MPF começa a investigar suposto assassinato de Jango
Rio de Janeiro, 21 fev (EFE). O Ministério Público Federal (MPF) começará a investigar amanhã a morte do ex-presidente João Goulart, e as partes litigantes se propõem a expor o caso como mais um dos crimes das ditaduras sul-americanas, segundo familiares de Jango.
A primeira audiência deve acontecer amanhã na Procuradoria Regional da República na 4ª região (sede em Porto Alegre).
"Queremos conscientizar a Procuradoria sobre a importância que tem tudo isto", explicou à Agência Efe o advogado Christopher Goulart, neto de Jango e encarregado de representar a família no processo civil.
"Não se trata apenas de uma investigação sobre a morte do ex-presidente Jango, o que tem uma importância histórica, mas também trata o tema dos direitos humanos nos países da América do Sul", acrescentou Christopher.
Segundo o advogado, a família Goulart acredita que o processo pode levar à denúncia de outros casos de pessoas perseguidas e mortas pelas ditaduras militares sul-americanas nos anos 60, 70 e 80.
Jango ficou no poder de 1961 a 1964, quando foi derrubado pelo golpe militar. Morreu no exílio na Argentina, em 1976, devido a um infarto, segundo a versão oficial.
Sua família e alguns historiadores, porém, suspeitam de que Jango foi envenenado por agentes uruguaios infiltrados, sob o comando dos militares brasileiros.
João Vicente Goulart, filho do ex-presidente, disse à Efe que a morte de seu pai foi "encomendada pelo Governo militar brasileiro em uma operação internacional que teve o apoio das demais ditaduras da região".
João Vicente atribui o assassinato de Jango a "um consórcio, uma cooperativa do crime" organizada pelas ditaduras sul-americanas antes mesmo da famosa Operação Condor.
No final de 2007, a família pediu à Procuradoria Geral uma investigação do suposto assassinato, em meio a um esforço de recuperar a memória histórica do político reformista, visto com maus olhos pelos militares de direita em pleno auge da Guerra Fria.
O filho de Jango também propôs recentemente à Comissão de Direitos Humanos a criação de um acordo entre os países do Mercosul para agilizar a troca de informações sobre assassinatos e desaparecimentos registrados nestes países durante suas ditaduras militares.
Esta semana, a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou a criação de uma comissão para investigar a morte de Jango.
Segundo o deputado estadual Adroaldo Loureiro (PDT/RS), a comissão pretende colaborar com a investigação realizada pelo MPF solicitada pelo Instituto João Goulart, presidido pelo filho do ex-presidente.
"Existe uma forte suspeita de que o ex-presidente não sofreu um infarto, mas foi envenenado", disse na quarta-feira o deputado ao justificar a reabertura das investigações.
Um comentário:
Cara, a alguns dias leio seu blog e...confesso que gostei. Dele como um todo.Me deixou com uma sensação tão familiar que até parece que nos conhecemos. Somos camaradas, afinal!
Vou incluir seu link no meu blog (que faz um estilo mais literário, na verdade)para buscar mais rápido.
Abs
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