OAB: UPP derruba mito de que quem vive em favela protege traficantes
Por Claudio Motta
RIO, 22 de fevereiro de 2010 - A grande aceitação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) entre moradores de favelas derruba o mito de que as comunidades preferiam bandidos a policiais, segundo o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio, Wadih Damous. Ele cita pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), publicada neste domingo no GLOBO. Nela, 70% dos moradores de comunidades não atendidas por UPPs são favoráveis ao projeto. E 93% dos que vivem em locais pacificados consideram a comunidade muito segura ou segura.
- A grande maioria dos moradores de favela sempre foi vítima dos traficantes, não aliada. Se acobertava essa ou aquela ação criminosa foi mais por medo do que simpatia - disse Wadih.
A pesquisadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Cândido Mendes, Silvia Ramos, diz que em pouco tempo as UPPs conseguiram reverter um ódio mútuo entre policiais e moradores de comunidades.
- É surpreendente que em áreas nas quais há mais de 20 anos os moradores preferiam bandidos à polícia, em poucos meses a UPP está mudando rapidamente as relações. A pesquisa confirma que as UPPs são esta espécie de ovo de Colombo: quando a polícia respeita os moradores, eles respeitam a polícia e gostam dela. A aceitação na classe média não deve ser nada diferente. A UPP produziu uma mudança de expectativa na sociedade - disse Sílvia.
A pesquisadora ressalta que há duas polícias na mesma instituição: a velha, a que mais mata no mundo, cujo policial entra no morro chamando mulheres de vagabundas; e outra, na qual a primeira coisa que o policial faz é respeitar todo mundo.
O modelo de ocupação dos morros, no entanto, não pode ser exclusivamente policial, ressalta o presidente da OAB. A garantia da paz, de acordo com Wadih, deve ser acompanhada da ocupação de cidadania:
" Moradores da favela querem o que qualquer ser humano deseja, cidadania "
- O grande erro da polícia eram as invasões em que exterminavam quem aparecesse pela frente, bandido ou morador, e depois iam embora. Moradores da favela querem o que qualquer ser humano deseja, cidadania. Saúde, educação, saneamento e seus direitos garantidos.
Fonte: O Globo Online
Foto: O Globo Online
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