Governo de Sérgio Cabral manipulou número de homicídios
Ex-diretora exonerada de Secretaria de Segurança do Rio, acusou o Estado de diminuir o número de assassinados, não contabilizando os autos de resistência e registrando encontro de cadáveres, corpos carbonizados e ossadas não como assassinatos.
A ex-diretora do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro, a antropóloga Ana Paula Miranda, fez uma denúncia na última quinta-feira (18), contra o governo do Rio de Janeiro.
Esta, que foi expulsa da secretaria em fevereiro, depois de, à época, ter participado da divulgação de um número recorde de assassinatos no Rio, acusou o governo de Sérgio Cabral de manipular os dados sobre homicídios feitos por policiais publicados posteriormente no estado. Em seguida à sua exoneração, os homicídios registraram uma queda de 8,8%.
Segundo a antropóloga, que fez a declaração durante o 2º Fórum Violência, Participação Popular e Direitos Humanos nesta quinta-feira (18), na PUC-Rio, a manipulação se deu por meio da mudança de critérios do governo e pela falta de fiscalização que se estabeleceu após a pesquisa. Segundo ela, o governo passou a não contabilizar os autos de resistência e registrou encontro de cadáveres, corpos carbonizados e ossadas não como assassinatos.
"O governo não contabiliza os autos de resistência na soma final de homicídios dolosos, e alguns casos que são claramente homicídios, como os corpos carbonizados (encontrados esta semana no Complexo do Alemão), estão sendo registrados como encontro de cadáveres e ossadas" (Tribuna da Imprensa, 19/9/2008).
“Registros de autos de resistência, desaparecimentos, encontro de ossadas e cadáveres continuam em tendência de crescimento desde 2000 (...) Os convênios com a Secretaria Municipal de Saúde não foram renovados. Sem eles, não é possível checar a veracidade das ocorrências fornecidas pelas delegacias, pois não há como compará-las com os atendimentos nos hospitais" reforçou (Idem).
Dados manipulados à luz do dia
A ex-diretora ainda denunciou que dados deixaram de ser divulgados pela secretaria, como balanços semestrais e dossiês anuais, entre eles de ocorrências envolvendo mulheres, idosos, crianças e adolescentes.
Os últimos números de homicídios no Rio foram recordes.
No início de 2008, em janeiro, o ISP divulgou um recorde de assassinatos à população pela polícia. O ISP, que faz balanços de homicídios desde 1998, registrou 1.260 mortos em supostos confrontos com a polícia.
Estes dados eram incompletos, já que excluíam dados das delegacias não-informatizadas (31,5% do total). Mesmo assim, houve um aumento de 18,5% em relação a 2006, segundo um levantamento do Cesec (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania). Já comparando os dados de cada ano das 89 delegacias informatizadas, houve um aumento de 31% no número de mortos em confronto.
Hoje os assassinatos de policiais contra a população são 12% de todos os assassinatos no Rio.
Os governos assassinos, que não contabilizam também a ação das milícias, que não são considerados oficialmente como a polícia, mas são tropas de ex-policiais nas favelas, estão em uma ofensiva contra a população e é necessário para estes governos, no sentido de evitar uma revolta generalizada da população, censurar dados que demonstrem que a sua política é massacrar a população.
As milícias, que matam sumariamente nas favelas são o fator de maior aumento dos homicídios de uma maneira geral e estas atuam em conjunto com as polícias, que ocupam as favelas do Rio de Janeiro para depois estas serem tomadas por estes grupos paramilitares.
Diante desses fatos, o governo do Rio, que apóia essa ação da polícia e das milícias, se vê obrigado, para não afundar em uma crise maior do que já se encontra, a esconder os dados da população.
Fonte PCO - Partido da Causa Operária
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