Preso na Islândia, Hosmany ramos diz que foi transferido para a "melhor prisão do planeta"
O ex-cirurgião plástico Hosmany Ramos, preso na Islândia desde agosto do ano passado, afirma que o governo brasileiro terá que apresentar "argumentos robustos" caso queira concretizar a extradição que o traria de volta ao país. Nesta sexta-feira (5), a editora que publica seus livros informou que a Suprema Corte islandesa suspendeu a decisão de extraditá-lo ao Brasil.
A Suprema Corte anulou a decisão da ministra da Justiça e da primeira instância, tendo em vista que não levaram em consideração meus argumentos e há uma falha quanto a pena cumprida. Isso significa que não serei extraditado, pelo menos agora. Se o Tarso [Genro, ministro da Justiça] quiser insistir nesse caso, terá que vir com argumentos robustos", disse Hosmany, em entrevista à Folha Online nesta sexta pelo programa Skype.
De acordo com a Geração Editorial, o governo brasileiro informou à Islândia que ele estava preso desde 1996, mas ele argumentou que começou a cumprir parte de suas condenações em 1981. "Primeiro, foi o excesso de pena cumprida: 28 anos. Segundo, mandaram daí uma informação que iniciei minha pena em 1996. Pode? Enfim, o tiro saiu pela culatra", disse.
O ex-cirurgião conta que foi transferido da prisão que chegou a chamar de "hotel quatro estrelas", em que tinha computador, telefone e TV à disposição. Encarcerado em uma prisão de nome Litla-Hrauni, porém, diz agora que está em "um hotel de luxo", onde faz curso de computação e estuda islandês.
"Pedi logo no início e aguardei dois meses para vir para a melhor prisão do planeta. É um hotel de luxo, com suíte e sala de estar. 70% dos guardas são mulheres. Tem apenas 80 presos, comida de restaurante, e salário semanal de 10 mil coroas [R$ 145] para você comprar cigarros ou chocolates. Além de academia de luxo, pátio enorme de recreação e escola."
De acordo com Hosmany, o valor pago por tanta mordomia não sairá do seu bolso. "O melhor é que o Brasil vai pagar por isso, um vez que exigiu que eu ficasse em 'remand custody' [custódia preventiva]. Eu nem queria. No início planejava alugar um estúdio, trabalhar e aguardar. Estou custando aqui 24 mil coroas diárias [R$ 347], só de prisão."
Outro lado
O Ministério da Justiça informou que não houve confirmação da suspensão da extradição de Hosmany Ramos ao Brasil. O secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, consultou a embaixada brasileira em Oslo, na Noruega (que representa o Brasil na Islândia), e disse que a representação não foi informada de qualquer decisão da Justiça, nem extraoficialmente.
Segundo o ministério, o que pode ter ocorrido é uma movimentação da Justiça da Islândia na análise dos documentos enviados para embasar o pedido de extradição, e que, caso haja alguma decisão pela não extradição de Hosmany, o governo brasileiro será o primeiro a ser informado.
A Folha Online procurou a representação da Islândia no Brasil e o Ministério das Relações Exteriores do país nesta sexta-feira, mas ninguém respondeu aos telefonemas.
Prisão
Hosmany atuou como médico durante 12 anos. Nos anos 80, envolveu-se com roubo de carros e joias, tráfico, contrabando e respondeu a acusações de assassinatos --crimes que renderam-lhe condenações de 47 anos de prisão.
Considerado foragido da Justiça brasileira desde janeiro do ano passado, Hosmany Ramos foi preso na Islândia ao tentar entrar no país com o passaporte do irmão. O governo brasileiro pediu sua extradição e informou que o país havia concordado, apesar de não exisitir tratado deste tipo entre os países.
Por ANDRÉ MONTEIRO da Folha Online
Fonte Folha Online
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