síria para uma sociedade democrática e plural.

Largos setores pacíficos da oposição nacional saudaram esses procedimentos, embora as oposições fundamentalistas e armadas ainda estejam defendendo a derrubada do regime, pressionando e agindo sectariamente.

Podemos resumir a situação como segue:

· Reduziu-se a tensão armada nas cidades Sírias. Gangues armadas sofreram fortemente. De qualquer maneira, algumas delas têm condições de retomar suas atividades;

· Manifestações pacíficas não desapareceram e não são confrontadas violentamente, a não ser quando acompanhadas por atividades violentas;

· O governo chamou a oposição nacional a participar de diálogos políticos que buscam ajudar a alcançar a transição para a democracia e o pluralismo de forma pacífica. Tal diálogo encontra muitas dificuldades, mais importantes até do que a pressão dos grupos armados que se opõem ao diálogo e à solução pacífica, financiados por apoio externo;

· Ameaças imperialistas e colonialistas contra a Síria aumentaram. Embora essas ameaças encontrem algumas dificuldades, precisamos estar prontos para confrontá-las.

Enquanto a situação do nosso país está em pauta, ela aparece como segue:

- Movimentos de protesto ainda existem em diferentes níveis. Eles diferem de uma região para outra. Nota-se que alguns movimentos começam em mesquitas, áreas rurais e favelas e segue em direção ao centro da cidade;

- Movimentos dentre as minorias étnicas e religiosas são raros. Nas fábricas, universidades e sindicatos não existem movimentações;

- Dentro dos círculos da grande burguesia, independente de ser industrial ou financeiro, especialmente nas grandes cidades de Aleppo, Lattakia e Damasco, não existem movimentos;

- Não existem movimentações dentro dos clãs e das tribos;

- A oposição é composta de um amplo e variável espectro de partidos. Alguns são patrióticos, se opõem à intervenção externa e às gangues armadas. Neste campo está o Partido Muçulmano, considerado o mais ativo e bem organizado partido dentro e fora do país.

Há, também, diversos grupos tradicionais com diferentes orientações, cuja influência se tornou mais clara nas manifestações em diferentes áreas. Esses grupos não escondem seus objetivos e propostas que são claramente reacionárias e sectárias.

Os grupos locais mais importantes e ativos, desde o inicio dos protestos, são as coordenações locais que incluem diferentes grupos da juventude sem terem nenhum plano e clareza ideológica comuns, ou orientações, exceto pelo slogan “Abaixo o regime”. Eles estão expostos à pressão externa, assim como interna.

- Oposição no exterior é composta por intelectuais, tradicionalistas, pessoas que romperam com o regime, com algumas conexões internas (Khadam e Refa׳at Al Assad).

Durante o ultimo período, essas forças promoveram diversas conferências no exterior (exceto um encontro que aconteceu no hotel Samir Amis, em Damasco, organizado pela oposição interna) objetivando mobilizar forças e coordenar posições. Diferenças ideológicas e políticas, assim como diferenças nos interesses prevalecem. Algumas forças de oposição no exterior trabalham duro para ganhar apoio internacional e de forças colonialistas.

- Até agora, os Estados Unidos, a França e a Grã-Bretanha estão liderando a campanha internacional de ameaças e incitamento contra o regime Sírio, buscando impor mais e mais pacotes e sanções, especialmente pelo Conselho de Segurança da ONU e outros organismos internacionais; Rússia e China continuam se opondo à imposição de tais sanções e procedimentos. A Turquia escolheu uma postura oportunista que se move de acordo com as eleições internas e seus interesses regionais. Há uma maioria internacional se opondo às medidas militares diretas contra a Síria, como aconteceu na Líbia, para que a Liga Árabe e o Conselho de Segurança da ONU não adotem resoluções que preparem o caminho para a agressão. O conflito em torno desta questão é feroz.

- Exceto pelo Qatar, que tem um papel vital e importante nesta conspiração contra a Síria, existem diferentes pontos de vista e posições no mundo árabe no que diz respeito à situação no país.

- Dia a dia, a situação econômica se deteriora, a pressão nas condições de vida das massas aumenta.

- O regime é coeso e tem grandes potencialidades de superar a crise. Cinco meses antes do estouro dos eventos, nenhuma das instituições básicas (o partido, o exército, a segurança, as instituições de estado, embaixadas, organizações populares, sindicatos, a Frente Progressista Nacional...) haviam experimentado qualquer divisão.

Certamente, o cenário não é estático e deve ser visto de acordo com suas dinâmicas, variações e desenvolvimento diário.

Possíveis cenários:

- A crise deve continuar por um longo período, levando para mais calamidades e derramamento de sangue;

- Uma movimentação que leve para uma anarquia geral, uma guerra civil ou algo similar, pavimentando o caminho para uma intervenção externa;

- Uma aparente divisão na oposição pode acontecer, fazendo com que parte dela queira iniciar um sério diálogo com o regime para alcançar um novo contrato social no país;

- Colocar um fim nas diferentes abordagens e “imobilidade” no que diz respeito às forças do regime.

Há dois possíveis resultados: mover-se em direção a uma solução política para o fim da crise, factível e firme, ou continuar tratando a crise apenas como uma questão de segurança a todo custo.

É difícil prever a maneira pela qual uma decisiva solução é possível.

- Alguns fatos inesperados podem acontecer, forçando todos os partidos a se comprometerem, ou aceitarem, um acordo imposto por forças externas para ajudar o país a encontrar um caminho para fora do túnel.

Onde está o partido agora?

Para começar, gostaríamos de sublinhar o fato de o nosso partido ter enviado uma mensagem ao comando do partido Al-Baa’th, na véspera de sua décima Conferencia, em 2005. Nosso partido reivindicava a separação entre o estado e o partido governista, garantias de democracia e liberdades, regulamentos de emergência, a adoção de uma lei democrática para partidos, liberdade de expressão e libertação de prisioneiros políticos, o fim da hegemonia do partido Al-Baa’th em sindicatos, combate à corrupção etc.

Mas gostaríamos de adicionar que o partido afirmou, em todos os documentos divulgados nos últimos meses, que apoiamos a postura da Síria nas questões internacionais.

Para materializar este desejo, as necessidades sociais, econômicas e democráticas das massas populares devem ser inter-relacionadas. Nós discutimos essas questões detalhadamente nas nossas conferências e documentos.

Nas suas análises da profunda e atual crise do nosso país, nosso partido esclareceu que a principal contradição está entre a fórmula política usada para regular o país por diversas décadas e as demandas pelo desenvolvimento democrático, social, econômico e cultural, necessárias para a sociedade Síria.

O conteúdo do nosso ponto de vista é que a fórmula política está baseada no monopólio da autoridade do partido Al-Baa׳th, que administra o movimento popular e suas organizações. Esta fórmula leva à decadência, à burocracia e à corrupção da máquina de estado. Conseqüentemente, os planos de reforma econômica e social precisam ser reconsiderados para serem atualizados com as exigências do progresso.

Nosso partido acredita que a essência da atual crise é a desproporção entre a estrutura do regime e os objetivos da Síria. Ao mesmo tempo, o partido tem enfatizado que o inimigo e as forças imperialistas têm se aproveitado destas distorções internas para fomentar o nível da conspiração contra a Síria e usá-las como um cavalo de Tróia para servir aos seus já conhecidos objetivos, como mencionado anteriormente.

Conseqüentemente, o Partido Comunista Sírio (Unificado) não está neutro no que se refere à alternativa necessária, por um lado, e os meios necessários para alcançar esse objetivo, por outro lado.

Solução política e continuidade de uma reforma real e radical constituem o único caminho para a saída da crise. Os procedimentos de repressão ajudam a aumentar os componentes da crise e a esvaziar o conteúdo das reformas necessárias.

A atual situação, afirmamos, requer um diálogo construtivo e fiel com todas as forças honestas e patrióticas, independente das diferenças de opinião ou pontos de vista, com o propósito de alcançar um acordo ou uma reforma radical que sirva às necessidades das massas populares e garanta a criação de um estado laico civil e democrático que se oponha aos planos imperialistas e israelenses na região.

Mas o diálogo pressupõe um clima adequado; sem ele, a intransigência só poderá levar a mais derramamento de sangue, mais destruição para o país e mais sofrimento para a população.

Queridos camaradas:

Devido à fraqueza da imprensa popular de massa na Síria na confrontação com a grande mídia do imperialismo, à mobilização das forças reacionárias por todo o mundo contra a Síria, além de seus fantoches na região - incluindo a Turquia, que adotou uma política pragmática para lutar pela hegemonia frente aos países orientais - devido a tudo isso, nosso partido deseja que todos os partidos comunistas, de trabalhadores e democráticos no mundo nos ajudem a divulgar amplamente esses esclarecimentos junto à opinião pública de seus países.

Ainda mais, pedimos para que esses partidos se solidarizem com a Síria porque este é o país mais importante do Mundo Árabe que resiste aos planos imperialistas de dominar o Oriente Médio, se opondo firmemente ao plano americano-Israelense de fragmentar a área em diversas entidades sectárias fáceis de serem controladas. A Síria apóia, inclusive, a resistência nacional Palestina, Libanesa e Iraquiana. Ainda mais, apóia o direito do povo Palestino de libertar seu território e estabelecer um estado nacional com Jerusalém como sua capital.

Damasco: 17/9/2011

Hunein Nemer

Primeiro Secretário do

Partido Comunista Síria (Unificado)

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