sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

CARTA A UM PORTA-VOZ DA ELITE


CARTA A UM PORTA-VOZ DA ELITE



por Paulo da Vida Athos


Senhor Jô Soares.

Conheço-o como o artista que nunca esteve ou irá onde o povo está.

Já o vi aos agrados com aqueles que representam o que de pior existe na vida pública brasileira; de Arthur Virgílio a ACM, passando por Roberto Jefferson a Collor, invadir minha sala através da TV, vomitando em minha casa suas gracinhas não tão engraçadas para a realidade brasileira, assim, na minha lata como se diz. Mas como não sou emocional, esperei que o tempo o ensinasse.

Agora o vejo em uma campanha escancarada para derrubar Lula. Já usou as sua meninas (não tão meninas assim), continua com suas piadas institucionalmente agressivas e humoristicamente pobres, cumprindo as determinações de seu patrão-mor: o capital.

Quando você ataca Lula está atacando o único presidente que, desde a criação da República, veio do ventre do povo e se preocupa com a massa de onde veio, expõe claramente o seu pobre escopo. Lula não é do tipo lacaio ou traidor que se dê ao desfrute de esquecer suas origens por uns dólares a mais. Não se vende. Não vende sua consciência como você o fez se é que algum dia teve uma, em detrimento do Brasil e do povo brasileiro.

O que me espanta é isso: você continua a favor da Pena de Morte. Agora para o povo e para a Democracia.

Tudo na vida tem um por que, mas nunca sabemos o porquê de tudo. E é justamente nisso que me baseio: estou em perene aprendizagem. No espaço impróprio que estou usando, jamais conseguiria responder de forma cabal por que apoio o Presidente Lula, sem correr o risco de ser taxado de sectário.

Começo afirmando ser apaixonado pela Vida e pela Liberdade. Sou um libertário, para arrematar!

Poderia dizer que quando o sol ainda não conhecia o rosto da maioria que o assiste, eu já lutava pela Liberdade (mas idade não quer dizer nada, vez que não conto o tempo pelos dias que vivi e sim pelos fatos vividos, nesse palco onde nossas angústias cirandam com nossas esperanças, então sim, sou um ancião). Mas tentarei resumir em uma frase: confio nele até que me provem que Lula sabia (ou participava) da corrupção histórica que degrada as condições de vida de nosso povo. O nome disso em uma Democracia é principio de presunção da inocência. Ou seja: ninguém pode ser condenado sem o devido processo legal. Isso é base do Estado de Direiro.

Por enquanto, nada provaram. Armaram escândalos comprados, com dossiês comprados ou não, atribuindo ao Presidente ou ao seu partido o ônus desse banditismo político tão típico das elites, que, no passado, até induziu um suspeito "suicídio" de um Presidente da República no Brasil.

Se você fosse mais honesto, denunciaria a Rede Globo, essa puta platinada que de Vênus não tem nada, por todos os danos que, desde a época em que era o diário oficial do golpe de 64, tem imposto ao Brasil e ao povo brasileiro. Você, mais que servir às elites: está se servindo do povo. Espera que ela, a tua patroa, se alimente de sua presa, o povo, e contenta-se com os restos que ela te possa deixar. Como os chacais.

Esse novo passo dado pela elite, através de seu poder de corromper, não dará certo. Não nos convencerá. Nem a mim, nem ao povo brasileiro. Um candidato que está à frente de todas as pesquisas não cometeria uma imbecilidade dessas. Já vi esse filme antes: quando vocês manipularam em favor do Collor para que Lula perdesse na última volta do ponteiro uma eleição que estava ganha. Mas sou gato escaldado, Jô. Eu e o povo.

Creio que a presunção da inocência deve nortear meu olhar ao ser humano. Não condeno sem provas. Na política ou fora dela. E, até aqui, não vi prova irrefutável participação de Lula em qualquer das sujeiras que estão plantando.

Se estou satisfeito até aqui com o que LULA fez como Presidente? Totalmente, não. Mas sei que não fez mais em função da sabotagem das elites que usam chacais como você. Ainda falta muito. Por enquanto fez mais ou menos o que os anteriores fizeram com relação aos benefícios ao sistema financeiro, para ter governabilidade (inclusive saindo da tutela covarde do FMI). Mas pelo menos fez muito mais que os outros fizeram pelo social.

Tem que fazer mais? Sim. Muito mais! E ele o fará, para desagrado seu e de seus patrões.

Creio nisso e no povo brasileiro.

No mais: inadmito GOLPE por odiar ditadura e ditadores! Amo a democracia e continuo vivendo e lutando por ela, independente do que homens e partidos estejam fazendo. Quem é a favor de GOLPE renega o ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. Não é meu caso. De direita ou de esquerda, por amor a Liberdade, odeio ditadura!

Seu papel não será esquecido, Jô. Não me surpreende que agora queira usar esse derradeiro escândalo fabricado pelas elites para derrubar Lula. De você espero qualquer coisa. Para quem o viu defender com risadas de deboche os que ofenderam a instituição que é o Presidente da República, como você o fez, dando gargalhadas no ar pelas atitudes de Arthur Virgílio e ACM Neto (o filho do ACM, o Toninho Malvadeza que sustentava o golpe de 64 como senador biônico) no ato impatriótico que tiveram ao afirmarem que dariam uma surra no Presidente da República, eleito pelo voto direto do povo, direito que tanto defendemos: vindo de você, nada mais surpreende.

Surra no Presidente? Não. Isso é fanfarronice. Os dois têm surrado é a liberdade do povo.

Porém, o que você está fazendo com o de seus patrões, senhor Jô: é muito grave e irresponsável.

Querem surrar a Democracia.

Mas nós não vamos deixar.

Sabe por quê? Por que Lula, somos todos nós!

Paulo da Vida Athos

Rio de Janeiro, 19 de setembro de 2006.

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