“- Milícia não se combate fazendo operações em favelas, como se faz com o tráfico. É preciso investigação porque a milícia não é um grupo marginal. A milícia está dentro do Estado.”
Rio, 3 fev 2011 - Autor da CPI das Milícias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) disse ao R7 que o número de comunidades controladas por grupos paramilitares pode chegar a 300 atualmente. O político acredita que a venda de drogas em favelas dominadas pela milícia vai ser algo cada vez mais comum.
- Milícia é negócio. Esse discurso contra o tráfico é só para conseguir uma aceitação da sociedade. Na verdade, eles querem dinheiro e certamente vão fazer novos negócios.
Segundo ele, as sucessivas prisões de milicianos nos últimos anos foram importantes porque mudaram a visão que a sociedade tinha desses grupos, mas diz que o combate às milícias ainda é ineficiente, pois a polícia do Rio não tem a cultura da investigação, apenas a da repressão.
- Milícia não se combate fazendo operações em favelas, como se faz com o tráfico. É preciso investigação porque a milícia não é um grupo marginal. A milícia está dentro do Estado.
Para o deputado, é preciso atacar o lado financeiro das milícias, que é o que as sustenta, mas isso não foi feito até agora.
- Algumas autoridades tratavam a milícia como algo bom, como alternativa ao tráfico ou polícia comunitária. Provamos que não era nada disso e a visão das pessoas mudou. O problema é que não se combate a milícia da mesma forma como se combate o varejo da droga.
Número de prisões aumentou 5.000% de 2006 a 2009
Em 2006, apenas cinco milicianos foram presos. No ano seguinte, foram 29 presos. Em 2008, ano da instauração da CPI, esse número subiu para 78. Já em 2009, a polícia do Rio bateu o recorde de prisões de pessoas envolvidas com milícias: 250. O crescimento percentual de 2006 a 2009 foi de 5.000%. Em 2010, o número, que vinha crescendo, caiu em relação ao ano anterior, com 141 prisões. Os números são da Secretaria de Segurança Pública do Rio.
- No final do relatório da CPI, nós elaboramos 58 propostas, mas nenhuma delas saiu do papel até agora. Uma das principais é uma licitação individual para o transporte alternativo. A licitação por cooperativa acaba por autorizar a exploração do setor pela milícia. Outro ponto é a regulamentação do transporte alternativo. Em muitos lugares ele é o único que existe. Assim, ele deixará de ser alternativo.
Entre as principais propostas também estão a tipificação de milícia como crime no código penal e a desmilitarização do Corpo de Bombeiros, que prevê o fim do porte de armas para agentes.
O combate às milícias rendeu ao deputado a reeleição em 2009, como segundo deputado estadual mais votado, com mais de 170 mil votos. Por outro lado, as constantes ameaças de morte o obrigam a andar de carro blindado e cercado por seguranças.
- Caso não fosse reeleito, teria que deixar o país. Perderia toda a estrutura de segurança pessoal e certamente seria morto.
Fonte: R7
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