sexta-feira, 30 de abril de 2010

Anúncios de Paz: UPP também no Complexo do Alemão


Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia


Além dos 500 PMs que vão atuar no Borel e em favelas vizinhas, Beltrame anuncia mais 1.200 homens nos morros da região ainda este anoRio - Até o fim do ano, a Tijuca e os bairros vizinhos contarão com 1.700 policiais militares em comunidades pacificadas. Somados aos 725 homens do 6º BPM (Tijuca), serão mais de 2.400 PMs na área. O anúncio foi feito ontem pelo secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, em entrevista a O DIA, durante a qual destacou que a região será beneficiada com a maior parte das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) previstas para 2010. Das oito planejadas para começar a funcionar até dezembro — sem contar a do Borel, cuja ocupação começou quarta-feira — pelo menos seis deverão ficar no trecho que vai do Catumbi ao Engenho Novo, passando por Estácio, Rio Comprido, Andaraí, Grajaú, Vila Isabel e Mangueira.


“Estou praticamente dobrando o efetivo da Tijuca, quando coloco um número de homens no morro e libero o efetivo do batalhão para patrulhar as ruas. Só para ter uma ideia, nesse grande complexo da Tijuca, vão ser mais ou menos uns 1.700 policiais só nas UPPs. Se somar esses policiais ao efetivo do 6º BPM, vai triplicar até”, afirma Beltrame.



Embora sem citar quais serão as próximas comunidades ocupadas, o secretário afirmou que elas já estão definidas e agora passam por mapeamento, fundamental para preparar as operações policiais. “Vamos formar um cinturão na Grande Tijuca”, garante. Na região, a lista de comunidades que deverão ganhar UPPs, de acordo com o planejamento da Secretaria de Segurança, inclui os morros do Salgueiro (Tijuca), do Turano (Rio Comprido), do Andaraí, dos Macacos (Vila Isabel), da Mangueira e o Complexo de São Carlos (Estácio).

Esse cronograma, frisou o secretário, não impede que favelas de outras áreas sejam ocupadas antes. “Foi o que o ocorreu com o Morro da Providência”, destaca, contando que a prioridade seria para outros pontos da Zona Norte. Para poder implantar as oito novas UPPs, a secretaria aguarda a formatura de cerca de 3 mil policiais.


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Alemão terá UPP até o fim de 2010

Situação tranquila no Borel no segundo dia de ocupação

De manhã, em visita à Cidade de Deus, Beltrame voltou a afirmar que, para ocupar favelas como o Complexo do Alemão, é necessário planejamento e efetivo maiores. O secretário comentou ainda a ação iniciada quarta-feira nos morros da Tijuca: “Já esperava que não houvesse troca de tiros e reação de bandidos, devido às operações da PM e da Polícia Civil”.

Tranquilidade no dia seguinte

O segundo dia de ocupação na Tijuca foi de tranquilidade. Com ajuda de cinco cães farejadores, policiais vasculharam as favelas em busca de armas, drogas e corpos de vítimas do tráfico. À tarde, a única ocorrência registrada foi a prisão de um jovem com cerca de um quilo de maconha e material para embalar a droga. O que mais chamou a atenção dos moradores foi que, nos locais onde os bandidos costumavam ficar, havia policiais. Muitos foram cumprimentar os PMs pela ação.

Foto: Carlos Moraes / Agência O  Dia
Homem é flagrado com drogas por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) no Morro do Borel | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
A presidente da Associação de Moradores do Borel, Roberta Ferreira, aproveitou para cobrar a presença da Defesa Civil na comunidade, afetada pelo temporal do início do mês. Segundo ela, 280 famílias relataram riscos de desabamentos perto de suas residências. Desse total, apenas 59 foram cadastradas para receber aluguel social. “Agora que a UPP vai chegar ao morro, queremos saber se a comunidade vai ter maior atenção do estado”, cobra.

À tarde, um bandido apontado como gerente do tráfico do Borel foi preso na Vila Kennedy, Zona Oeste. Assis Albano Ferreira da Silva, 38 anos, o Ratinho, foi flagrado circulando pela favela com um revólver. Procurado pela Justiça, ele estava refugiado na casa da sogra.


Controle até sobre a música de vendedores

Até mesmo a melodia tocada para anunciar a chegada do caminhão de gás estava diferente. No lugar de músicas de funk, como ordenavam antes os criminosos, a população ouvia ‘Cidade Maravilhosa’. E foi como maravilhosa que a desempregada Maria Emília de Resende, 61 anos, classificou a chegada da polícia à favela. “Dou nota dez para a ocupação”, comemorou.

O porteiro Homero Alves, 35 anos, que mora há oito anos no Borel com dois filhos e a mulher, também estava feliz. “Ninguém quer criar os filhos perto de bandidos. Acho que a nossa vida vai mudar a partir de agora”, disse. Já o comerciante Zacarias Freire, 55, ainda estava desconfiado. “É melhor esperar alguns dias antes de avaliar a ocupação”.


Reportagem de Fábio Varsano e Vania Cunha


Fonte O Dia Online

Chomsky: o que está em jogo no conflito do Irã


Em entrevista à publicação alemã Freitag, Noam Chomsky fala da pressão dos EUA e de Israel sobre o Irã e seu significado geopolítico. "O Irã é percebido como uma ameaça porque não obedeceu às ordens dos Estados Unidos. Militarmente essa ameaça é irrelevante. Esse país não se comportou agressivamente fora de suas fronteiras durante séculos. Israel invadiu o Líbano, com o beneplácito e a ajuda dos EUA, até cinco vezes em trinta anos. O Irã não fez nada parecido", afirma.

Barak Obama obteve em 2009 o Prêmio Nobel da Paz enquanto enviava mais tropas ao Afeganistão. O que ocorreu com a "mudança" prometida?

Chomsky: Sou dos poucos que não está desiludido com Obama porque não depositei expectativas nele. Eu escrevi sobre as posições de Obama e suas perspectivas de êxito antes do início de sua campanha eleitoral. Vi sua página na internet e para mim estava claro que se tratava de um democrata moderado ao estilo de Bill Clinton. Há, claro, muita retórica sobre a esperança e a mudança. Mas isso é como uma folha em branco, onde se pode escrever qualquer coisa. Aqueles que se desesperaram com os últimos golpes da era Bush buscaram esperanças. Mas não existe nenhuma base para expectativa alguma uma vez que se analise corretamente a substância do discurso de Obama.

Seu governo tratou o Irã como uma ameaça em função de seu programa de enriquecimento de urânio, enquanto países que possuem armas nucleares como Índia, Paquistão e Israel não sofrem a mesma pressão. Como avalia essa maneira de proceder?

Chomsky: O Irã é percebido como uma ameaça porque não obedeceu às ordens dos Estados Unidos. Militarmente essa ameaça é irrelevante. Esse país não se comportou agressivamente fora de suas fronteiras durante séculos. O único ato agressivo se deu nos anos 70 sob o governo do Xá, quando, com apoio dos EUA, invadiu duas ilhas árabes. Naturalmente ninguém quer que o Irã ou qualquer outro país disponha de armas nucleares. Sabe-se que esse Estado é governado hoje por um regime abominável. Mas apliquem-se os mesmos rótulos aplicados ao Irã a sócios dos EUA como Arábia Saudita ou Egito e só se perderá para o Irã em matéria de direitos humanos. Israel invadiu o Líbano, com o beneplácito e a ajuda dos EUA, até cinco vezes em trinta anos. O Irã não fez nada parecido.

Apesar disso, o país é considerado como uma ameaça...

Chomsky: Porque o Irã seguiu um caminho independente e não se subordina a nenhuma ordem das autoridades internacionais. Comportou-se de modo similar ao que fez o Chile nos anos setenta. Quando este país passou a ser governado pelo socialista Salvador Allende foi desestabilizado pelos EUA para produzir "estabilidade". Não se tratava de nenhuma contradição. Era preciso derrubar o governo de Allende - a força "desestabilizadora" - para manter a "estabilidade" e poder restaurar a autoridade dos EUA. O mesmo fenômeno ocorre agora na região do Golfo. Teerã se opõe à autoridade dos EUA.

Como avalia o objetivo da comunidade internacional ao impor graves sanções a Teerã?

Chomsky: A comunidade internacional: curiosa expressão. A maioria dos países do mundo pertence ao bloco não alinhado e apóia energicamente o direito do Irã de enriquecer urânio para fins pacíficos. Tem repetido com freqüência e abertamente que não se considera parte da denominada "comunidade internacional". Obviamente pertencem a ela só aqueles países que seguem as ordens dos EUA. São os EUA e Israel que ameaçam o Irã. E essa ameaça deve ser tomada seriamente.

Por que razões?

Chomsky: Israel dispõe neste momento de centenas de armas atômicas e sistemas de lançamento. Destes últimos, os mais perigosos provem da Alemanha. Este país fornece submarinos nucleares Dolphin, que são praticamente invisíveis. Podem ser equipados com mísseis nucleares e Israel está preparado para deslocar esses submarinos para o Golfo. Graças à ditadura egípcia, os submarinos israelenses podem passar pelo Canal de Suez.

Não sei se isso foi noticiado na Alemanha, mas há aproximadamente duas semanas a Marinha dos EUA informou que construiu uma base para armas nucleares na ilha Diego Garcia, no oceano Índico. Ali seriam estacionados os submarinos equipados com mísseis nucleares, inclusive o chamado "destruidor de bunkers". Trata-se de projéteis que podem atravessar muros de cimento de vários metros de espessura. Foram pensados exclusivamente para uma intervenção no Irã. O destacado historiador militar israelense Martin Levi van Creveld, um homem claramente conservador, escreveu em 2003, imediatamente após a invasão do Iraque, que "depois desta invasão os iranianos ficaram loucos por ainda não terem desenvolvido nenhuma arma atômica". Em termos práticos: há alguma outra maneira de impedir uma invasão? Por que os EUA ainda não ocuparam a Coréia do Norte? Porque ali há um instrumento de dissuasão. Repito: ninguém quer que o Irã tenha armas nucleares, mas a probabilidade de que o Irã empregue armas nucleares é mínima. Isso pode ser comprovado nas análises dos serviços secretos estadunidenses. Se Teerã quisesse equipar-se com uma só ogiva nuclear, provavelmente o país seria arrasado. Uma fatalidade deste tipo não é do gosto dos clérigos islâmicos no governo: até agora eles não mostraram nenhum impulso suicida.

O que pode fazer a União Européia para dissipar a tensão desta situação tão explosiva?

Chomsky: Poderia reduzir o perigo de guerra. A União Européia poderia exercer pressão sobre Índia, Paquistão e Israel, os mais proeminentes não assinantes do Tratado de Não Proliferação Nuclear, para que finalmente o assinem. Em outubro de 2009, quando se protestou contra o programa atômico iraniano, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) aprovou uma resolução, que Israel desafiou, para que este país assinasse o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares e permitisse o acesso de inspetores internacionais aos seus sistemas nucleares. A Europa e os EUA trataram de bloquear essa resolução. Obama fez Israel saber imediatamente que não devia prestar nenhuma atenção a esta resolução.

É interessante o que acontece na Europa desde que a Guerra Fria acabou. Quem acreditou na propaganda das décadas anteriores devia esperar que a OTAN se dissolvesse em 1990. Afinal, a organização foi criada para proteger a Europa das "hordas russas". Agora já não existem "hordas russas", mas a organização se expande e viola todas as promessas que fez a Gorbachev, que foi suficientemente ingênuo para acreditar no que disseram o presidente Bush e o chanceler Kohl, a saber: que a OTAN não se deslocaria um centímetro na direção do leste europeu. Na avaliação dos analistas internacionais, Gorbachev acreditou em tudo o que eles disseram. Não foi muito sábio. Hoje a OTAN expandiu a grandes territórios do Leste e segue sua estratégia de controlar o sistema mundial de energia, os oleodutos, gasodutos e rotas de comércio. Hoje é uma mostra do poder de intervenção dos EUA no mundo. Por que a Europa aceita isso? Por que não se coloca de pé e olha de frente para os EUA?

Ainda que os EUA pretendam seguir sendo uma superpotência militar, a sua economia praticamente desmoronou em 2008. Faltaram bilhões de dólares para salvar Wall Street. Sem o dinheiro da China, os EUA talvez tivessem entrada em bancarrota.

Chomsky: Fala-se muito do dinheiro chinês e especula-se muito a partir deste fato sobre um deslocamento do poder no mundo. A China poderia superar os EUA? Considero essa pergunta uma expressão de extremismo ideológico. Os Estados não são os únicos atores no cenário mundial. Até certo ponto são importantes, mas não de modo absoluto. Os atores, que dominam seus respectivos Estados, são sobretudo econômicos: os bancos e as corporações. Se examinamos quem controla o mundo e determina a política, vamos nos abster de afirmar um deslocamento do poder mundial e da força de trabalho mundial. A China é o exemplo extremo. Ali se dão interações entre empresas transnacionais, instituições financeiras e o Estado na medida em que isso serve a seus interesses. Esse é o único deslocamento de poder, mas não proporciona nenhuma manchete.

Tradução para o SinPermiso: Angel Ferrero

Tradução para a Carta Maior: Katarina Peixoto

Fonte original: http://www.freitag.de/politik/1013-iran-obama-weltordnung-sanktionen

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Nova UPP do Borel e mais 6 comunidades, na Tijuca, terá o maior efetivo

Bandeiras do Brasil e do Bope hasteadas em ponto onde antes traficantes observavam movimentação | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia

Nova UPP terá o maior efetivo

Cerca de 500 policiais vão atuar nas sete comunidades ocupadas na Tijuca

Rio, 29 de abril de 2010 - A primeira UPP da Zona Norte será também a com o maior efetivo até o momento. Segundo o comandante da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, cerca de 500 policiais vão atuar nas sete comunidades ocupadas ontem na Tijuca. O capitão Bruno Amaral, do 7º BPM (Alcântara), vai assumir a unidade, a primeira que também abriga favelas até então dominadas por facções rivais.


“A base da UPP deve ficar no Borel, mas existe a possibilidade de termos postos avançados em outras comunidades pacificadas. Tudo deve estar funcionando até o fim de maio”, disse o comandante.

As ruas do Borel estavam pouco movimentadas, quando o Bope chegou pela Rua São Miguel, às 8h40. Avisados pelo governador Sérgio Cabral de que a ocupação começava ontem, moradores preferiram sair de casa depois do início da operação. Pela Floresta da Tijuca, um grupo de policiais ‘tomou’ a parte alta das comunidade, ainda na madrugada.

Tijuca recebe sonho de paz com braços abertos

“Vim de Portugal ainda jovem e sempre me respeitaram porque eu vivia de boca fechada. Para sobreviver na favela, tem que ser assim. Meu maior medo eram os tiroteios na hora de sair ou chegar em casa”, disse o aposentado José da Costa, 80 anos.



Uma novidade na operação foi que policiais puderam checar dados sobre a ficha criminal e toda a rede de identificação no Centro de Comando e Controle — um trailer levado para o Borel —, agilizando o encaminhamento de suspeitos à delegacia e a verificação de carros e motos roubadas. PMs utilizaram a retroescavadeira ‘Transformer’ para retirar entulho das vias principais e pintaram paredes pichadas com inscrições de facção. Ocupamos simultaneamente sete comunidades. A amplitude da área é o maior desafio”, disse o tenente-coronel Paulo Henrique Moraes, do Bope.

Mais de 200 homens estão em sete favelas da Tijuca

A unidade provisória será montada no alto da Chácara do Céu, local de fácil distribuição de tropas pelas demais favelas. A ‘sede’ ficará ao lado de um campo de futebol, onde ontem as crianças brincavam. Uma equipe da PM se posicionou no cruzeiro, ponto mais alto, onde o Exército hasteou bandeira do Brasil durante a Operação Rio, em 1994. No caminho, ouviram provocações de traficantes do Morro do Andaraí e encontraram cápsulas de fuzil AK-47 deflagradas.

Na Casa Branca, um detalhe chamou a atenção dos PMs: a boca de fumo de maior movimento ficava numa praça ao lado de prédio da prefeitura, onde funciona o Cemasi Creche Professor Paulo Freire. A ousadia era tamanha que os bandidos instalaram tomadas nos troncos das árvores, ‘roubando’ energia elétrica da creche. Ali, bandidos esconderam baterias de celulares e carregadores de pistolas e outros objetos. Moradores contaram que as crianças ficavam assustadas a caminho da escola. “Vamos voltar a ter paz no morro, viver sem medo, sem susto”, disse a secretária Fernanda Silva Araújo, 23 anos.

Trio foge de morro para apartamento

A denúncia de que três jovens tinham invadido o apartamento de uma mulher na Rua São Miguel, tentando fugir do Borel, levou policiais do 6º BPM a cercar o prédio, por volta de 6h. Escondidos no imóvel de uma moradora de 65 anos, eles tentaram se passar por filhos dela. Um dos rapazes escapou e invadiu o apartamento de outra idosa, de 70 anos, que passou mal e foi levada para o Hospital do Andaraí.

Os três acabaram descobertos, mas só Rafael Alves Peixoto, 20 anos, que já tinha passagem pela polícia, ficou preso. A mãe dele, Maria Célia Alves dos Santos, 52, disse que fez de tudo para afastá-lo do crime. O comandante do Bope disse que já esperava que bandidos fugissem para apartamentos. Há suspeitas de que traficantes tenham alugado imóveis na região.

Durante o dia, um homem foi preso com 309 papelotes de cocaína e 14 pessoas foram detidas para averiguação. Três delas, sendo um menor, eram foragidas da Justiça. Na casa do gerente do tráfico da Chácara do Céu e Casa Branca, Silas Playboy, PMs apreenderam um laptop com fotos de bandidos. Enterrado na mata, num saco plástico, havia uma pistola, carregadores, munição e contabilidade do tráfico. Em outros locais, os ‘caveiras’ apreenderam material para embalar drogas, frascos de cheirinho da loló e papelotes de cocaína.


Reportagem de Bartolomeu Brito, Paula Sarapu e Vania Cunha

Fonte O Dia

quarta-feira, 28 de abril de 2010

UPP Borel: Tijuca começa a dar adeus ao império das armas



Hoje uma farmácia, o cinema América ficava na Tijuca, em frente à Praça Saens Peña. O autor da foto é desconhecido. Mas eram tempos de paz, que os moradores esperam ter de volta.


Policiais do Bope e de Choque ocupam hoje 5 comunidades da região para instalação da UPP. Moradores estão otimistas com pacificação


Rio, 28 de abril de 2010 - Um dia para a Tijuca começar a colocar um ponto final no domínio do tráfico e na criminalidade. A chegada da primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) à Zona Norte — como O DIA noticiou em 27 de janeiro — traz esperança para quem mora, trabalha e passa pela região. Hoje, policiais dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Choque ocupam cinco comunidades com a missão de dar início à transformação já em curso na Zona Sul, Cidade de Deus, em Jacarepaguá, e Favela do Batan, em Realengo — áreas que já contam com o novo modelo de policiamento comunitário.

Foto: Fábio Gonçalves /  Agência O Dia
Morro do Borel será uma das cinco comunidades ocupadas pelas primeiras UPPs da Tijuca, na Zona Norte do Rio | Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia

O governador Sérgio Cabral anunciou ontem que todas as comunidades da Tijuca receberão UPPs, num grande cinturão de segurança no bairro. Na ação de hoje, é a primeira vez que a polícia ocupa favelas dominadas por facções rivais. O Borel, que vai receber a sede da unidade, também é o primeiro morro com lideranças do tráfico de maior expressão e que, por isso, foram transferidas para presídios em outros estados.

EXPECTATIVA

A polícia não espera resistência e trabalha com a informação de que os traficantes já abandonaram os morros do Borel, da Formiga e da Chácara do Céu, controlados pelo Comando Vermelho, e da Casa Branca e do Cruz, dominados pela facção Amigos dos Amigos (ADA).

A instalação da UPP dá esperança aos moradores de ver um fim para a guerra que trouxe medo e degradação ao bairro. “Cresci aqui. Jogava bola num campinho onde hoje fica o Ciep na Rua São Miguel. Era uma região muito tranquila. De uns anos para cá, os alunos passaram a se abrigar na escola, por causa de confronto. Foram dias e noites de muito tiroteio, medo para os moradores e perdas para os comerciantes e o mercado imobiliário. Prova do sofrimento da Tijuca é a Rua Conde de Bonfim, subindo em direção ao Alto da Boa Vista, completamente deserta à noite”, resumiu o comerciante Norival Tavares, 48 anos.

Leia também: Dificuldade para vender apartamento na Tijuca

Dono de uma lanchonete no bairro, Norival também já precisou obedecer a ordens do tráfico e baixar as portas com medo de represálias. “Teve um momento em que passou a ser constrangedor até receber parente em casa. Recebemos a madrinha do meu filho em casa para um chá, que foi interrompido por rajadas de metralhadora. Ela morava no Flamengo, ficou apavorada e nunca mais voltou para nos visitar”, contou.

A personal trainer Cláudia Ribeiro, 46 anos, torce para que a UPP marque o início de uma nova era no bairro. “Morar na Tijuca era chique. Mas perdemos isso ao longo dos anos. Esperamos que o policiamento comunitário tenha reflexos no morro e no asfalto”, disse.

Cenas de terror que ainda apavoram

Moradora do Morro do Borel, a estudante L., de 21 anos, voltava para casa numa segunda-feira de março, quando viu os corpos de três jovens incendiados em meio a pneus na Rua São Miguel, principal acesso à comunidade. Com a UPP, ela espera nunca mais assistir a uma cena como aquela.

“A polícia veio aqui à noite, mas não pôde fazer nada. A rua foi fechada e fiquei com muito medo porque esta é a vida de quem mora na favela. Tenho medo de como vai ser a chegada dos policiais porque não sei se quem está aqui vai querer enfrentar ou sair, como fizeram os chefes. Acompanho o sucesso nas outras favelas e espero que tudo fique bem aqui também”, afirmou L., acresentando que o principal problema da comunidade é a falta de saneamento.

Outra expectativa é pela valorização dos imóveis nas favelas. Pesquisa do Secovi Rio (Sindicato da Habitação) nas comunidades ocupadas pelas UPPs revela que imóveis registraram valorização de até 148,89%, como em Botafogo, primeiro a receber a intervenção policial.

Cabral promete novas unidades até o fim do ano

Segundo o governador, 30% dos moradores de favelas do Rio poderão ser beneficiados pelas UPPs até o fim do ano. “Todas as comunidades da Tijuca serão pacificadas. Temos disponíveis 700 homens aguardando a pacificação e, até julho, mais uma quantidade expressiva. Entre 12% e 15% da população que mora em favelas já são atendidos pelas UPPs, um número que pode dobrar até o fim do ano”, anunciou Cabral.

Comandante do 6º BPM (Tijuca), o coronel Fernando Príncipe afirma que o tráfico da região está enfraquecido desde o primeiro anúncio de que a UPP chegaria à Tijuca. “Depois das prisões dos líderes do tráfico remanescentes, como Robocop e Bill, há um grupo pequeníssimo e sem estrutura. Tivemos informações de que os criminosos poderiam ter ido para o Morro do Andaraí e também intensificamos as operações lá”, contou.


Fonte O Dia.

STJ mantém adoção de crianças por casal homossexual


STJ mantém adoção de crianças por casal homossexual


A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) proferiu hoje uma decisão inovadora para o direito de família. Por unanimidade, os ministros negaram recurso do Ministério Público do Rio Grande do Sul e mantiveram a decisão que permitiu a adoção de duas crianças por um casal de mulheres.

Seguindo o voto do relator, ministro Luis Felipe Salomão, a Turma reafirmou um entendimento já consolidado pelo STJ: nos casos de adoção, deve prevalecer sempre o melhor interesse da criança. " Esse julgamento é muito importante para dar dignidade ao ser humano, para o casal e para as crianças", afirmou.

Uma das mulheres já havia adotado as duas crianças ainda bebês. Sua companheira, com quem vive desde 1998 e que ajuda no sustento e educação dos menores, queria adotá-los por ter melhor condição social e financeira, o que daria mais garantias e benefícios às crianças, como plano de saúde e pensão em caso de separação ou falecimento.

A adoção foi deferida em primeira e segunda instâncias. O tribunal gaúcho, por unanimidade, reconheceu a entidade familiar formada por pessoas do mesmo sexo e a possibilidade de adoção para constituir família. A decisão apontou, ainda, que estudos não indicam qualquer inconveniência em que crianças sejam adotadas por casais homossexuais, importando mais a qualidade do vínculo e do afeto no meio familiar em que serão inseridas. O Ministério Público gaúcho recorreu, alegando que a união homossexual é apenas sociedade de fato, e a adoção de crianças, nesse caso, violaria uma séria de dispositivos legais.

O ministro Luis Felipe Salomão ressaltou que o laudo da assistência social recomendou a adoção, assim como o parecer do Ministério Público Federal. Ele entendeu que os laços afetivos entre as crianças e as mulheres são incontroversos e que a maior preocupação delas é assegurar a melhor criação dos menores.

Após elogiar a decisão do Tribunal do Rio Grande do Sul, relatada pelo desembargador Luiz Felipe Brasil Santos, o presidente da Quarta Turma, ministro João Otávio de Noronha, fez um esclarecimento: “Não estamos invadindo o espaço legislativo. Não estamos legislando. Toda construção do direito de família foi pretoriana. A lei sempre veio a posteriori”, afirmou o ministro.


Íntegra do voto e relatório não publicado e sem revisão.


Fonte STJ


STF julga hoje ação contra Lei da Anistia para torturadores




STF julga hoje ação contra Lei da Anistia para torturadores


28/04/2010 - O Supremo Tribunal Federal marcou para esta quarta-feira, dia 28, o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 153, apresentada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para saber se a Lei de Anistia também vale para quem praticou tortura. O julgamento será um dos primeiros com o ministro Cezar Peluso no comando do Supremo, que substituiu Gilmar Mendes no cargo na última sexta-feira. O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, estará presente ao julgamento.

Também acompanhará o julgamento no plenário o presidente da Seccional da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damous, que, no último dia 16, lançou, juntamente com o presidente nacional da OAB, a Campanha pela Memória e pela Verdade, estrelada por grandes nomes da dramaturgia em defesa da abertura dos arquivos da ditadura militar. A ADPF 153 estava prevista para ser julgada no último dia 12, mas a Presidência do STF decidiu adiar o julgamento em razão da importância e complexidade da questão, o que recomenda a análise do processo com quórum completo de ministros.

O relator da ADPF é o ministro Eros Grau. A OAB contesta o artigo 1º da Lei da Anistia, defendendo uma interpretação mais clara quanto ao que foi considerado como perdão aos crimes conexos "de qualquer natureza" quando relacionados aos crimes políticos ou praticados por motivação política. Para a OAB, a Lei da Anistia não perdoou aqueles que cometerem crimes comuns, como a tortura e o estupro cometidos por agentes do Estado durante a ditadura.



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Veja aqui o painel sobre a Campanha pela Memória e pela Verdade.


Do site do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil



terça-feira, 27 de abril de 2010

IAB - Posse da nova Presidência e Diretoria do Instituto dos Advogados Brasileiros


Fernando Fragoso é o novo Presidente do IAB

Tomará posse no dia 14 de maio de 2010, às 18hs, Av. Marechal Câmara, 210, 5.º Andar, Centro, Rio de Janeiro, como Presidente do venerando Instituto dos Advogados Brasileiros, a mais antiga associação da classe no Brasil, o festejado Mestre Fernando Fragoso e sua Diretoria não menos ilustre.

Eis a composição:


Presidente: FERNANDO FRAGOSO
1º Vice-Presidente: ERNANI DE PAIVA SIMÕES
2º Vice-Presidente: MOEMA BAPTISTA
3º Vice-Presidente: JOSÉ LUIZ MILHAZES
Secretário Geral: UBYRATAN GUIMARÃES CAVALCANTI
1º Secretário: JOÃO CARLOS DE CAMARGO ÉBOLI
2º Secretário: DUVAL VIANNA
3º Secretário: FERNANDO PIZARRO DRUMMOND
4º Secretário: VICTOR FARJALLA
Diretor Financeiro: THALES DE MIRANDA
Diretor Cultural: TERESA CRISTINA PANTOJA
Diretor de Biblioteca: JOSÉ CAMPELLO DE OLIVEIRA Jr.
Orador Oficial: CARLOS EDUARDO BOSISIO
Diretor Adjunto: ESTER KOSOVSKI

Diretor Adjunto: JOÃO MESTIERI

Diretor Adjunto: SYDNEY SANCHES

Diretor Adjunto: TÉCIO LINS E SILVA


Seguirá um coktail em local a ser anunciado.





"Em breves linhas"*

Eneá de Stutz e Almeida*

O Instituto dos Advogados Brasileiros foi criado poucos anos após a Independência do Brasil (em 1843), num momento em que o Brasil precisava se organizar como um Estado soberano e afirmar valores de nacionalidade. Além disso, era necessário organizar aqueles que iriam dirigir o futuro do novo País, em especial, os advogados. Os advogados de então atuavam tanto nas questões ainda hoje imprescindíveis, quanto na política e ainda, na difícil tarefa de redação de todas as leis que substituiriam gradativamente a legislação portuguesa, à época, ainda em vigor. Os primeiros cursos de Direito foram criados em 1827; assim, desde o final de 1831 já existiam advogados formados em território nacional.

Um seleto grupo de intelectuais reuniu-se e concebeu uma nova entidade, o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB). Inicialmente, a tarefa primordial desse Instituto seria a criação da Ordem dos Advogados Brasileiros (ou a Ordem dos Advogados do Brasil), o que só veio a ocorrer quando o IAB já contava com mais de noventa anos de existência. Vale indagar: se o IAB não era uma entidade de classe, por que continuou a existir? A resposta a essa indagação assinala algo da própria identidade do IAB: mais do que apenas organizar a categoria dos advogados, o IAB sempre contribuiu no sentido da formulação de um projeto de sociedade brasileira.

O IAB, no período imperial se tratava de um órgão governamental, consultado pelo Imperador e seus auxiliares diretos, como também pelos Tribunais, para auxiliar com seus pareceres, as mais importantes decisões judiciais. Além disso, colaborava por intermédio de seus integrantes na elaboração de leis que governariam o País.

Na própria nascente República, o IAB praticamente cessou suas atividades internas para redigir a primeira Constituição republicana (1891). Por conseguinte, até meados do século XX, grande parte do sistema normativo, bem como o melhor pensamento jurídico pátrio transitaram pelo IAB, além de organizar os advogados como entidade de classe.

Apenas na década de 1930, com a criação da OAB, é que o Instituto deixou de se preocupar com especificidades da categoria dos advogados e direcionou seus esforços em sua vocação precípua: pensar juridicamente o Brasil.

Nesse processo histórico foram verificadas marchas e contra-marchas porque, infelizmente, por vezes, o IAB perdeu oportunidades preciosas de se manifestar em momentos graves da história do País, como por exemplo durante o período do regime militar. Foi justamente neste período que cresceu a importância da OAB como entidade vinculada aos advogados. Entretanto, graças à atuação de lideranças que surgiram no Instituto, ele pode retomar seu pendor e ser reconduzido à condição de referência da cultura jurídica nacional.

O IAB tem atuado tanto junto aos Poderes da República, em especial no Legislativo, contribuindo com pareceres sobre os projetos de leis, bem como colaborando com as diferentes Comissões legislativas que por vezes solicitam a experiência e o conhecimento acumulado do Instituto. Também, na esfera do ensino jurídico, com debates e mesmo a criação de entidades para atuarem especificamente neste campo, como é o caso da ABEDI (Associação Brasileira de Ensino do Direito), nascida durante um seminário de uma das Comissões do IAB, em 2001.

Embora o IAB possua sede na cidade do Rio de Janeiro - pois desde a Independência e até 1960 o Rio era a capital política do Brasil - o Instituto tem âmbito nacional, e os diferentes Institutos de Advogados nos entes federados são entidades parceiras do IAB. Não são filiados ou seccionais, como na OAB, mas atuam em colaboração e parceria com o IAB.

São tantos os momentos marcantes de atuação do Instituto na vida brasileira que não seria prudente apontar apenas alguns, sob pena de desqualificar sua atuação.

Em síntese, pode-se afirmar que o Instituto dos Advogados Brasileiros foi e permanece sendo um defensor intransigente do Estado Democrático de Direito, da soberania nacional e dos direitos fundamentais.


*Membro Efetivo do IAB e autora da obra "Ecos da Casa de Montezuma: o Instituto dos Advogados Brasileiros e o Pensamento Jurídico Nacional".


*²Fonte: IAB

domingo, 25 de abril de 2010

A verdadeira oposição contra Lula






















A mídia sempre foi contra o Povo!



A grande oposição a Lula não são dos partidos, mas da mídia que sempre viveu da liberdade, do sangue e da miséria do povo.

Lembram de 1964? Eles querem um repeteco hoje, contra todos nós. Para quem não sabe ou não lembra, relembro aqui.

A mídia sempre foi contra o Povo!



Editorial de “O Globo”, em 02/04/1964

"Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.

Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.

Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo.

Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.

Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.

As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.”

No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.

Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.

Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.

A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.

Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor."




A campanha Globo-Serra















A campanha Globo-Serra



A Globo rompeu a fina barreira entre a programação regular da emissora e aquela destinada ao “horário eleitoral gratuito”, invariavelmente anunciado com fado por apresentadores de telejornal.

A campanha da TV Globo para o seu candidato do coração, José Serra, merece atenção especial ainda que já tenha sido retirada de circulação. Para quem não viu, um resumo: a pretexto de comemorar seus 45 anos de vida, um vídeo de trinta segundos reúne os principais “astros” da emissora que, com frases curtas, enviam uma mensagem na linha de “o Brasil pode mais”, slogan da campanha serrista, cuja legenda é a de número 45. “Muito mais vontade de querer ainda mais qualidade” e “é por você que a gente faz sempre mais”, dizem os “artistas” e “jornalistas” da empresa. Reparem a ênfase no “mais”, a que Serra tem se prendido para convencer os brasileiros de que é o “Pós-Lula”. No youtube: http://www.youtube.com/watch?v=qTf0SYnNMNk.

A Globo iniciou as transmissões, de fato, há 45 anos, no glorioso ano de 1965. Ou seja, apenas um ano depois do golpe de Estado que, sob a batuta da CIA, seqüestrou, torturou e assassinou milhares de brasileiros. A Globo apoiou a ditadura e foi apoiada por ela. Daí Armando Falcão, um dos ministro da Justiça da época, ter dito no documentário “Muito Além do Cidadão Kane”: “Roberto Marinho foi revolucionário de primeira hora”.

No entanto, vale ressaltar, em nome da História, que os primeiros dois contratos entre Roberto Marinho e o grupo Time Life foram assinados em 1962, em Nova York, segundo registra Daniel Herz no livro “A história secreta da Rede Globo”. No papel, a emissora tem, portanto, 48 anos.

Voltando à peça publicitária em favor de José Serra: o PT enxergou o óbvio e exigiu a retirada da campanha do ar. Foi atendido. Só que essa história não pode terminar aqui. Esse fato é extremamente grave e vai além, muito além, do uso de uma concessão pública para fins privados. Também vai além do uso de uma concessão pública em favor de um grupo político neoliberal que, em última análise, defende a exploração do povo brasileiro e legitima o assalto às riquezas do país.

A peça publicitária da TV Globo é uma poderosa arma simbólica, que só pôde ser percebida como tal porque contém elementos passíveis de serem relacionados à campanha de José Serra: o ano eleitoral, o número 45 e a repetição da palavra “mais”. Por isso, ela rompeu a fina barreira entre a programação regular da emissora e aquela destinada ao “horário eleitoral gratuito”, invariavelmente anunciado com fado por apresentadores de telejornal.

Agora, quem luta pela democracia no Brasil não pode achar que essa história termina aqui. E nem acreditar que essa batalha foi vencida só porque a peça Globo-Serra foi retirada do ar. O que devemos fazer é avançar. A esquerda, como um todo, deve compreender a importância das disputas simbólicas, entendendo, por exemplo, que toda a programação das emissoras comerciais está repleta de mensagens a serviço do projeto neoliberal: egoísmo, individualismo, racismo, preconceitos, segregacionismo, medo, Estado fraco. O sistema capitalista nunca é questionado – para as corporações de mídia, é como se não existisse outra maneira de organizar a vida.

Esse enfrentamento não pode ocorrer apenas nos períodos eleitorais. A mídia é, hoje, a instituição com maior poder de produzir e reproduzir subjetividades. Ou seja, a mídia é essencial para determinar formas de sentir, pensar, agir e viver tanto de indivíduos quanto de instituições. Se queremos formar uma sociedade democrática, todo o sistema midiático deve ser reformulado. E esta é uma batalha de todos os dias.


*Marcelo Salles é jornalista, colaborador do www.fazendomedia.com e outros veículos de comunicação democráticos.


Fonte Carta Maior

sábado, 24 de abril de 2010

Facções se unem para enfrentar UPPs






Facções se unem para enfrentar UPPs



RIO, 19 de abril de 2010 - Para enfrentar o bem-sucedido projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas favelas do Rio, as duas principais facções criminosas da cidade teriam selado um pacto de não agressão. O acordo aconteceu no último sábado, na Favela da Grota, no Complexo do Alemão, unindo bandidos de pelo menos 45 grandes favelas da Região Metropolitana. No encontro, estiveram presentes os traficantes Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, chefe do Complexo do São Carlos; Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, da Favela da Rocinha; Luciano Martiniano da Silva, o Pezão; e Fabiano Atanásio da Silva, o FB - os dois últimos do Complexo do Alemão.

A notícia da reunião movimentou os bastidores da polícia durante toda segunda-feira. Ao menos três fontes da cúpula da Segurança Pública do Rio, ouvidas pelo GLOBO, confirmaram a informação, demonstrando preocupação, mas garantiram que é prematuro fazer qualquer diagnóstico. Eles informaram que as consequências do acordo só poderão ser dimensionadas em dez dias.

- É preciso observar agora como essas quadrilhas irão se movimentar nas favelas. Temos um feriado pela frente e isso nos preocupa. Evidentemente que vamos ficar atentos - disse um dos policiais da cúpula.

Um delegado garantiu que os policiais do Rio tinham informes que apontavam para um suposto acordo entre as duas maiores facções de traficantes. Há três semanas, uma carta atribuída a uma determinada facção foi recolhida em uma das favelas do Complexo do São Carlos, no Estácio. O texto apelava para uma união das facções para enfrentar as ocupações das UPPs. O documento, sem assinatura, estaria circulando nas favelas da Mineira, da Rocinha, do Alemão e de Vila Cruzeiro.

- Teriam ficados de fora do acordo traficantes da favela Vila Pinheiro, no Complexo da Maré; e do Morro do Dendê, na Ilha do Governador - disse um outro policial.

Fonte O Globo Online

Quem "controla" a mídia?


Quem "controla" a mídia?



Você já ouviu falar em Alexander Lebedev, Alexander Pugachev, Rupert Murdoch, Carlos Slim ou Nuno Rocha dos Santos Vasconcelos? Talvez não, mas eles já “controlam” boa parte da informação e do entretenimento que circulam no planeta e, muito provavelmente, chegam diariamente até você, leitor(a).

Enquanto na América Latina, inclusive no Brasil, a grande mídia continua a “fazer de conta” que as ameaças à liberdade de expressão partem exclusivamente do Estado, em nível global, confirma-se a tendência de concentração da propriedade e controle da mídia por uns poucos mega empresários.

Na verdade, uma das conseqüências da crise internacional que atinge, sobretudo, a mídia impressa, tem sido a compra de títulos tradicionais por investidores – russos, árabes, australianos, latino-americanos, portugueses – cujo compromisso maior é exclusivamente o sucesso de seus negócios. Aparentemente, não há espaço para o interesse público.

Na Europa e nos Estados Unidos
Já aconteceu com os britânicos The Independent e The Evening Standard e com o France-Soir na França. Na Itália, rola uma briga de gigantes no mercado de televisão envolvendo o primeiro ministro e proprietário de mídia Silvio Berlusconi (Mediaset) e o australiano naturalizado americano Ropert Murdoch (Sky Itália). O mesmo acontece no leste europeu. Na Polônia, tanto o Fakt (o diário de maior tiragem), quanto o Polska (300 mil exemplares/dia) são controlados por grupos alemães.

Nos Estados Unidos, a News Corporation de Murdoch avança a passos largos: depois do New York Post, o principal tablóide do país, veio a Fox News, canal de notícias 24h na TV a cabo; o tradicionalíssimo The Wall Street Journal; o estúdio Fox Films e a editora Harper Collins. E o mexicano Carlos Slim é um dos novos acionistas do The New York Times.

E no Brasil?
Entre nós, anunciou-se recentemente que o Ongoing Media Group – apesar do nome, um grupo português – que edita o “Brasil Econômico” desde outubro, comprou o grupo “O Dia”, incluindo o “Meia Hora” e o jornal esportivo “Campeão”. O Ongoing detem 20% do grupo Impressa (português), é acionista da Portugal Telecom e controla o maior operador de TV a cabo de Portugal, o Zon Multimídia.

Aqui sempre tivemos concentração no controle da mídia, até porque , ao contrário do que acontece no resto do mundo, nunca houve preocupação do nosso legislador com a propriedade cruzada dos meios. Historicamente são poucos os grupos que controlam os principais veículos de comunicação, sejam eles impressos ou concessões do serviço público de radio e televisão. Além disso, ainda padecemos do mal histórico do coronelismo eletrônico que vincula a mídia às oligarquias políticas regionais e locais desde pelo menos a metade do século passado.

Desde que a Emenda Constitucional n. 36, de 2002, permitiu a participação de capital estrangeiro nas empresas brasileiras de mídia, investidores globais no campo do informação e do entretenimento, atuam aqui. Considerada a convergência tecnológica, pode-se afirmar que eles, na verdade, chegaram antes, isto é, desde a privatização das telecomunicações.

Apesar da dificuldade de se obter informações confiáveis nesse setor, são conhecidas as ligações do Grupo Abril com a sul-africana Naspers; da NET/Globo com a Telmex (do grupo controlado por Carlos Slim) e da Globo com a News Corporation/Sky.

Tudo indica, portanto, que, aos nossos problemas históricos, se acrescenta mais um, este contemporâneo.

Quem ameaça a liberdade de expressão?
Diante dessa tendência, aparentemente mundial, de onde partiria a verdadeira ameaça à liberdade de expressão?

Em matéria sobre o assunto publicada na revista Carta Capital n. 591 o conhecido professor da New York University, Crispin Miller, afirma em relação ao que vem ocorrendo nos Estados Unidos:

“O grande perigo para a democracia norte-americana não é a virtual morte dos jornais diários. É a concentração de donos da mídia no país. Ironicamente, há 15 anos, se dizia que era prematuro falar em uma crise cívica, com os conglomerados exercendo poder de censura sobre a imensidão de notícias disponíveis no mundo pós-internet (...)”.

Todas estas questões deveriam servir de contrapeso para equilibrar a pauta imposta pela grande mídia brasileira em torno das “ameaças” a liberdade de expressão. Afinal, diante das tendências mundiais, quem, de fato, “controla” a mídia e representa perigo para as liberdades democráticas?


*Venício Lima é Pesquisador Sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília - NEMP - UNB


Fonte Carta Maior


Orientado pelo mestre Odemar Leotti, coloco aqui a íntegra do documentário "Orwell Se Revira No Seu Túmulo" (Orwell Rolls In His Grave). Assista e tire suas conclusões. Mas principalmente: faça algo. Algo para mudar.

Caso demore, copie e cole o link abaixo em seu navegador:

http://video.google.com/videoplay?docid=1883816847371066245#
















sexta-feira, 23 de abril de 2010

Crônica: Botafogo Campeão Carioca de 2010




Crônica: Botafogo Campeão Carioca de 2010




Depois do vice-campeonato nas últimas três edições do Campeonato Carioca, eis que o botafoguense pode soltar o grito de campeão. E contra o mesmo adversário que o venceu em 2007, 2008 e 2009 com erros de arbitragem que o favoreceu.

Nesta segunda, o CANETA abre espaço para um botafoguense expressar o que sentiu depois que Gutemberg de Paula Fonseca apitou o final do jogo de ontem. Este é Igor Mello, estudante de Jornalismo da Uerj (está mais perto do diploma do que este que vos escreve) e dono do Blog "Cena Esportiva".

Resgate, Justiça e Redenção, eis que ressurge o Botafogo!


por Igor Mello



Quando o juiz apitou pela última vez no Campeonato Carioca deste ano senti, muito mais do que a alegria da conquista, os olhos marejados por um enorme alívio. Era a certeza de que uma década inteira de sacrifício, humilhações e decepções havia finalmente sido recompensada. Poucos botafoguenses vão reconhecer, porém – mais do que o estigma do chororô, do tri-vice e das outras gozações – nós nos sentíamos profundamente injustiçados pelos Deuses do Futebol.

E a injustiça atende por 2007. O time que hoje muitos odeiam e tratam como amarelão, perdedor e desequilibrado representou a volta da nossa ambição, a gana pela vitória, a confiança na nossa grandeza. Não havia adversário que aquele time não pudesse vencer, mas quis Sobrenatural de Almeida que nada conquistássemos. É coisa normal na história do Glorioso grandes times não ganharem aquilo que merecem...

Os dois anos que se seguiram confirmaram nossa sina. Mais dois vices, as mesmas coisas se repetindo. O que pintava como o renascimento parecia ter ido por água a baixo. Por isso a enorme desconfiança com este time de 2010.

Primeiro, pelas contratações de pouco impacto – exceção feita ao importantíssimo Loco Abreu. Depois, pela goleada acachapante sofrida frente ao Vasco. Naquele momento, muitos decretaram: “é o fim do Botafogo!”, “vamos cair este ano”, “com esse time não dá”. Mas então veio Joel Santana e tudo mudou.

Não só pelo folclore de motivador, mas por um grande trabalho como técnico de futebol. Joel armou um time consistente, aguerrido, batalhador e, mais importante, confiante. Fez das limitações a nossa força, a ponto de Andrade, técnico do rival, falar depois da eliminação na Taça Guanabara que “eles só cruzaram bolas na área”. O que o técnico rubro-negro não entendeu é que esta era nossa maior arma e, se isso funcionou, foi por competência, não por sorte.

A trajetória deste time foi impressionante. Ganhou no tempo normal todos os jogos decisivos e sempre marcou pelo menos dois gols. Foi o segundo maior pontuador do campeonato, mesmo depois do começo pífio... Cai por terra aí a imagem de um time medroso, um ferrolho que só fazia gols de cabeça. O domínio muitas vezes aparente nesses jogos era consentido por um time sem talento, mas muito inteligente, que chamava o adversário e o neutralizava, minando suas forças como se faz com um boxeador pegador para, só então, aplicar um ou dois golpes definitivos.

Contudo, o jogo final sintetiza tudo que esse grupo é. Ao contrário dos outros clássicos, o Botafogo foi absolutamente soberano em quase toda partida – menos no final do primeiro tempo e os instantes finais do segundo. A equipe fez primorosos primeiros 20 minutos, marcando, tomando a bola, pressionando. Merecia a vitória que não veio no primeiro tempo, talvez por conta de uma recaída nos minutos finais.

De qualquer forma, o time voltou do intervalo mais sereno. Não marcou tão forte, mas soube anular perfeitamente as jogadas rivais, que só ameaçava em lances fortuitos. Ninguém poderia imaginar que Fábio Ferreira ia anular de tal forma o Imperador Adriano. Nem que Fahel conseguiria, com a ajuda providencial do monstro Alessandro, equilibrar as coisas contra um Vagner Love endiabrado. A atuação sobretudo dos mais limitados foi impressionante: Fahel, Fábio Ferreira, Alessandro e Somália marcaram e jogaram como nunca; foram os grandes responsáveis pela vitória.







Grandes, mas não os principais.




O protagonismo no drama dessa decisão foi de Jefferson. Ele, que já havia nos livrado de dois rebaixamentos com suas defesas espetaculares. Ele, que teve sua confiança abalada com as falhas contra o Santa Cruz, na fatídica eliminação da Copa do Brasil. Sua estrela brilhou intensamente e, nos momentos importantes do jogo, já havia realizado grandes defesas. Um apito e todos os alvinegros prenderam a respiração: mais um pênalti marcado pelo fraquíssimo Gutemberg de Paula Fonseca, que tentava a todo custo atrapalhar a decisão. O primeiro contra a meta alvinegra.

Adriano pega a bola, toma distância até a linha da grande área e, com as mãos na cintura em pose imponente, olha para o canto esquerdo do gol alvinegro. Jefferson capta a mensagem, cerra o semblante e voa no momento exato, sem nenhuma dúvida. Bola espalmada com carinho para a linha de fundo! Se não bastasse isso, uma sucessão de intervenções cruciais para garantir a vitória heróica o colocam, sem a pecha do exagero, na galeria de grandes goleiros do Glorioso. E fazem justiça ao melhor goleiro do último Brasileirão, ofuscado pela campanha ruim naquela ocasião.

Esse Botafogo tem duas caras: a raça inabalável do leão argentino Herrera e a frieza de pistoleiro da muralha chamada Jefferson. Muito obrigado aos dois, muito obrigado a Joel, a Loco Abreu e a Caio. Muito obrigado a todos os outros. Hoje o Rio amanhece feliz, ensolarado e alvinegro, como numa poesia de Vinicius de Moraes. É só um palpite, uma sensação e quase um pressentimento, mas acho que esse é o começo de um novo ciclo, muito mais agradável para os quatro milhões de fieis da religião Botafogo.


Que os anjos digam amém!

*FOTOS: André Durão / GLOBOESPORTE.COM


Fonte: Blog Caneta de Chuteira

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