sábado, 20 de janeiro de 2007

Rito de Amor


CARTA A UMA POETA







Paulo da Vida Athos*






Minhas palavras possuem

um conteúdo quente de saudade.

E a melodia desmaia no escondimento,

nesse recôndito de minhas fábulas poéticas,

nesse silêncio de Deus,

onde te encontro cálida à minha espera.


E, te recebo emocionado,

revivendo as emoções de estar em ti mil vezes,

por segundo,

e te aproximo de minhas folhas amareladas

em busca de inspiração para sobreviver

ao colóquio inerente da alma.


Fico contigo, me perdendo dentro delas,

sentindo seus braços numa pressão carinhosa,

chegando ao coração num rito estranho de amor...


Minha vida é uma saudade diária,

surdinando no tempo os passos que nunca demos juntos,

na realidade que assiste nosso amor ser propagado ao infinito,

no entendimento com Deus.


Fico contentando-me com o limitado,

quando minhas mãos, parecem ser conduzidas por ti,

marulhando dentro do peito, que bate convulsivamente

nas paredes apertadas em nosso mundo e, na minha espera.


E, fantasio tudo muito depressa!


Farto-me da alegria e, te espero,

mesmo que jamais testemunhe teu chegar...


E quando digo que te amo, é com o apetite infinito

de mensagens revelando e levantando do chão,

uma esperança que não acaba nem sacia...


A tua sombra consegue atar meus pensamentos

numa felicidade perambulante, benevolando

a febre de um beijo que jamais trocamos,

dos hábitos que fariam de nós,

amantes felizes perante o amor...


Meus lábios querem abandonar-se num sorriso,

mas os olhos se perdem na saudade simultânea

dos segundos.


Fica comigo uma vontade enorme

de medir teu coração,

nas circunstâncias da vida

e nas razões dos sonhos.


E limitando tudo,

a impossibilidade.


Fica comigo o silêncio obscuro.


Piedoso de minha loucura,

tentando discutir a minha angústia,

o meio-nada, o meu telhado de vida

que ameaça desabar em tua ausência eterna.


E meu cabelo revolto ao vento

que canta alto este amor ardente e,

sonhado.


E fico seguindo caótico as horas de tua chegança.


Cego.

Coração exausto da espera

de toda uma vida.


E quando chegas,

novamente vejo auroras e crepúsculos,

quando sinto teus olhos me limitando a ser

mais uma vez, extasiado.


Quero derramar lamentos culpando-te

pela ânsia...


Louco, afoito, venerar teu rosto

acreditando que vieste dos céus

e que tens nas mãos a chave de todos os meus anseios,

capaz de diminuir distâncias

e transpor galáxias...


E quando me abraças...

mergulho em ti, para a loucura.


E se te coloco inteira,

em minha vida.


Me coloco inteiro,

em tuas mãos...


*(PRAD)


2 comentários:

Ju Schettino disse...

Com certeza é a exata definição de amor que toda a humanidade é capaz de sentir mas que apenas uns poucos são capazes de transpor com tão extraodinárias perfeição e riqueza de detalhes para uma linguagem qualquer que seja.
Fico muito feliz de poder receber textos como esse em meio a tanta tristeza que observa-se diariamente no mundo, um mundo em que muitos parecem não recordar da pureza do amor.

Obrigada.

Paulo da Vida Athos disse...

Juliana, agradeço cada palavra sua. Que o Amor seja presente ao longo de todos os seus dias, noites e madrugadas...

Que ele agradeça por mim.

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