Rio - Familiares de quatro rapazes mortos em duas operações distintas da Polícia Militar, realizadas na terça-feira, denunciaram que eles foram executados à queima-roupa.
Na porta do Instituto Médico-Legal (IML), na manhã desta quinta, a doméstica Damiana Silva, 50 anos, mãe do auxiliar de contabilidade Ricardo da Silva Brito, 21, contou que o filho e o autônomo Reinaldo Nunes, 25, foram capturados na Favela Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, por homens do 16º BPM (Olaria), levados de Caveirão até o Beco do Sacopã e fuzilados.
No Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, uma ação do Bope resultou na morte do ajudante de pedreiro André Luiz da Silva Lima, 24. Ele buscava a irmã no colégio quando foi baleado. “Ficamos sabendo por vizinhos que ele tinha sido algemado e que ficou uma meia hora com os policiais. Procuramos em várias delegacias, mas nada de encontrá-lo. Fomos a hospitais e duas vezes no IML. Já sem muitas chances de achá-lo, lá pelas 22 horas, fizemos um mutirão na favela e vasculhamos o matagal. Foi quando encontrei meu irmão morto com um tiro no peito”, contou um irmão de André Luiz.
A incursão do Bope tinha objetivo de localizar bandidos que roubaram três pistolas e um fuzil de seguranças da família do governador Sérgio Cabral.
Mãe se revolta
Na ação na Vila Cruzeiro, a Polícia Militar alegou que as mortes foram resultantes de troca de tiros com bandidos. Os moradores, no entanto, dizem que houve arbitrariedade dos policiais. “Todo mundo da favela viu quando eles foram jogados para dentro do Caveirão. Meu filho levou tiros nas costas e no peito. Uma covardia. Ele sempre teve medo que isso acontecesse. Morreu sem direito à defesa, gritando que era trabalhador”, afimou Damiana.
Jardineiro seguia para escola
Na operação da Vila Cruzeiro, o jardineiro Alexandre Correia, 26, foi baleado no pescoço e morreu a caminho do Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Segundo os familiares, o rapaz foi atingido quando seguia para o Ciep Gregório Bezerra, na Penha, onde suas três filhas estudam. Por causa do tiroteio, ele foi ao colégio saber se haveria aulas. A família de Sandro Luiz Roque, 31, que teria morrido após espancamento, não quis dar declarações. A informação da polícia é que ele estava numa laje com um fuzil.
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