segunda-feira, 26 de outubro de 2009

UNIÃO DAS FACÇÕES CRIMINOSAS E A CEGUEIRA PAULISTA



Cegueira hipócrita.



São Paulo e Rio, 26 de outubro de 2009 - O Livro Comandos Vermelhos Do Brasil, de Johanes Vieira, na época em que foi publicado já alertava a quem o lesse: PCC e CV estão unidos faz tempo. O que hoje vemos é fruto da negação hipócrita das autoridades de segurança pública paulista. Cegueira de avestruz.

A disputa de facções, que na última semana provocou pelo menos 46 mortes no Rio por pontos de drogas, chegou a São Paulo. A facção criminosa fluminense Amigos dos Amigos (ADA) montou bases nas ruas e em presídios paulistas. Líderes da organização estão presos em Presidente Prudente e migraram com uma missão: tirar do Primeiro Comando da Capital (PCC) o monopólio da venda de maconha e cocaína no Estado. Os dois grupos travaram tiroteio na região Oeste, mas a polícia nega.

No Rio de Janeiro, a ADA é unida ao Terceiro Comando e, ao mesmo tempo, inimiga do Comando Vermelho (CV). Em São Paulo, o grupo é aliado ao Terceiro Comando da Capital (TCC) e rival do PCC, organização coligada ao CV. Segundo funcionários do sistema prisional paulista, na Penitenciária de Presidente Prudente, integrantes da ADA e do TCC convivem em paz há cinco meses.

Uma carta apreendida em maio deste ano no Centro de Detenção Provisória 2 (CDP) do Belém, na zona leste da capital, dominado por presos do PCC, comprova a ação do grupo fluminense em território paulista. Um trecho da correspondência escrita por um detento diz que os líderes da ADA em São Paulo são os presos Robson, Axel e Alexandre. A mensagem informa que os três batizaram os “afilhados” nos xadrezes 1, 2, 3 e 4 da ala do seguro (isolamento) da unidade.

Outro trecho diz que os líderes da ADA no CDP 2 do Belém tinham dois aparelhos de telefone celular e carregadores. Possuíam fichas de inscrição para os interessados em ingressar na facção e também cópias do estatuto do grupo. Fontes do sistema prisional contaram ao JT que a ADA mantinha, em maio, pelo menos 20 “filiados” no CDP 2 do Belém. Eles conviviam lado a lado com presos do TCC.

Nas conversas com os líderes da ADA, agentes penitenciários apuraram que parte do grupo fluminense, assim que migrou do Rio, se radicou e dominou um ponto de venda de drogas em Osasco, na Grande São Paulo. Os agentes descobriram que a principal meta da ADA é tomar, junto com o TCC, o maior número de pontos de drogas controlados pelo PCC no Estado.

Alguns meses após a apreensão da carta, presos ligados às facções ADA e TCC foram transferidos para a Penitenciária de Presidente Prudente. Na noite de 7 de agosto, integrantes da ADA e do PCC trocaram tiros no bairro Jardim Morada do Sol, naquela cidade. Cinco homens foram presos e dois adolescentes detidos. Com eles foram apreendidos sete armas, munição e um colete à prova de bala.

Os detidos foram levados à Delegacia Participativa de Presidente Prudente. Os acusados tinham passagens por tráfico de drogas, roubos, furtos e homicídios. Segundo a polícia, a guerra entre os dois grupos ocorreu pela disputa por pontos de drogas.

No último dia 17, a ADA mostrou sua “cara” e deu outra demonstração de violência em território paulista. Degmar Rufino, 43 anos, o Cigano, integrante do grupo e foragido da Penitenciária de Presidente Prudente, ateou fogo no escritório de seu advogado, em Ribeirão Preto, no interior. Motivo: o defensor não ganhou na Justiça a progressão do regime fechado ao semiaberto para Cigano.

Segundo a Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Cigano agiu com a mulher, o filho e a nora. Armados, renderam funcionários, atearam fogo no escritório, roubaram R$ 1 mil e corrente de ouro e fugiram numa Hilux. Eles foram presos na Rodovia Anhanguera.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) foi informado na semana passada sobre a existência de integrantes da ADA em presídios paulistas. Promotores de Justiça do Gaeco buscam mais informações sobre a coligação da ADA com o TCC em São Paulo.

Um comentário:

Anônimo disse...

a uniao e a fotificaçao desses grupos nada mais e que mais um reflexo da real situaçao social-economica do brasil...nao tiveram oportunidade e assistencia,e encontraram isso na marginalidade.e mais rentoso buscar fundos pros estadios da copa!

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