segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Rio, mais um saldo de guerra em 2009.



Rio, mais um saldo de guerra em 2009.


Tirando as a UPP, Unidade de Polícia Pacificadora que já está sendo implementada em algumas favelas do Rio, e, queira Deus e os políticos não atrapalhem que se estenda para todas as comunidades carentes do Estado, não temos muito a comemorar.

O senhor governador veio a público, no segundo dia de 2010, para alardear que o número de homicídios no Estado do Rio caiu 14,4% de setembro a novembro, em relação ao ano passado, reduzindo a taxa para 36 mortes por cem mil habitantes, a menor dos últimos 30 anos.

Mas são números de guerra.

Ao longo de 2008 foram registrados 5.701 homicídios, 1.134 autos de resistência (são os cadáveres de pessoas que constam como bandidos que reagiram a voz de prisão), e 5.073 pessoas desaparecidas.

Em 2009, de janeiro a novembro, sem contar com os números de dezembro que ainda serão disponibilizados no Instituto de Segurança Pública, foram registrados 5.318 homicídios, 898 autos de resistência, e 4.424 pessoas desaparecidas.

Ou seja, sem computar os “desaparecidos” e os policiais mortos em serviço (22 militares e 7 civis), o saldo macabro é de 6.216 cadáveres.

Não há que se orgulhar um Estado que foi o agente direto de 898 dessas mortes e, indireto, de todas as outras 5.318. Isso só demonstra ausência de política de segurança pública e a ineficácia das políticas de enfrentamento que estão sendo adotadas.

O número oficial de mortos em alegados confrontos com policiais nos últimos 11 anos, em julho de 2009 passava de 10 mil no Estado do Rio de Janeiro. Isso ocorreu pouco mais de 11 anos após a criação dos míticos "autos de resistência" nas estatísticas divulgadas pela Secretaria de Segurança. De janeiro de 1998 a setembro deste ano, último dado disponível, policiais civis e militares mataram 10.216 pessoas no Estado.

Essa política mortal nada mais faz que aumentar o número de cadáveres que estamos produzindo. Sua excelência já foi chamado de “campeão de autos de resistência” e não vejo qualquer mérito nem para sua carreira, nem para a sociedade, ostentar tal título.

Como fruto dessa política mortal, o Brasil ocupa, hoje, o 6º lugar no ranking de países com as maiores taxas de homicídios no mundo. E para maior vergonha, são nossos jovens entre 15 a 24 anos que compõem de 51% das vítimas, segundo dados fornecidos pelo Instituto Latino-Americano das Nações Unidas – INALUD.


Observemos que nesses números não estão computados os cerca nem os 5.701 “desaparecidos” em 2008, nem os 5.318 que “desapareceram” entre janeiro e novembro de 2009.


A bela Baia da Guanabara guarda bom número desses “desaparecimentos”. Toda a cúpula da Segurança Pública do Estado sabe o que, por exemplo, acontece na Ilha do Governador, com os desafetos do “dono” do Complexo do Dendê e da Ilha como um todo, Fernandinho Guarabu.


Guarabu esquarteja seus desafetos e joga para alimentar os peixes.


Mas no Rio tem também favelas que usam “micro-ondas” para desaparecerem com as vítimas do tráfico, como aconteceu com Tim Lopes. Mas esses “desaparecidos” não entram na estatística das mortes, pois podem “aparecer”.


Por seu “feito” Guarabu deu entrevista até para revista norte-americana.


O cidadão fluminense vive a loucura de estar com um pé no Brasil dos anos de chumbo e outro na Palestina.


Sabe que pode desaparecer ou morrer num piscar de olhos...


Enquanto as autoridades celebram o fato de que até novembro de 2009 tivemos, “apenas”, 6.216 cadáveres.



Paulo da Vida Athos


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