quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Não somos xenófobos: Brasil anistia mais de 40.000 estrangeiros irregulares.

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Não somos xenófobos..

Procedentes de 130 nações de todos os continentes, 41.816 estrangeiros em situação irregular no Brasil acabam de conseguir anistia, conforme balanço divulgado hoje pelo Ministério da Justiça. Mais de 40% deles são bolivianos (16.881). Parte deles sobrevivia em condições de mão de obra semiescrava e era alvo de quadrilhas de traficantes. O segundo lugar no ranking ficou com os chineses (5.492), seguidos por peruanos (4.642), paraguaios (4.135) e coreanos (1.129).

O principal destino dos estrangeiros é São Paulo, onde se fixaram 34 mil imigrantes ilegais, ou mais de 80% do total, em busca de oportunidades de trabalho. O segundo Estado mais procurado foi o Rio de Janeiro (2,4 mil), seguido por Paraná (1,5 mil). O Nordeste, sobretudo a zona litorânea do Ceará, Bahia e Pernambuco, também atraiu bom número de imigrantes, principalmente empreendedores do setor turístico, como donos de pousadas, restaurantes e bares.

A anistia - a quarta que o governo concede desde os anos 1980 - foi instituída em julho de 2009 por decreto presidencial. Teve direito ao benefício quem entrou no País, mesmo por meio ilegal, até 1° de fevereiro de 2009. O visto de permanência concedido é provisório e, após dois anos, será convertido em definitivo, podendo se transformar em cidadania plena, se o imigrante o desejar.

O prazo terminou no último dia 30 de dezembro e, como muitos deixaram para fazer o pedido na última hora, a PF distribuiu cerca de 4 mil senhas aos retardatários, que serão atendidos nas próximas semanas. A previsão é que o total chegue a mais de 43 mil, estimou o ministro interino da Justiça, Luiz Paulo Barreto. Antes, a anistia mais recente foi a de 1998, que beneficiou 39 mil pessoas.

Primeiro mundo

Desta vez, surpreendeu as autoridades a quantidade de europeus (2.390) que pediram o benefício, muitos deles vindos de países do chamado primeiro mundo, como Inglaterra, França, Itália e Alemanha. O número de europeus anistiados ficou próximo do total de africanos (2.700), que historicamente ocupavam o topo da imigração.

Em meio à crise que assola a maior economia do mundo, 274 norte-americanos também trocaram seu país pelo Brasil. A lista inclui ainda 186 cubanos, que entraram clandestinamente no Brasil. Apesar da crise aguda que afeta a Argentina há anos, apenas 469 "hermanos" pediram o visto de residência brasileiro.

Todos os anistiados passam agora a gozar dos mesmos direitos civis dos brasileiros, como o de livre circulação, de trabalho e acesso à saúde pública, educação e assistência social. Mas direitos políticos, como votar e ser votado, só poderão ser alcançados se eles optarem pela cidadania definitiva, após dois anos de residência provisória sem cometimento de crime.


Fonte: O Estado de São Paulo online.

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