Traficantes e milicianos já convivem em boa vizinhança no Rio
RIO - A conversa de pouco mais de cinco minutos entre um ex-policial militar e um traficante de drogas, na Baixada Fluminense, que você pode ouvir clicando aqui, mostra que, no estado do Rio, a relação tráfico/milícia é mais próxima do que se imagina. Em uma gravação feita pela Polícia Civil, com autorização judicial, em 2007, o criminoso identificado como Jota telefona para o ex-PM após ele executar dois jovens traficantes na comunidade.
" Em 20 anos, traficantes e PMs formaram uma parceria "
Policiais e promotores públicos sabem que o ex-policial lidera a milícia local. Essa espécie de relação de "boa-vizinhança" não é novidade. Em 2006, depois que milicianos tomaram do tráfico a favela da Palmeirinha, em Guadalupe, eles teriam recebido um telefonema do traficante Bruno Loureiro, o Coronel, do Muquiço. Ele queria ajuda da milícia na tomada de uma favela rival: a Fazenda Botafogo.
- Em 20 anos, traficantes e PMs formaram uma parceria. Se antes os maus policiais extorquiam, hoje, eles montaram as suas empresas do crime - afirma o professor da Universidade Federal Rural, o sociólogo José Cláudio Alves, autor do livro "Dos Barões ao Extermínio".
" A gente já tem conhecimento de que traficantes foram recrutados pelos milicianos "
No momento, a Secretaria estadual de Segurança Pública calcula que 102 favelas no estado sejam dominadas pelas chamadas milícias. Na cidade do Rio, seriam 78 comunidades. A presença da milícia foi detectada ainda em municípios como Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Itaguaí, São João de Meriti, São Gonçalo, Cabo Frio e Macaé (leia também: Novo filme e seqüência de livro 'Elite da Tropa' contarão história de milícias ).
- A gente já tem conhecimento de que traficantes foram recrutados pelos milicianos. Essa relação agrava o problema - comenta o deputado estadual Marcelo Freixo, que será o presidente da CPI das Milícias, que será instalada esta semana.
" Ninguém joga pedra em ninguém, mas também não dorme "
O delegado Cláudio Ferraz, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) tem informações, não confirmadas, de que a milícia alugou favelas para traficantes.
Um miliciano dá o tom de como é essa relação entre a milícia e traficantes de drogas no Rio:
- Ninguém joga pedra em ninguém, mas também não dorme. Não há confiança - conta o policial.
Fonte Jornal EXTRA.
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