Rio - A polícia encontrou ontem de manhã um cemitério clandestino com corpos de possíveis vítimas da milícia na localidade da Jaqueira, no bairro Pantanal, em Duque de Caxias. No descampado, havia nove ossadas — todas com marcas de tiros na cabeça —, mas esse número pode chegar a 50. Pela análise preliminar da perícia, alguns corpos estavam enterrados entre dois meses e pouco mais de um ano.
As execuções teriam sido cometidas por milicianos que controlam cinco bairros de Caxias — Centenário, Vila Rosário, Pantanal, Parque Fluminense e Gramacho — e um de Belford Roxo — Bom Pastor. Nessas localidades, o bando cobra taxa de R$ 10 mensais de cada morador, com a desculpa de oferecer segurança.
As vítimas seriam desafetos dos milicianos e são tanto traficantes, assaltantes e estupradores como moradores que não aceitariam os ‘impostos’ exigidos por eles. As investigações apontam para mais de 30 homicídios cometidos pelo quadrilha.
Os policiais da 60ª DP (Campos Elíseos) chegaram ao cemitério após dados fornecidos por Alex da Silva do Nascimento, o Babu, 33 anos. Ele seria o terceiro homem em importância da milícia na região. O acusado, que é investigado por participação em grupo de extermínio e por tentativa de homicídio contra Wenderson da Silva, 18, em 4 de abril, passou informações sobre o terreno onde eram jogados os corpos, mas negou envolvimento com as mortes.
Babu foi preso domingo à noite, em casa, na Vila Operária, Caxias. O delegado Alexandre Ziehe, responsável pelo caso, disse que a quadrilha atua há mais de cinco anos. Dos nove integrantes, dois, conhecidos como Kiko e Jorge Paquera, que foi presidente da Associação de Moradores de Vila Rosário, morreram. “Estamos levantando informações da participação de policiais militares e agentes penitenciários no bando”, afirmou o delegado.
Os corpos encontrados também tinham marcas de facadas. Foi necessária a ajuda de bombeiros e do 15º BPM ( Caxias), que levou cães farejadores ao local. Um bomba para sucção de água também foi usada para facilitar as escavações. O material recolhido foi levado para o IML de Caxias, onde será submetido a exame de DNA. Hoje, os policiais voltam ao terreno para procurar mais ossadas.
Na Favela do Batan, também dominada por milícia, a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE) encontrou indícios de que os milicianos teriam cemitério clandestino dentro do Centro de Instrução de Gericinó, área militar pertencente ao Exército, na Zona Oeste. Há mais um ano policiais da Delegacia de Homicídios da Zona Oeste (DH-Oeste) investigam a existência do cemitério no local.
Fonte O Dia
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