Estatística é de quase quatro vezes a mais do que em serviço.
Envolvimento com o crime seria um dos motivos, segundo instituição.
O alto número de policiais militares assassinados durante o período de folga pode indicar também o aumento de PMs envolvidos com ações ilícitas fora da corporação. A observação é feita pelo presidente do Clube de Cabos e Soldados, Jorge Lobão, que está oferecendo uma recompensa de R$ 2 mil por informações que ajudem a prender os assassinos.
Nos últimos cinco anos 152 policiais foram mortos em serviço e 546 durante as folgas. Ou seja, fora do trabalho a estatística de PMs mortos sobe para quase quatro vezes mais. O levantamento foi feito pelo Clube de Cabos e Soldados e confirmado pela Secretária estadual de Segurança.
“Isso não é à toa. É um efeito colateral do próprio comportamento de alguns policiais”, afirma Lobão. “Estamos voltando à época do esquadrão da morte, dos grupos de extermínios, quando havia um acerto de contas entre eles. O problema é que essa represália vale para todos, e muitos policiais, que muitas vezes não tem nada a ver, entram nessa contabilidade trágica. Basta ser PM para morrer. Falta mais controle da conduta do policial”, analisa o tenente reformado, revelando que tem recebido ameaças de morte por sua iniciativa.
“Já ligaram para o meu celular dizendo: ‘Estou oferecendo R$ 10 mil por sua cabeça, seu verme’. Mas isso não me intimida”, diz ele, acrescentando que recusou segurança oferecida pelo estado e preferiu usar a do clube.
'Fim de semana atípico', diz secretário
O número de policiais militares assassinados voltou a chamar a atenção nos últimos dias, principalmente no fim de semana, quando cinco PMs foram mortos num período de 24 horas, aumentando para 14 o total de mortos em 2009. Os dados também são do Clube de Cabos e Soldados e confirmados pela Secretária estadual de Segurança.
Saiba mais
“Evidentemente, não há uma relação direta entre os casos. Dois foram em serviço e os outros em circunstâncias que estão sendo investigadas pela polícia. Precisamos de provas antes de supor qualquer coisa, apenas sabemos que foi um fim de semana atípico se olharmos as estatísticas”, avalia o secretário de segurança Pública, José Mariano Beltrame.
Na semana passada, Beltrame recomendou ao Tribunal de Justiça do Rio a demissão de oito oficiais da PM. Um tenente-coronel, dois tenentes, um major e quatro capitães, de acordo com a secretaria, são suspeitos de fazer serviço de segurança para transporte de drogas da quadrilha do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, além de liberar suspeitos durante operações, participar de roubos a caixas-eletrônicos e negociar uma redução de ações da polícia na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio.
O presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (Amae), tenente Melquisedec Nascimento, também comentou o aumento de mortes de PMs. “Desde 2004, a média é de 10 policiais militares mortos ao mês, número que infelizmente não cai”, lamentou.
Cinco mortos no fim de semana
Um dos PMs mortos nesse fim semana foi o sargento Manoel Coutinho, quando participava de patrulhamento no sábado, na Zona Norte do Rio, e foi baleado. Ele foi enterrado em clima de grande comoção no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste.
Na mesma região, na manhã de domingo, o terceiro sargento Carlos Eduardo Souza Neves foi morto com três tiros. O policial estava em sua moto quando foi abordado, segundo informações do 1º BPM (Estácio), por homens armados na Avenida Paulo de Frontin, nas proximidades do Túnel Rebouças. Os criminosos fugiram sem levar nada da vítima.
No sábado, foram mortos o cabo Antonio Carlos Rodrigues da Silva, em Campo Grande, na Zona Oeste; o cabo André Luiz Mota, em Vassouras, região Sul Fluminense; e o segundo-tenente Roosevelt Vale da Silva, durante um tiroteio em Pilares, no subúrbio, quando uma adolescente grávida também morreu.
Foto de Michel Filho, Ag. O Globo, do funeral do PM Manoel Coutinho que foi morto em serviço
Fonte: G1
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