Foto: M. Colelho
Caio de Menezes, Jornal do Brasil
RIO DE JANEIRO - Quem sempre admirou as pipas flanando no céu, mas não tem ideia de como empinar um papagaio, poderá desvendar os mistérios dessa arte em breve, na recém-pacificada comunidade do Pavão-Pavãozinho. Orientados pelo empresário Daniel Plá e pela associação de moradores, seis jovens com idades entre 11 e 17 anos vão ensinar uma arte que turistas e moradores da Zona Sul conhecem muito pouco. O pipódromo do Pavão oferecerá ainda aos visitantes uma vista privilegiada do Oceano Atlântico e garantia de segurança.
O projeto, chamado de Pipa na Laje, terá aulas que custarão R$ 15 por hora, com professores individuais. Para participar, o aluno deverá comprar um kit, por R$ 10, composto por pipas e um carretel de linha. Depois de seis sessões, garantem os mestres, qualquer um estará apto a fazer um teste para receber um certificado. A tarefa será cortar a linha de um adversário, sem utilizar o cerol. Os interessados, devem procurar as associações de moradores do morro. No próximo sábado, um grupo de turistas terá sua primeira aula.
– Uma menina da comunidade, estudante de turismo, está percorrendo agências especializadas para cooptar interessados em trazer turistas ao morro para aprender a soltar pipa. Os instrutores, que deverão estar matriculados em alguma escola, receberão noções de inglês, para o trato com os estrangeiros – diz Daniel Plá, um dos criadores do projeto, que conta que o valor pago pelas aulas será igualmente dividido entre os professores e a associação de moradores.
Lucas Soares Ferreira, de 14 anos, um dos instrutores selecionados, afirma que “será muito bom ganhar dinheiro para soltar pipa”.
– Vou fazer o que gosto, e ainda vou poder ajudar minha mãe, chegando junto dentro de casa quando for preciso. Sem falar que vou praticar meu inglês, que já aprendo no colégio – conta ele, aluno da Escola Municipal Castel Nuovo, em Copacabana e filho de um gari e de uma dona-de-casa.
Doralice Santos Ferreira, mãe de Gustavo de Souza Ferreira, outro instrutor, comemorou o fato de seu filho poder ser apresentado a pessoas de outras culturas:
– Sem dúvida, ao ensinar os gringos a soltar pipa, ele também aprenderá muitas coisas. Haverá troca de conhecimento, e ele poderá desenvolver outras qualidades, ter contato com gente diferente é sempre muito proveitoso. Isso tudo, será feito sem que sua rotina seja alterada, já que ele, normalmente, passa mais de sete horas por dia soltando pipa.
“Momento oportuno”
Para o presidente da Associação de Moradores do Morro do Cantagalo, contíguo ao Pavão, Luiz Bezerra do Nascimento, a oportunidade dada aos meninos que serão os instrutores “não poderia vir em melhor hora”.
– Precisamos, cada vez mais, de ações parecidas com essa. Depois da instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), os garotos precisam estar ocupados, ter o que fazer. Quem sabe dando essas aulas, não cresça neles a vontade de serem professores universitários? – especula.
Fonte: JB Online
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