quarta-feira, 30 de setembro de 2009

JOSÉ ANTONIO TOFFOLI APROVADO PARA O STF. O BRASIL GANHA MAIS UM GARANTISTA , VALENTE E INDEPENDENTE JUIZ.


"Toffoli é a esperança de que o STF terá uma maioria garantista e garantidora. Não existe Direito fundamental sem quem o garanta."

(Paulo da Vida Athos).


O Senado aprovou no início da noite, em votação secreta, a indicação do atual advogado-geral da União, José Antonio Toffoli , para o Supremo Tribunal Federal (STF). Foram 58 votos a favor e 9 contrários.

Antes da votação em plenário, a indicação já tinha sido aprovada pela Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado, também em votação secreta. Na comissão, foram 20 votos a favor e três contrários. A votação ocorreu após cerca quase sete horas de sabatina. A indicação foi feita pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva há duas semanas para ocupar a vaga deixada pelo ministro Carlos Alberto Direito, que morreu no dia 1.º de setembro. Ainda não há data para a posse do novo ministro no STF.

Durante a sabatina, que começou por volta das 11h30m, o advogado-geral da União afirmou que o tempo em que foi advogado para campanhas do PT já não faz mais parte da sua vida. Sobre a falta de diploma de mestrado e doutorado, disse que se deu por opção, porque preferiu a advocacia à vida acadêmica. Afirmou ainda que mantém sua reputação ilibada pois um dos processos que responde na Justiça do Amapá foi anulado e o outro teve a sentença suspensa.

Toffoli admitiu a possibilidade de votar no processo de extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti se for confirmado na vaga. Toffoli esclareceu que não estaria impedido para votar no caso porque não se manifestou como advogado-geral da União no processo. Mas informou que ouvirá os futuros colegas para decidir se participa ou não.

Se votar no processo, Toffoli poderá definir a situação do italiano. O julgamento foi interrompido por um pedido de vista quando o placar contabilizava quatro votos a três pela extradição. Dois ministros ainda não votaram: Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes. O primeiro deverá votar pela permanência de Battisti no Brasil e o segundo, pela extradição. A expectativa é que um eventual voto de Toffoli seja pela permanência do italiano no Brasil.

Nesse caso, haveria empate. A questão pode ser resolvida de duas formas: ou convoca-se um ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para desempatar o julgamento ou adota-se o mesmo procedimento de julgamentos de habeas corpus - que, em caso de empate, o réu é beneficiado. Ou seja: se Toffoli votar no processo, aumentam as chances de Battisti permanecer no Brasil.

No início da sabatina, o advogado declarou que, se for aprovado para o STF, terá compromisso apenas com a Constituição Federal. E que não atuará como advogado do governo, ao contrário do que teme a oposição.

A principal voz de oposição a Toffoli na CCJ foi a do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Após o resultado da votação, ele escreveu no Twitter: "Melhor do que conferir a Toffoli o diploma de notório saber jurídico, seria retirar da Constituição essa exigência ignorada no dia de hoje ".

Durante a sabatina, o tucano disse não reconhecia nele notório saber jurídico e reputação ilibada. Dias ressaltou que Toffoli foi advogado em campanhas do PT e que foi reprovado em duas provas para juiz:

" A trajetória de Vossa Excelência é extremamente ligada ao presidente Lula e ao partido dele. Eu poderia dizer que o PT quer estatizar seu advogado mandando ao Supremo Tribunal Federal " (Alvaro Dias)

- A Constituição estabelece quesitos essenciais para a nomeação ao STF. Notório saber jurídico, ilibada reputação e notoriedade - ressaltou. - Quem deveria ser questionado (sobre a indicação) é o próprio presidente Lula. Não há prova para o STF, temos que nos valer da trajetória do indicado. A trajetória de Vossa Excelência é extremamente ligada ao presidente Lula e ao partido dele. Eu poderia dizer que o PT quer estatizar seu advogado mandando ao Supremo Tribunal Federal - acusou Dias durante a sabatina..

Toffoli rebateu:

- Não nego a minha história, mas já deixei de lado os laços a partir do momento que fui para a Advocacia Geral da União - afirmou Toffoli, ressaltando que nos casos em que houver possível comprometimento poderá se abster.

" O fato de eu ter atuado em ações eleitorais para o presidente da República é algo do passado "

Sobre a suposta falta de notório saber jurídico, Toffoli disse:

- Eu optei pela advocacia. A minha formação profissional se fez na advocacia. A advocacia é uma atividade nobre, honrosa - destacou. - Não fiz uma opção de vida pela acadêmica, fiz na advocacia para poder contribuir para o nosso país, para o nosso povo. - concluiu, destacando que a jurisprudência considera que aprovação em concursos públicos não pode ser tomada com indício de notório saber jurídico.

Toffoli durante a sabatina naCCJ do Senado - Ailton de Freitas

O senador tucano citou ainda reportagem do jornal "Folha de S.Paulo" em que Toffoli aparece como um dos responsáveis pela indicação de um advogado para o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, afastado do cargo devido a denúncias de corrupção e formação de quadrilha. O advogado-geral afirmou que não se lembrava de ter interferido no caso.

Dias aproveitou para afirmar que é recorrente no atual governo se esquivar de questionamentos mais comprometedores. A ministra da Casa Civil, Dilma Rouseff, que, segundo a "Folha", também teria ajudado a escolher o advogado, negou nesta quarta-feira envolvimento no caso e não quis se estender sobre o assunto.


Toffoli diz que nunca ouviu sequer a palavra mensalão

Em resposta ao senador Pedro Simon (PMDB-RS), disse que no período em que atuou como subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil nunca ouviu sequer a palavra mensalão:

- Houve uma comissão parlamentar de inquérito que investigou esse episódio, houve inquérito na polícia, investigação por parte do Ministério Público, denúncia do procurador-geral ao Supremo Tribunal Federal e nunca, em nenhum momento, meu nome foi citado sequer como ilação. Eu desconheço esses fatos, não tenho conhecimento do processo que está tramitando no STF - acrescentou.


Relatório de Dornelles enfatizou títulos

Quem relatou a indicação na Comissão foi o senador Francisco Dornelles (PP-RJ). Em relatório apresentado na semana passada, ele abriu caminho para aprovação do advogado. Num relato biográfico de Toffoli, Dornelles enfatizou condecorações, palestras internacionais e títulos, como o de doutor honoris causa, concedido pela Ordem dos Advogados do Brasil.


Fonte: O Globo.

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