O escritor peruano Mario Vargas Llosa dirigiu duras críticas à Organização dos Estados Americanos (OEA), entidade que em sua opinião é "ineficiente, inútil e em alguns momentos até perigosa" devido à sua falta de ação.
Em entrevista concedida ao jornal chileno El Mercurio, o autor afirmou que a OEA "deve passar por uma transformação radical".
- Atualmente não serve, é um órgão que custa dinheiro, ao qual dedicamos recursos, e simplesmente não serve. Além disso, há essa perversa faculdade de tornar inúteis os seus secretários-gerais - disse.
Atualmente, a OEA é encabeçada pelo chileno José Miguel Insulza, secretário-geral da entidade.
Como exemplo da "inutilidade" do órgão multilateral, o peruano mencionou a falta de sucesso na mediação da crise desencadeada em Honduras pelo golpe de Estado que depôs o presidente Manuel Zelaya no dia 28 de junho.
- A OEA nunca apresentou facilidades mínimas. Finalmente, foi o presidente da Costa Rica, Oscar Arias, quem deu uma fórmula mais ou menos sensata - disse.
Falando especificamente sobre o impasse vivido pelo país centro-americano, que já elegeu Porfirio Lobo para ser o novo presidente a partir do dia 27, Llosa ponderou que se trata de uma situação "complexa".
- Há por trás um processo que é o da defesa da democracia contra alguém [Manuel Zelaya] que, internamente, queria destruí-la seguindo o exemplo de [Hugo] Chávez, presidente da Venezuela - opinou.
Ele ressaltou, no entanto, que é "inaceitável" a expulsão do país de um governante eleito de forma legítima, como ocorreu com Zelaya, preso e mandado para a Costa Rica por membros das Forças Armadas no dia 28 de junho.
O autor, que em 1990 concorreu à presidência do Peru e foi derrotado por Alberto Fujimori, ainda se disse contrário à possibilidade de que o mandatário colombiano, Álvaro Uribe, seja reeleito pela segunda vez seguida, o que requer uma mudança na Constituição do país.
- Creio que há um princípio democrático. Uma pessoa não pode mudar as regras do jogo para ser favorecida. Se uma pessoa chega ao poder com determinadas regras, as mudanças podem ser feitas para o futuro - argumentou.
Atualmente, a justiça colombiana analisa um dispositivo aprovado pelo Congresso e que, se for ratificado, convocará um referendo no qual os eleitores dirão se permitem a Uribe disputar o terceiro mandato.
Fonte: ANSA
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