sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

CARTA A UMA POETA










CARTA A UMA POETA








Por Paulo R. de A. David.



Minhas palavras não têm sabor de encontro,
nem se aquietam ao frescor da sombra que nasce
para os que completaram a caminhada.

São inquietas como meus caminhos
e se completam em uma poesia,
mas não se aquietam
nem fazem cessar meu caminhar,
assim como o sol e a lua
que no espaço infinito se completam na eternidade do desencontro.

Não te creio árida, estática, paralisada diante do tempo e da vida;
muito menos creio que tua história te permita quedar assim inerte.

Para os que têm sensibilidade
- e tu a tens!-
a flor da pele não se resseca nunca diante das águas
que jorram eternas do chão da vida!

Sua nascente está oculta entre as brumas de nossa alma
e se derramam, sempre, em nosso coração,
e despertam na aurora de cada dia,
perfumando esperança.

Tu não conheces o que me envolve a alma e que,
como disse um sábio em tempos idos,
tem endereço certo: o chão.

Mas se tenho tua alma cativa a espera de minhas digas
(como a minha a espera das tuas),
seja ela cativa, mas nunca prisioneira!

Jamais coloque tua felicidade no sol ou em uma estrela,
pois terás apenas metade do dia para ser feliz.

Jamais coloque tua felicidade em um outro ser,
pois dele dependerá teu sorriso ou tua lágrima.

Coloque tua felicidade no trono certo: teu interior.
E, que seja este interior arejado, iluminado,
mas ao mesmo tempo: translúcido!

Translúcido a todos!

Terão o acesso à luz emanada
por tua capacidade de amar e de sentir o amor.

Mas não colocarão em risco tua sensibilidade,
terreno em que se enraíza a flor dos sonhos.
Que sintam o perfume... mas que não arranquem a flor.
Tua alma é menina. Menina e... mulher!
E, mais que mulher: poetisa!

Fica fácil assim nosso encontro alado no céu do tempo,
onde nossas almas se encontram em momentos
eternos como elas,
onde se tocam e se acariciam,
onde sentimos o cheiro de nossa pele,
o perfume de nossa boca,
o calor de nosso abraço...
na explosão de uma poesia.

Te encontrarei na esquina do tempo,
que fica no segundo supremo que fronteiriça a madrugada
e os primeiros albores da aurora.

Ou na linha imponderável e imensurável que separa o infinito... do mar.

E minha boca...
Ah!, minha boca!
No silencioso encontro com a tua...

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