OAB condena invasão do templo religioso no Catete por fanáticos
RIO - A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) condenou, nesta terça-feira, a invasão do templo Cruz de Oxalá, no Catete. "A OAB repudia quaisquer atos de preconceito religioso ou social", disse o presidente da seccional Rio, Wadih Damous. Quatro jovens da igreja Geração Jesus Cristo quebraram imagens e utensílios e insultaram fiéis na noite de segunda-feira. Damous diz que o ataque "preocupa porque evidencia a intolerância de alguns segmentos religiosos que não respeitam a diferença de crença dos demais".
O presidente da Federação Brasileira de Umbanda, Manoel Alves de Souza, diz que está preparando para enviar às autoridades competentes um relatório sobre programas de rádio e TV que incitam o ódio religioso.
- É preciso ser mais rígido em relação isso. São programas que falam mais sobre o demônio do que sobre Jesus. Eles incitam o ódio, dizendo que as outras religiões são demoníacas. Esses jovens que fizeram essa agressão tem de ser punidos, mas também são vítimas, porque sofreram uma lavagem cerebral.
Bispo evangélico lamenta o ataque
O bispo Sérgio Fernandes, da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra em Copacabana, Zona Sul do Rio, lamentou a atitude dos jovens e disse que o ato demonstra total desconhecimento da palavra de Deus, que prega o amor e o respeito ao próximo.
- Felizmente, no Brasil, as pessoas pensam e crêem de formas diferentes. Isso é o que nós pregamos como igreja. Temos que ter, principalmente, uma visão de equilíbrio e de amor ao próximo. A atitude tão agressiva desses jovens é triste e lamentável e demonstra um total desconhecimento do que Jesus ensinou - disse o líder, que coordena as igrejas da mesma linha na Zona Sul, em Niterói e nas regiões dos Lagos e Serrana.
O bispo não acredita que haja uma retaliação por parte dos freqüentadores do centro religioso.
- Não acredito que haja uma retaliação, até porque os agredidos sabem como dói uma ofensa. Todas as pessoas que têm bom senso e que buscam a Deus, como as que estavam na fila do Centro, por exemplo, têm a consciência de que há preocupações muito maiores do que ter a mesma atitude repugnante daqueles jovens - disparou Fernandes.
O pastor Tupirani, responsável pela Igreja Geração Jesus Cristo, também condenou o ataque. Em entrevista ao site G1 ele disse que ficou surpreso com a atitude dos jovens. Ainda de acordo com ele, a igreja não incentiva qualquer tipo de agressão às outras religiões. O pastor disse também que só vai saber o que aconteceu, de fato, no culto desta terça-feira, à noite.
A Congregação Espírita Umbandista do Rio de Janeiro informou que foi criada uma comissão contra a intolerância religiosa para umbanda e candomblé na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), em 2005, para tratar dos ataques de evangélicos.
- Essa história (ataque de evangélicos contra templos espíritas) é antiga. Começou nas favelas e está descendo para o asfalto. Quando criamos a comissão, há três anos, sabíamos que isso ia acontecer. Tememos que essa prática contra a liberdade de religião absurda vire rotina - disse o assessor da congregação Jorge Mattoso.
Ele afirmou ainda que integrantes da comissão da Alerj têm reunião marcada com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, no próximo dia 12. Ainda de acordo com Mattoso, está prevista uma caminhada em Copacabana, em setembro, pela liberdade religiosa. No entanto, Mattoso teme uma ação violenta de "evangélicos extremistas".
- Nossa pretenção é reunir qualquer tipo de religioso na nossa caminhada, mas tememos que alguns evangélicos radicais estraguem nossa manifestação pacífica - disse.
Sobre a depredação ao centro Cruz de Oxalá, Mattoso é enfático:
- Foi um ato de intolerância religiosa que vai de encontro à proposta deles, que pregam a paz e o amor ao próximo, e rasga o artigo 5º da Constituição, que é sobre a liberdade de expressão.
Fonte O Globo.
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