sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A milícia no Cristo Redentor.














RIO DE JANEIRO, 8 de janeiro de 2009 - Verão, férias escolares, alta temporada do turismo na cidade, e um problema persiste no Cosme Velho (Zona Sul). O ponto nevrálgico do bairro é o principal acesso ao monumento turístico mais famoso da cidade: o Cristo Redentor. Em frente à estação do trem que leva à estátua, flanelinhas agem livremente, veículos clandestinos circulam impunemente, assim como taxistas autorizados que mandam o taxímetro às favas e cobram valores extorsivos dos turistas. Essas foram algumas das irregularidades observadas pelo JB, em apenas meia hora, período autorizado pelos agentes das irregularidades até decidirem ameaçar o repórter fotográfico Daniel Ramalho. A ordem? “Se continuar tirando foto o bicho vai pegar”.

Nem mesmo a ação da polícia é suficiente para pôr ordem no local. Há três dias, a Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) realizou a Operação Corcovado. Apreendeu veículos clandestinos e fichou os responsáveis, na esperança de que respondam judicialmente pelas ações.

– Realizamos a operação por conta de inúmeras reclamações de turistas que se sentiram lesados com cobranças abusivas praticadas por esses motoristas, além de outros que foram vitimas de acidentes quando eram transportados e não tiveram a quem responsabilizar, uma vez que os condutores se eximiram de responsabilidade devido à ilegalidade do serviço oferecido – disse na última terça-feira o delegado titular da Deat Fernando Vila Pouca de Sousa.

Lucas Rabelo, de 29 anos, morador do Cosme Velho, afirma que a desordem no entorno da Praça São Judas Tadeu é comum.

– Isso é uma zona. Não há infraestrutura alguma para receber os turistas. É um dos lugares mais visitados do Rio de Janeiro, e nada é feito no sentido de melhorar. Não existe estacionamento para ônibus de turismo, e lugares onde possam parar para o desembarque dos passageiros. Nesta época do ano as coisas só pioram. Aumentam os táxis e as vans, além de um sem fim de carros de passeio que transportam turistas, em sua maioria estrangeiros, e estacionam em fila dupla. Um horror – lamentou o designer, no bairro há 25 anos.

A publicitária gaúcha Andréa Varela revoltou-se com o valor cobrado por um dos taxistas – quase quatro vezes superior ao que daria a corrida se fosse marcada pelo taxímetro.

– Um taxista disse que cobraria R$ 70 para me levar até Ipanema, pedi para ir pelo taxímetro, e ele não aceitou – criticou.

Turistas achacados

Nas cercanias da estação do Trem do Corcovado, muitos flanelinhas agem sem qualquer repressão de PMs e guardas municipais que trabalham no local. Quem não aceita pagar, sofre ameças ou ouve desaforos.

– É R$ 15, e tem que pagar agora – esbravejou um garoto que aparentava ter menos de 15 anos a um grupo de turistas paraenses. Diante da negativa do motorista, ele “explicou” as regras:.

– Estou aqui todo dia, eu que sei – avisou, de braços abertos, e em tom de ameaça.

Anderson Barbosa, o achacado, disse que aquela não era a primeira vez que enfrentava o problema.

– Sempre visito o Cristo, e a situação só se repete. Tenho vontade de não pagar, mas fico com medo de que meu carro seja arranhado, ou algo pior. Espero que, até a Copa de 2014, esse tipo de atitude seja erradicada.


Fonte JB.

Foto: Custódio Coimbra - Agência O Globo.

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